BPI: economia mundial corre risco de recaída na crise
Grupo que reúne os bancos centrais mais importantes do mundo alerta para a dependência do sistema financeiro nos programas de ajuda
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
Basiléia, Suíça - O Banco de Pagamentos Internacionais (BPI) advertiu nesta segunda-feira sobre um risco de "recaída" da economia mundial em um período de crise se os governos não estabelecerem um prazo par seus planos de estímulo conjunturais e de políticas monetárias vantajosas.
"Conjugados com as vulnerabilidades que subsistem no sistema financeiro, os efeitos colaterais dos cuidados intensivos (à economia mundial) aplicados durante um período tão logo podem criar riscos de recaída", enfatizou nesta segunda-feira o PBI em seu informe anual.
Segundo a instituição que reúne os bancos centrais mais importantes do mundo, "os programas de apoio aos mercados e aos estabelecimentos (bancários) criaram uma dependência da qual o sistema financeiro corre o risco de ter dificuldades de se libertar".
O BPI estima, além disso, que a economia mundial também está fragilizada pelos riscos que correm novamente os bancos ameaçados por uma crise do setor imobiliário comercial (depósitos, escritórios), que poderá provocar mais perdas no setor financeiro.
"Pode-se esperar que a exposição (dos bancos) no (setor) imobiliário comercial provoque novas perdas", advertiu o BPI, que celebrou no fim de semana sua assembleia anual em sua sede da Basileia.
Durante uma coletiva de imprensa nesta segunda, o diretor-geral do BPI, Jaime Caruana, apoiou o anúncio da cúpula do G20 de potências industrializadas e emergentes do fim de semana, em Toronto (Canadá), onde foram recomendadas medidas de reativação diferentes para cada país.
"As medidas a tomar em cada país dependerão das circunstâncias que lhe são próprias. A amplitude dos problemas orçamentários e a situação dos sistemas bancários variam segundo as economias. Não existe um remédio universal", estimou Caruana ante a imprensa no final da assembleia-geral do BPI.
Em reação às medidas anunciadas para reduzir os déficits públicos e a dívida soberana, o chefe do BPI enfatizou que "nunca são fáceis de tomar" e saudou "a coragem dos governos que se dedicam a essa tarefa".
Durante a crise financeira em 2008, os Estados decidiram resgatar os bancos com planos de apoio em massa. Também injetaram milhares de milhões de dólares para reativar suas economias afetadas pela recessão.
Mas estas medidas tiveram como resultado uma explosão do déficit público e do endividamento, principalmente na Europa.
Os governos de vários países europeus enfrentam protestos contra seus planos de reforma do sistema de pensões e outras medidas austeridade para reduzir o déficit público, decisões que preocupam os Estados Unidos pela ameaça que representam para a reativação mundial.