Mundo

Bombardeio deixa 25 mortos na Ucrânia antes de cerimônia na Rússia para formalizar anexação

Segundo as autoridades ucranianas, outras 50 ficaram feridas

Ataque em Zaporizhzhia, sul da Ucrânia, matou 25 pessoas (AFP/Divulgação)

Ataque em Zaporizhzhia, sul da Ucrânia, matou 25 pessoas (AFP/Divulgação)

A

AFP

Publicado em 30 de setembro de 2022 às 09h34.

Um bombardeio contra um comboio de veículos civis deixou pelo menos 25 mortos nesta sexta-feira (30) no sul da Ucrânia, poucas horas antes de o governo da Rússia formalizar a anexação de quatro regiões ucranianas.

O presidente russo Vladimir Putin pretende oficializar a anexação das regiões de Donesk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia, ocupadas por suas tropas na Ucrânia, abrindo a porta para o uso de armas nucleares na defesa do território.

Tudo está pronto em Moscou: o Kremlin receberá uma cerimônia para ratificar a anexação, durante a qual Putin fará um "grande discurso", segundo o porta-voz da presidência, Dmitri Peskov.

Pouco antes da cerimônia, Peskov disse que a Rússia ainda precisa "esclarecer" se vai anexar a totalidade das regiões ucranianas de Kherson e Zaporizhzhia ou apenas as partes que ocupa.

As regiões de Donetsk e Luhansk serão anexadas em sua totalidade, depois que Moscou reconheceu a soberania dos regimes separatistas pró-Rússia em fevereiro, pouco antes da ofensiva na Ucrânia.

De acordo com o ISW (Institute for the Study of War), a Rússia controla 72% da região de Zaporizhzhia e 88% de Kherson.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, convocou uma reunião de emergência de seu Conselho de Segurança e voltou a pedir mais armas ocidentais.

O dia começou com um bombardeio contra um comboio de carros civis no limite entre a zona ucraniana e a região ocupada pelas forças russas em Zaporizhzhia, no sul ucraniano, um dos quatro territórios que devem ser incorporados por Moscou.

Ao menos 25 pessoas morreram e 50 ficaram feridas, segundo as autoridades ucranianas.

Os dois lados trocaram acusações sobre a autoria do ataque.

Zelensky chamou a Rússia de "Estado terrorista" e "escória sanguinária" após o ataque.

"Apenas terroristas completos poderiam fazer isso e não deveriam ter espaço no mundo civilizado. Vocês definitivamente responderão por cada vida ucraniana perdida", afirmou.

De acordo com a presidência ucraniana, 16 mísseis S-300 russos caíram na região, armas terra-ar que os russos também utilizam para atacar em terra.

Mapa da Ucrania em que são mostradas as regiões onde moscou e as autoridades locais pró-russas organizaram referendos de anexação a Rússia entre 23 e 27 de setembro.

No local eram observadas duas filas de carros com vidros quebrados e marcas de tiros. Entre os veículos estavam os corpos das vítimas.

"O inimigo executou um ataque com foguete contra um comboio humanitária de civis, pessoas que estavam na fila para seguir até a zona temporariamente ocupada, encontrar parentes, receber ajuda", afirmou no Telegram o governador ucraniano da região, Oleksandr Starukh.

Mas o governo russo acusou as tropas ucranianas de atacar os veículos para impedir que estes civis entrassem na zona ocupada.

"As forças ucranianas atacaram nosso povo, que estava em uma fila", acusou um comandante da ocupação regional, Vladimir Rogov.

Na região vizinha de Kherson, que também deve ser anexada, um funcionário da ocupação russa morreu na quinta-feira à noite em um bombardeio ucraniano, anunciaram as autoridades locais.

"Nunca"

O presidente russo Vladimir Putin

Moscou se preparou para celebrar a anexação. O centro da capital russa tinha grandes restrições ao tráfego e programou um show ao lado do Kremlin.

Na Praça Vermelha foram posicionados cartazes com as palavras: "Donetsk. Luhansk. Zaporizhzhia. Kherson. Rússia!".

As quatro regiões serão oficialmente anexadas após os referendos organizados de 23 a 27 de setembro, votações que foram chamadas de "farsas" por Kiev e seus aliados.

O procedimento é semelhante ao aplicado em 2014 para a anexação da Crimeia, uma península no sul da Ucrânia, que não foi reconhecida pela comunidade internacional.

A incorporação dos territórios foi acelerada depois da contraofensiva das tropas ucranianas, que também levou Putin a mobilizar centenas de milhares de reservistas.

Vários analistas russos afirmaram que após a anexação das regiões, Moscou poderá utilizar armamento nuclear em sua defesa.

Os líderes ocidentais afirmaram que "nunca" reconhecerão as anexações e prometeram mais sanções contra a Rússia.

O Conselho de Segurança da ONU deve se pronunciar sobre uma resolução de condenação aos referendos que, no entanto, não avançará pelo poder de veto da Rússia no organismo.

Avanço em Lyman

Kiev, que receberá um novo pacote de 12 bilhões de dólares aprovado pelo Senado dos Estados Unidos, prossegue com a contraofensiva no leste e sul do país.

Depois de retomar quase toda a região de Kharkiv (nordeste), as tropas ucranianas parecem preparadas para um avanço em Lyman, importante centro ferroviário na região de Donetsk, controlado pela Rússia desde maio.

As forças ucranianas não divulgaram as operações em curso, mas o líder separatista da região de Donetsk, Denis Pushilin, reconheceu que os russos estão "parcialmente cercados" e não têm controle total de duas localidades próximas de Lyman.

No centro do país, uma pessoa morreu e cinco ficaram feridas em um bombardeio russo na região de Dnipropetrovsk que destruiu uma empresa de transporte de ônibus.

Em Donetsk, oito pessoas morreram e 17 ficaram feridas em vários bombardeios, de acordo com a presidência ucraniana.

A Ucrânia já recuperou o controle de toda a cidade de Kupiansk, no nordeste, e expulsou da margem leste do rio Oskil as tropas russas.

Veja também:

UE alcança acordo para conter aumento nas contas de energia

Moeda com rosto de Rei Charles III é apresentada pela primeira vez

Acompanhe tudo sobre:GuerrasRússiaUcrânia

Mais de Mundo

Putin promete mais 'destruição na Ucrânia após ataque contra a Rússia

Novo líder da Síria promete que país não exercerá 'interferência negativa' no Líbano

Argentinos de classe alta voltam a viajar com 'dólar barato' de Milei

Trump ameaça retomar o controle do Canal do Panamá