Berlusconi, vítima da crise e de seus demônios
Após quase duas décadas de poder, sexo e dinheiro, com a crise econômica, o bolo solou para Sílvio Berlusconi
Il cavaliere Berlusconi: para seus pares, “um sujeito relapso e irresponsável” (Giorgio Cosulich/Getty Images)
22 de novembro de 2011, 14h00
Roma - Triunfante quando entrou na política há 17 anos, o fenômeno Silvio Berlusconi, que encarnou o poder, sucesso e dinheiro, tornou-se vítima da crise e de seus próprios demônios, incapaz de fazer os italianos rir e sonharem novamente.
"A cortina se fecha no show de Truman", diz Barbara Spinelli, editora do Repubblica (de esquerda), para quem "o berlusconismo" se resume a "um show que dominava os espíritos", onde "a aparência usurpou a realidade" e que terminou por "consumir o cérebro de seu próprio demiurgo".
Quando chegou na arena política em 1994, criando o partido Forza Italia (Força Itália) nos moldes de uma torcida de futebol, o magnata das comunicações, eterno sorriso nos lábios, convidou os italianos a se identificarem com seu sucesso.
Seu dinheiro e gosto, considerado muitas vezes como vulgar, foram transmitidos pelos três canais de televisão de seu império Mediaset em um grande reality show, com direito a jovens mulheres desnudas invadindo as telas italianas. E isso funcionou.
"O grande paradoxo" do sucesso de Berlusconi, muitas vezes investigado por corrupção e fraudes fiscais, é que ele surgiu das ruínas da operação anti-corrupção "mãos limpas" no início dos anos 1990, analisa a filósofa Roberta de Monticelli.
"Ele disse aos italianos 'para além destes políticos, eu cheguei, estou acima das leis e posso ajudá-los a fazer negócios como eu, assim terão uma fatia do bolo'", explicou à AFP. Mas, com a crise econômica, o bolo solou.
"Isto é o que acontece entre o imaginário e a realidade. O populismo de Berlusconi estava baseado no espetáculo e em promessas de felicidade", afirma Giacomo Marramao. "Quando o apoio do povo não é estruturado em uma história profunda, mas ao contrário, na manipulação dos desejos, quando as promessas não são cumpridas, tudo desaba".
Eleito novamente em 2008, viu sua popularidade desabar nos últimos dias para apenas 22%, enquanto a Itália era atacada pelos seus parceiros internacionais por conta da falta de credibilidade.
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