Berlusconi reconhece derrota em referendo
Segundo os resultados definitivos, entre 94,3% e 96% dos italianos votaram "sim" ao cancelamento das leis que davam sinal verde à energia nuclear
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2011 às 22h50.
Roma - O chefe de governo italiano, Silvio Berlusconi, reconheceu a derrota em "todos os temas" votados nos referendos realizados neste domingo e segunda-feira, com os italianos rejeitando em massa um retorno à energia nuclear, a privatização da água e a imunidade parlamentar do premier.
"Isso (o resultado) demonstra claramente a vontade dos italianos em todos os assuntos", declarou 'Il Cavaliere' em comunicado divulgado por sua assessoria.
Segundo os resultados definitivos para a Itália do ministério do Interior, entre 94,3% e 96% dos italianos votaram "sim" ao cancelamento das leis que davam sinal verde à energia nuclear, à privatização da água e ao chamado Legítimo Impedimento, que permitia ao primeiro-ministro invocar compromissos de governo para não responder a processos penais.
Berlusconi também reconheceu que "a forte participação popular", com uma taxa de 56%, bem superior ao quórum mínimo (50% mais um). "Isto demonstra uma vontade de participação dos cidadãos nas decisões sobre nosso futuro que não pode ser ignorada".
Segundo os dados oficiais, 56% dos italianos compareceram às urnas.
Desde 1995, nenhum referendo popular havia superado o quórum necessário para ser considerado válido.
O governo de direita apostava na indiferença e no tempo bom de primavera, período de recesso, para que o referendo fracassasse, e chegou a aprovar, inclusive, um decreto que suspendia o programa de construção de centrais nucleares durante dois anos para impedir a realização da consulta.
O referendo nuclear foi convocado para derrubar a lei que introduziria a energia atômica, uma das propostas emblemáticas do governo de direita.
A oposição de esquerda incentivou os italianos a comparecer às urnas para tentar impor uma segunda derrota eleitoral ao chefe de governo, após o duro revés sofrido há 15 dias nas eleições municipais.
A votação continua nos colegiados eleitorais estrangeiros, que agregam cerca de 3 milhões de eleitores, contra 47 milhões no país.
"Trata-se de um resultado extraordinário", comentou Pier Luigi Bersani, líder do maior partido da esquerda, o Partido Democrático, que pede a renúncia de Berlusconi e a queda do governo. "Estamos ante um divórcio entre o governo e os italianos", comentou.
Segundo o ex-juiz Antonio Di Pietro, um dos organizadores da consulta, "temos dito 'não' à energia nuclear e temos estabelecido um princípio sagrado: que a lei é igual para todos", declarou ele visivelmente satisfeito ao conhecer os primeiros resultados.
A Itália deu um "adeus definitivo" à energia nuclear, comentou à AFP Stefano Ciafani, diretor científico do movimento ecologista Legambiente.
Após a divulgação do resultado, centenas de pessoas se reuniram espontaneamente em Roma para festejar.
"Hoje ganhou o povo, nem da direita nem da esquerda", gritava o pensionista Giovanni Piocongi, enquanto numerosos jovens dos comitês organizadores dos referendos dançavam e cantavam.
Como primeira consequência, os títulos de várias empresas de energia renovável aumentaram na Bolsa de Milão, em particular o Enel Green Power, com 3%.
Contudo, para o ministro da Defesa, Ignasio la Russa, "o resultado não deve ter repercussões sobre o governo".
Dividido e temendo perder novamente, o Executivo deu liberdade de voto a seus simpatizantes, mas não pôde conter a derrota, sobretudo porque o mundo católico se pronunciou decididamente contra a privatização da água.
Roma - O chefe de governo italiano, Silvio Berlusconi, reconheceu a derrota em "todos os temas" votados nos referendos realizados neste domingo e segunda-feira, com os italianos rejeitando em massa um retorno à energia nuclear, a privatização da água e a imunidade parlamentar do premier.
"Isso (o resultado) demonstra claramente a vontade dos italianos em todos os assuntos", declarou 'Il Cavaliere' em comunicado divulgado por sua assessoria.
Segundo os resultados definitivos para a Itália do ministério do Interior, entre 94,3% e 96% dos italianos votaram "sim" ao cancelamento das leis que davam sinal verde à energia nuclear, à privatização da água e ao chamado Legítimo Impedimento, que permitia ao primeiro-ministro invocar compromissos de governo para não responder a processos penais.
Berlusconi também reconheceu que "a forte participação popular", com uma taxa de 56%, bem superior ao quórum mínimo (50% mais um). "Isto demonstra uma vontade de participação dos cidadãos nas decisões sobre nosso futuro que não pode ser ignorada".
Segundo os dados oficiais, 56% dos italianos compareceram às urnas.
Desde 1995, nenhum referendo popular havia superado o quórum necessário para ser considerado válido.
O governo de direita apostava na indiferença e no tempo bom de primavera, período de recesso, para que o referendo fracassasse, e chegou a aprovar, inclusive, um decreto que suspendia o programa de construção de centrais nucleares durante dois anos para impedir a realização da consulta.
O referendo nuclear foi convocado para derrubar a lei que introduziria a energia atômica, uma das propostas emblemáticas do governo de direita.
A oposição de esquerda incentivou os italianos a comparecer às urnas para tentar impor uma segunda derrota eleitoral ao chefe de governo, após o duro revés sofrido há 15 dias nas eleições municipais.
A votação continua nos colegiados eleitorais estrangeiros, que agregam cerca de 3 milhões de eleitores, contra 47 milhões no país.
"Trata-se de um resultado extraordinário", comentou Pier Luigi Bersani, líder do maior partido da esquerda, o Partido Democrático, que pede a renúncia de Berlusconi e a queda do governo. "Estamos ante um divórcio entre o governo e os italianos", comentou.
Segundo o ex-juiz Antonio Di Pietro, um dos organizadores da consulta, "temos dito 'não' à energia nuclear e temos estabelecido um princípio sagrado: que a lei é igual para todos", declarou ele visivelmente satisfeito ao conhecer os primeiros resultados.
A Itália deu um "adeus definitivo" à energia nuclear, comentou à AFP Stefano Ciafani, diretor científico do movimento ecologista Legambiente.
Após a divulgação do resultado, centenas de pessoas se reuniram espontaneamente em Roma para festejar.
"Hoje ganhou o povo, nem da direita nem da esquerda", gritava o pensionista Giovanni Piocongi, enquanto numerosos jovens dos comitês organizadores dos referendos dançavam e cantavam.
Como primeira consequência, os títulos de várias empresas de energia renovável aumentaram na Bolsa de Milão, em particular o Enel Green Power, com 3%.
Contudo, para o ministro da Defesa, Ignasio la Russa, "o resultado não deve ter repercussões sobre o governo".
Dividido e temendo perder novamente, o Executivo deu liberdade de voto a seus simpatizantes, mas não pôde conter a derrota, sobretudo porque o mundo católico se pronunciou decididamente contra a privatização da água.