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Belém celebra um Natal marcado por medo e violência

Os festejos começaram com a chegada da procissão do patriarca latino e terminarão com a Missa do Galo na Basílica da Natividade


	Natal: Belém se encontra na Cisjordânia ocupada, onde quatro palestinos foram mortos em incidentes com tropas israelenses
 (Mohamad Torokman / Reuters)

Natal: Belém se encontra na Cisjordânia ocupada, onde quatro palestinos foram mortos em incidentes com tropas israelenses (Mohamad Torokman / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 24 de dezembro de 2015 às 13h15.

Os cristãos iniciaram a celebração do Natal em Belém em um contexto de confrontos entre palestinos e israelenses e com a ameaça mundial dos jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI).

Os festejos começaram com a chegada da procissão do patriarca latino e terminarão com a Missa do Galo na Basílica da Natividade, onde Cristo nasceu, segundo a tradição cristã.

A cidade se encontra na Cisjordânia ocupada, onde quatro palestinos foram mortos em incidentes com tropas israelenses (três deles quando tentavam atacar com facas ou avançar com um carro contra membros das forças de segurança).

Em três meses, a atual onda de confrontos em Israel e nos Territórios Palestinos já provocou a morte de 129 palestinos e 19 israelenses, assim como a de um americano e um eritreu, segundo um balanço da AFP.

Esta nova espiral de violência provocou um duro golpe no turismo na Terra Santa, em geral, e em particular em Belém, onde eram raros os peregrinos estrangeiros esperando a chegada do patriarca latino, que inicia sua peregrinação em Jerusalém e deve atravessar o muro de separação construído por Israel.

Entre os que estavam na praça da Manjedoura, centro turístico de Belém normalmente abarrotado nestes dias de festas, Sor Donatella, uma religiosa italiana, afirmou que era importante "estar aqui para reagir e enviar a mensagem de paz de Natal".

Linaras Oceani, uma cristã indonésia que fazia 'selfies' diante da Natividade, afirmou que não estava assustada com as advertências aos turistas.

"Deus está comigo, então tudo vai correr bem", disse esta jovem, com óculos de sol, que se considera "privilegiada, já que nem todo mundo tem a oportunidade de vir aqui".

O patriarca latino de Jerusalém, Fuad Twal, anunciou que a missa de Natal será dedicada neste ano às vítimas do "terrorismo, esta ideologia mortífera, fundada no fanatismo e na intransigência religiosa que estende o terror e a barbárie entre os inocentes".

Em homenagem às vítimas, a maior autoridade católica romana na Terra Santa convidou "cada paróquia a apagar durante cinco minutos as luzes da árvore de Natal, em sinal de solidariedade".

Malditos!

Em vários países, a festa de Natal será ofuscada em parte neste ano devido aos confrontos entre israelenses e palestinos e as atrocidades dos jihadistas.

Na Síria, os cristãos de povos ameaçados pelo EI se preparam para passar um Natal angustiante. Na Somália, país de maioria muçulmana, o governo proibiu as celebrações de Natal e inclusive as de Ano Novo, porque podem gerar ataques dos islamitas shebab.

Na França, onde os atentados de novembro reivindicados pelo EI deixaram 130 mortos, a segurança foi reforçada na entrada das igrejas.

Em referência a "possíveis ameaças contra os ocidentais", as embaixadas de Estados Unidos e Grã-Bretanha em Pequim pediram que seus cidadãos evitem um bairro animado da capital durante as festas. Advertências pouco habituais nesta metrópole.

Em Belém, depois da procissão, o patriarca Twal celebrará a tradicional Missa do Galo, na presença de muitas autoridades religiosas e de representantes políticos palestinos, como o presidente Mahmud Abbas.

Em Roma, o papa Francisco oficiará a Missa do Galo na basílica de São Pedro.

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