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Banco Mundial alerta para freada na redução da pobreza na AL

A progressiva redução da pobreza na região entre 2003 e 2013 se deveu em grande parte ao "boom" dos preços das matérias-primas


	Sede do Banco Mundial: "boom" dos preços das matérias-primas faz a região correr o risco de estagnar se a produtividade não aumentar, diz o banco
 (Win McNamee/Getty Images)

Sede do Banco Mundial: "boom" dos preços das matérias-primas faz a região correr o risco de estagnar se a produtividade não aumentar, diz o banco (Win McNamee/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 3 de junho de 2015 às 16h59.

Washington - A progressiva redução da pobreza na América Latina entre 2003 e 2013, que passou de 41,3% a 24,3% da população, se deveu em grande medida ao "boom" dos preços das matérias-primas, o que faz a região correr o risco de estagnar se a produtividade não aumentar, advertiu o Banco Mundial (BM) nesta quarta-feira.

"Nos últimos anos diminuiu o ímpeto para as conquistas sociais na América Latina e no Caribe", explicou Louise Cord, gerente para a região na prática Global para a Pobreza do BM, durante a apresentação em Washington do relatório "Trabalhar pelo fim da pobreza na América Latina e no Caribe".

Cord ressaltou que, "à medida que o auge das matérias-primas desvaneceu, a importância de redobrar os esforços regionais para promover um crescimento mais inclusivo e reduzir a pobreza se torna mais crítico".

Os números apontam que o ritmo de redução da pobreza na América Latina se desacelerou notavelmente nos últimos anos, passando de 5,7% ao ano no começo do século aos atuais 4,1%.

Segundo os últimos dados do organismo internacional, a pobreza na região - definida por quem vive com menos de US$ 4 por dia - passou de 25,3% em 2012 para 24,3% em 2013; enquanto a pobreza extrema - viver com menos de US$ 2,5 por dia - passou de 12,2% em 2012 para 11,5% em 2013.

Mais da metade da população que vive em situação de pobreza está nos dois maiores países da região: 30,4% no Brasil, e 24,6% no México.

Paralelamente o BM assinalou que também parece desacelerar-se uma das grandes conquistas regionais deste século, a crescente incorporação da população à classe média - aqueles que vivem com entre US$ 10 e US$ 50 por dia, que passou de 21,3% em 2003 a 35% em 2013 .

De fato, existe uma considerável preocupação pelo grupo populacional considerado "vulnerável", aqueles que vivem com entre US$ 4 e US$ 10 ao dia, e que correm o risco de voltar a cair na pobreza.

"40% da população na América Latina está prestes a deixar de ser quase classe média para retornar à pobreza, o que tem enormes implicações para os países de baixas receitas", comentou Eric Farnsworth, vice-presidente do centro de estudos Council of the Americas, que foi anfitrião da apresentação do relatório.

Estas tendências são especialmente chamativas se foram analisadas junto com o sombrio panorama de crescimento econômico no curto prazo.

De acordo com as últimas projeções do BM, a economia latino-americana crescerá 0,8% este ano, após ter se expandido apenas 1,2% em 2014, em seu quinto ano de desaceleração consecutiva.

Os especialistas destacaram se tratar de um ritmo muito abaixo do crescimento registrado previamente. Entre 2004 e 2011 a média anual foi de 4%,com a exceção da contração de 2009, quando explodiu a crise financeira global.

Outro aspecto chave, e sobre o qual o estudo fez especial insistência, é de os lucros se apoiarem em melhoras salariais, mas não em uma incorporação maior ao mercado de trabalho de trabalhadores não qualificados e menos favorecidos.

"Em geral, a taxa de participação laboral para homens e mulheres entre os 40% mais pobres diminuiu 1,6% entre 2003 e 2013, enquanto aumentou 4,4% entre os trabalhadores dos 60% mais ricos", destacou o documento.

Por essa razão, Cord instou os governos latino-americanos a "diminuir os obstáculos que os pobres enfrentam para participar do mercado de trabalho e continuar a melhorar seu acesso a uma educação de qualidade e a setores de maior produtividade". 

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