A presidente do Chile, Michelle Bachelet, durante visita a Guatemala: "Pedi a renúncia a todos os meus ministros. Em 72 horas informarei quem fica e quem vai" (Johan Ordóñez/AFP)
Da Redação
Publicado em 7 de maio de 2015 às 09h20.
Santiago - A presidente do Chile, Michelle Bachelet, anunciou na noite desta quarta-feira que pediu a renúncia de todo o gabinete, e que anunciará as mudanças no ministério em 72 horas.
"Pedi a renúncia a todos os meus ministros. Em 72 horas informarei quem fica e quem vai", disse Bachelet em entrevista ao jornal do Canal 13.
"Este é o momento para fazer uma mudança do gabinete", afirmou Bachelet, 14 meses após ter assumido a presidência do Chile, pela segunda vez, e ainda sob a influência do escândalo envolvendo seu filho Sebastián Dávalos com um caso de especulação imobiliária.
O anúncio ocorreu em meio a uma entrevista com o conhecido apresentador Don Francisco, e Bachelet foi direta ao confirmar o que era esperado há meses para superar a crise política aberta pelos escândalos envolvendo seu filho e o financiamento ilegal de campanhas políticas por parte dos grupos econômicos Penta e Soquimich.
Os dois escândalos provocaram grande desconfiança entre a população e uma brusca queda da popularidade de Bachelet, que agora está em apenas 31%.
Sebastián Dávalos e sua esposa, Natalia Compagnon, são investigados pelo uso de informação privilegiada e tráfico de influência em uma milionária venda de terrenos no sul do Chile.
Além disso, dois dos grupos econômicos mais importantes do país, "Penta" e "Soquimich", estão sendo investigados pelo uso falsos honorários para o financiamento de políticos.
Um dos nomes mais mencionados para sair é o do ministro do Interior e atual chefe de gabinete, Rodrigo Peñailillo, 40 anos.
Considerado como um "filho político" de Bachelet, Peñailillo foi citado no escândalo de financiamento irregular de campanhas políticas e sua gestão da crise é muito criticada.
Na outra ponta está o chanceler Heraldo Muñoz, que questiona no momento a competência da Corte Internacional de Justiça em Haia para tratar da demanda marítima da Bolívia contra o Chile.
Na semana passada, Bachelet anunciou que em setembro iniciará o Processo Constituinte para redigir uma nova Constituição que substitua a Carta herdada da ditadura de Augusto Pinochet, de 1980.
A nova Constituição deverá ser referendada pelo Congresso, onde o governo tem maioria, mas o processo exigirá um alto quórum.
Aprovada em um questionado plebiscito, a Constituição de Pinochet foi emendada em algumas ocasiões nestes últimos 25 anos, mas até o momento não havia qualquer iniciativa para substitui-la.
Ainda na semana passada, Bachelet divulgou uma série de medidas de moralização, incluindo a eliminação das contribuições anônimas e reservadas para as campanhas políticas e as contribuições das empresas.
Até o momento, a lei chilena permitia a contribuição de empresas para campanhas políticas, e de forma reservada.
Bachelet também anunciou que o Estado passará a financiar os partidos políticos, que serão submetidos a controles financeiros mais severos, e que os políticos que cometerem crimes perderão seus mandatos.