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Avião interceptado aumenta tensão entre Síria e Turquia

O governo turco interceptou um avião sob a alegação de que transportava munição russa com destino a Damasco

Avião sírio interceptado pela Turquia aterrissa no aeroporto de Ancara: o governo sírio acusou as autoridades turcas de terem maltratado a tripulação (Adem Altan/AFP)
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Da Redação

Publicado em 11 de outubro de 2012 às 16h12.

Damasco - A Síria acusou nesta quinta-feira a Turquia de comportamento hostil por ter interceptado um avião sob a alegação de que transportava munição russa com destino a Damasco.

As tensões entre a Turquia, majoritariamente sunita e dirigida por um governo islâmico-conservador, e a Síria, governada pela minoria alauita, aumentaram desde o início da revolta contra o regime de Bashar al-Assad, em março de 2011.

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A relação entre os dois países tornou-se insustentável no dia 3 de outubro, quando cinco civis turcos morreram após um disparo sírio e, por fim, com a interceptação da aeronave nesta quinta-feira.

O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que o Airbus transportava "munições" e material militar de um fabricante russo e que tinha como destino final a capital síria.

Uma fonte russa dos serviços de exportação de armas havia afirmado mais cedo à agência Interfax que o avião não transportava "nem armas nem componentes para armamentos".

A Rússia, aliada do regime, tem sido criticada pela venda e entrega de armas à Síria, um de seus principais clientes no setor militar, apesar do agravamento do conflito.

Damasco considerou o incidente como "mais um sinal da política hostil provocado" pela Turquia, que abriga os rebeldes e bombardeia o território sírio.


O governo sírio exigiu a restituição integral do conteúdo do avião, acusando as autoridades turcas de terem maltratado a tripulação, algo que Ancara rejeitou.

Moscou interveio para exigir explicações da Turquia, indicando que o incidente "havia colocado em perigo os passageiros entre os quais havia 17 cidadãos russos.

O chefe do Exército turco já havia ameaçado a Síria com uma "resposta ainda mais forte" caso sejam mantidos os disparos em direção ao território turco, enquanto a Turquia responde a cada disparo sírio contra seu território.

No terreno, os rebeldes conseguiram uma vitória-chave ao tomarem o controle de vários quilômetros da estrada internacional que liga a capital Damasco a Aleppo, palco de uma batalha crucial há três meses. Os insurgentes controlam o trecho na altura da cidade de Maaret al-Nooman.

Em dois dias, os insurgentes conseguiram tomar o controle de oito posições do Exército nesta cidade estratégico, passagem obrigatória para os reforços do Exército em direção a Aleppo, mais ao norte.

Violentos combates estão concentrados nas localidades situadas a leste da cidade, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), com as duas partes querendo a todo custo impedir a progressão do oponente.

"Reforços do Exército mobilizados para ajudar os soldados na região de Maaret al-Nooman não conseguiram avançar. Barreiras foram destruídas pelos rebeldes ao longo da estrada internacional", afirmou à AFP Rami Abdel Rahman, presidente do OSDH.


As forças de Bashar al-Assad mantêm duas bases importantes na periferia leste. "Para tentar reduzir a pressão, a aviação bombardeia incessantemente as posições rebeldes", segundo Abdel Rahman.

Se o Exército continuar sem conseguir enviar reforços para Aleppo, corre o risco de se enfraquecer consideravelmente nesta grande cidade do norte, segundo ele.

No centro do país, os bairros rebeldes de Homs e a cidade insurgente de Qousseir ainda eram alvo de ataques, segundo o OSDH, apesar do anúncio feito pelo Exército há três dias da "limpeza" dos últimos bolsões de resistência.

O Exército decidiu efetuar os ataques finais nessas duas cidades, cercadas há meses, com o objetivo de concentrar suas forças no norte e reconquistar o terreno perdido.

A violência deixou nesta quinta-feira 97 mortos, sendo 37 civis, 36 soldados e 24 rebeldes, segundo o OSDH. De acordo com esta ONG, que se baseia em uma ampla rede de militantes e médicos, mais de 32.000 pessoas morreram na Síria desde o início do levante.

No campo diplomático, o mediador internacional Lakhdar Brahimi iniciou na Arábia Saudita, país muito crítico de Damasco, uma nova viagem regional para tentar encontrar uma saída para o conflito, no dia seguinte à rejeição de Damasco a um cessar-fogo unilateral exigido pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

Segundo uma autoridade saudita, ele deve se reunir na quinta-feira à noite com o vice-ministro das Relações Exteriores, o príncipe Abdul Aziz bin Abdullah, filho do soberano saudita, encarregado da questão síria.

Brahimi já havia ido em uma primeira oportunidade ao Oriente Médio em meados de setembro, principalmente a Damasco, onde se reuniu com o presidente Assad. Ele ainda não conseguiu obter concessão alguma dos sírios.

Em um momento em que o número de refugiados e deslocados não para de aumentar, o coordenador regional da ONU para os refugiados, Panos Mumtzis, advertiu que os meios para estão em queda.

Na fronteira sírio-libanesa, novamente envolvida pelo conflito, pelo menos oito pessoas foram mortas por um "grupo terrorista" que atacou um ônibus vindo do Líbano e que transportava trabalhadores sírios, segundo a televisão oficial síria.

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