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Áustria decide derrubar casa natal de Adolf Hitler

Durante anos, a casa tinha sido alugada pelo Estado austríaco e o município de Braunau para evitar que se transformasse em um santuário neonazista


	Áustria: será impedido de forma permanente que o edifício adquira uma "força simbólica"
 (Dominic Ebenbichler/Reuters)

Áustria: será impedido de forma permanente que o edifício adquira uma "força simbólica" (Dominic Ebenbichler/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2016 às 14h24.

Viena - O governo da Áustria anunciou nesta segunda-feira que derrubará a casa natal do antigo ditador nazista Adolf Hitler (1889-1945) na cidade de Braunau am Inn.

Em entrevista à versão eletrônica do jornal "Die Presse", o ministro do Interior austríaco, Wolfgang Sobotka, informou hoje que a "casa de Hitler será posta abaixo. O porão pode ficar, mas em cima será construído um novo edifício".

"Depois, a casa será entregue ao município (de Braunau) para fins caridosos ou fins oficiais", acrescentou o ministro, que cumpre assim com a recomendação de uma comissão de 13 especialistas que estudou durante meses o que fazer com este edifício.

Em comunicado, Sobotka precisou pouco depois que "compartilha a opinião da comissão segundo a qual seria razoável uma profunda reforma arquitetônica" da casa.

Desta forma, acrescentou o ministro conservador, será impedido de forma permanente que o edifício adquira uma "força simbólica".

Durante anos, a casa tinha sido alugada da proprietária pelo Estado austríaco e o município de Braunau para evitar que se transformasse em um santuário neonazista.

Em julho, o governo austríaco aprovou uma lei para expropriar a casa natal do ditador nazista, um edifício que está sob proteção por ter alicerces do século XVII.

Hitler nasceu e viveu seus primeiros três anos de vida em Braunau am Inn, uma cidade situada junto à fronteira com a Alemanha.

A desapropriação pôs fim a uma longa batalha judicial com a proprietária, que tinha se negado a vender o imóvel ao Estado.

Alguns especialistas criticaram o fato de que com uma possível derrubada, a Áustria perderia a possibilidade de relembrar seu próprio passado nazista.

Sobotka rejeitou hoje estas alegações e destacou que a república alpina "conta com uma cultura da memória que funciona", por exemplo com o antigo campo de concentração de Mauthausen, onde foram assassinadas cerca de 100 mil pessoas.

O ministro acrescentou que a Áustria está construindo duas "Casas da Historia", uma em Viena e outra na cidade de Sankt Pölten, onde se seguirá fomentando o trabalho histórico.

A comissão de analistas estava composta por historiadores, juízes e também era membro Oslar Deutsch, o presidente da comunidade judaica da Áustria, dizimada durante o Holocausto com o assassinato de 65 mil judeus austríacos, enquanto outros 130 mil conseguiram escapar.

Hitler nasceu em 20 de abril de 1889 na rua Salzburger Vorstadt, 15, de Braunau, mas em poucas semanas sua família se mudou para outro endereço dentro da mesma cidade, que finalmente deixou três anos mais tarde.

Em 1938, após a anexação da Áustria pela Alemanha nazista, o edifício foi comprado por Martin Bormann, um estreito colaborador de Hitler, e os nazistas transformaram o local em um "centro cultural".

Depois da guerra, o edifício foi comprado de novo pela família dos proprietários originais, que permitiram a instalação de uma biblioteca.

Mais tarde, os inquilinos da casa foram uma escola, um banco, um instituto técnico e até 2001 um lar para jovens incapacitados.

Desde então, a casa estava vazia e o Estado austríaco e o município de Braunau pagavam à dona 4,7 mil euros mensais de aluguel para evitar um uso não desejado do lugar.

Com a desapropriação decidida por lei em julho, o Estado austríaco precisa indenizar à proprietária. EFE

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