Mundo

Atentados de 2004 em Madri foram aprovados pela Al-Qaeda

Segundo investigador, atentados islamitas de 2004 não foram fruto de uma célula isolada

Vagão destruído pela explosão de uma bomba, na estação ferroviária de Atocha, em Madri, após os atentados de 2004
 (Christophe Simon/AFP)

Vagão destruído pela explosão de uma bomba, na estação ferroviária de Atocha, em Madri, após os atentados de 2004 (Christophe Simon/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2014 às 16h00.

Madri - Os atentados islamitas de 2004 em Madri não foram fruto de uma célula isolada, mas contaram com a aprovação e facilitação da Al-Qaeda, afirmou nesta terça-feira um especialista espanhol que investigou durante anos estes incidentes.

No dia 11 de março de 2004, quatro explosões quase simultâneas em trens das proximidades da capital espanhola deixaram 191 mortos e quase 2.000 feridos, afundando em uma profunda comoção um país que atribuiu os ataques ao seu apoio à invasão do Iraque em março de 2003.

A justiça espanhola condenou 18 pessoas a penas de até 40.000 anos de prisão por seu envolvimento na célula jihadista que realizou o ataque, concluindo que ele foi inspirado, mas não organizado pela Al-Qaeda.

Uma conclusão rebatida agora por Fernando Reinares, investigador sobre terrorismo internacional no Real Instituto Elcano e professor associado de Estudos de Segurança na Universidade americana de Georgetown, em Washington D.C.

Desde 2008, Reinares estudou "documentação oficial que na época não existia, do Reino Unido, da Itália, da Sérvia, da Turquia, do Marrocos, dos Estados Unidos, documentação da própria Al-Qaeda", e se reuniu "com membros dos serviços de segurança e inteligência de diferentes países localizados na França, no Paquistão, na Indonésia, na Líbia", explicou.

Isto "lhe permitiu pela primeira vez constatar documentalmente" que "tanto o processo de tomada de decisões quanto a mobilização terrorista que deu lugar ao 11M foram processos de cima para baixo e que em última instância foi a Al-Qaeda que aprovou e facilitou os atentados", afirmou na apresentação de sua investigação.

Reunida em um livro intitulado "Mate-os! Quem esteve por trás do 11-M e por que se atentou contra a Espanha", que será lançado na quarta-feira, a investigação conclui que "a decisão de atentar na Espanha foi tomada em dezembro de 2001 em Karachi", no Paquistão.

E que foi instigada por Amer Azizi, "membro de destaque de uma célula que a Al-Qaeda estabeleceu na Espanha em 1994", desmantelada em novembro de 2001, e que neste momento "era o número dois no comando de operações externas" da rede de Osama Bin Laden.

Segundo Reinares, "a decisão inicial de atentar na Espanha obedeceu a motivos de vingança" pelo desmantelamento desta célula, embora tenha sido aprovada pela rede islamita no fim de 2003 aproveitando "o contexto da guerra do Iraque".

Acompanhe tudo sobre:Al QaedaAtaques terroristasEspanhaEuropaIslamismoPiigsTerrorismo

Mais de Mundo

Venezuela liberta 10 detidos durante protestos pós-eleições

Zelensky quer que guerra contra Rússia acabe em 2025 por 'meios diplomáticos'

Macron espera que Milei se una a 'consenso internacional' antes da reunião de cúpula do G20

Biden e Xi Jinping se reúnem antes do temido retorno de Trump