Atentado na Somália deixa pelo menos 14 mortos
Entre as vítimas, estão dois jornalistas locais. Esta é a segunda vez em menos de 24 horas que ocorre um atentado em Mogadíscio
Da Redação
Publicado em 20 de setembro de 2012 às 16h45.
Mogadíscio - Pelo menos 14 pessoas morreram e 15 ficaram feridas nesta quinta-feira em um duplo atentado suicida em um restaurante de Mogadíscio, informou o coronel do exército somali Mohammed Dahir.
O militar explicou que, entre as vítimas, estão dois jornalistas locais. Esta é a segunda vez em menos de 24 horas que ocorre um atentado em Mogadíscio, já que os radicais islâmicos do grupo Al Shabab garantiram ter bombardeado o Palácio Presidencial com morteiros ontem à noite.
Os terroristas dessa organização disseram no Twitter que "mais de 10 projéteis caíram no palácio, matando e ferindo mercenários africanos (em referência às tropas da Missão da União Africana na Somália, AMISOM) e de milícias".
Até o momento ninguém declarou a autoria do ataque no restaurante, mas tudo indica que foi o Al Shabab, que apesar de terem deixado a capital em agosto de 2011, continua cometendo atos similares na cidade de forma quase rotineira.
Enquanto isso continua a ofensiva das tropas aliadas da AMISOM, do exército somali, das Forças Armadas etíopes e das milícias pró-governamentais para recuperar o controle da cidade portuária de Kismayo, refúgio dos terroristas do Al Shabab.
Em comunicado a AMISOM afirmou hoje que, após três dias de combates, as suas tropas e o exército somali tomaram a cidade de Janaa Cabdalla, a 50 quilômetros de Kismayo.
"Garantir o controle de Janaa Cabdalla vai permitir que a AMISOM proteja melhor a população civil da região, além de consolidar os avanços territoriais conseguidos até agora", disse no texto o comandante interino da AMISOM, Simon Karanja.
Emmanuel Chirchir, porta-voz do exército do Quênia (integrado a AMISOM) afirmou ontem à imprensa de seu país que a queda da fortaleza dos radicais seria "iminente".
A importância da tomada de Kismayo está em seu porto, que fortaleceu os radicais com o dinheiro gerado pelas exportações e com as armas que chegam por via marítima.
O Parlamento da Somália elegeu no último dia 10 seu novo presidente para os próximos quatro anos, Hassan Sheikh Mohamud, concluindo o processo de transição política no país iniciado em 2004 sob supervisão da ONU, embora a Somália ainda esteja vivendo um conflito armado.
Nele, a AMISOM e seus aliados combatem o Al Shabab, que no último mês de fevereiro anunciou sua união formal à rede terrorista Al Qaeda e que tenta instaurar um Estado muçulmano de caráter wahhabista no país.
A Somália vive um estado de guerra civil e caos desde 1991, quando foi derrubado o ditador Mohammed Siad Barre, deixando o país sem um governo efetivo e nas mãos de milícias islâmicas, senhores da guerra e grupos de delinquentes armados.