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Ataque a hospital da MSF deixou 300 mil sem assistência

"O hospital da MSF era o único para tratamento de trauma funcionando na região", indicou porta-voz do Escritório de Coordenação Humanitária da ONU


	Fachada do hospital do MSF bombardeado: os EUA reconheceram que o ataque ao hospital da MSF, que acabou com a vida de pelo menos 22 pessoas, foi solicitado por seus aliados afegãos
 (Reuters / Stringer)

Fachada do hospital do MSF bombardeado: os EUA reconheceram que o ataque ao hospital da MSF, que acabou com a vida de pelo menos 22 pessoas, foi solicitado por seus aliados afegãos (Reuters / Stringer)

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Da Redação

Publicado em 6 de outubro de 2015 às 10h55.

Genebra - O bombardeio do hospital da Médicos sem Fronteiras (MSF) em Kunduz, no norte do Afeganistão, pelo exército americano deixou a região sem nenhum centro sanitário, e 300 mil pessoas não contam com atendimento médico especializado, denunciou a ONU nesta terça-feira.

"O hospital da MSF era o único hospital para tratamento de trauma funcionando na região. Sem ele, mais de 300 mil pessoas ficaram sem nenhum hospital de referência, sem assistência sanitária", indicou em entrevista coletiva Jens Laerke, porta-voz do Escritório de Coordenação Humanitária da ONU.

Os Estados Unidos reconheceram na segunda-feira que o ataque ao hospital da MSF, que no sábado acabou com a vida de pelo menos 22 pessoas, foi solicitado por seus aliados afegãos que recebiam fogo inimigo.

Laerke explicou que também não há pessoal humanitário presente na cidade ou nos arredores, por isso a ONU desconhece o alcance das necessidades da população que sofre com os intensos combates entre os milicianos talibãs que ocuparam a cidade e as forças regulares afegãs que queriam reconquistá-la.

Oficialmente, o governo afegão retomou o controle de Kunduz ontem, mas Laerke assinalou que há 24 horas ainda havia combates.

"Não sabemos o alcance da assistência que é necessária, estimamos que teremos que assistir com comida, abrigo, atendimento de saúde de emergência, apoio psicossocial, como em qualquer situação pós-conflito".

O porta-voz lembrou que o aeroporto continua fechado e que o acesso por estrada é quase impraticável. Além disso, não há água e eletricidade.

Laerke ressaltou que pelo menos 8.500 pessoas fugiram dos enfrentamentos e se transformaram em deslocados internos que terão que ser assistidos enquanto não retornarem a seus lares.

O porta-voz da ONU em Genebra, Ahmad Fawzi, não conseguiu responder à pergunta se o secretário-geral da Organização, Ban Ki-moon, está formando ou não uma comissão de investigação independente como havia defendido quando condenou o ataque.

Os Estados Unidos anunciaram uma investigação, mas tanto a MSF como a ONU solicitaram uma investigação imparcial e independente.

A MSF denunciou o fato de as autoridades afegãs terem justificado o bombardeio americano a um hospital da ONG por acreditarem que havia talibãs ali, e que isso significa "reconhecer um crime de guerra".

"Uma comissão de investigação é estabelecida quando há um potencial crime de guerra. Ban pediu uma comissão, mas não sei se está sendo criada ou não, se está falando com as partes ou não", sublinhou Fawzi.

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