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"As leis são como as mulheres, existem para ser violadas"

Conselheiro do governo espanhol renuncia após fazer declaração que chocou colegas em reunião oficial

José Manuel Castelao Bragaño presidia conselho que representa migrantes espanhóis no exterior (Andrea Comas/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 6 de outubro de 2012 às 15h26.

São Paulo – A frase do título foi proferida pelo conselheiro do governo espanhol José Manuel Castelao Bragaño que, de acordo com o jornal “El País”, anunciou sua renúncia na última sexta-feira, antes de completar uma semana no cargo que deveria durar quatro anos. A declaração infeliz foi feita na terça-feira, apenas um dia depois de o presidente do Conselho Geral da Cidadania no Exterior – órgão consultivo e assessor do Ministério do Trabalho espanhol – ter tomado posse.

Castelao Bragaño, no entanto, negou que a renúncia tivesse a ver com o comentário quando anunciou sua demissão ao jornal espanhol, alegando motivos pessoais. “Ninguém me pediu a renúncia. Tenho uma situação pessoal que não me permite enfrentar o cargo”, disse por telefone ao jornal o advogado galego de 71 anos, filiado ao Partido Popular (PP).

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De qualquer forma, a frase dita durante reunião do Conselho presidido por ele causou consternação aos presentes e acabou obrigando Castelao Bragaño a pedir desculpas. A reportagem do “El País” explica que, como faltava apenas um voto para formalizar a ata da reunião da comissão de educação e cultura do Conselho, Castelao Bragaño disse:

“Está tudo bem. Há nove votos? Ponham dez. As leis são como as mulheres, existem para serem violadas”, disse Castelao, segundo pessoas presentes à reunião. Tanto em português quanto em espanhol “violar” pode ser sinônimo de “estuprar”, mas esse uso é ainda mais comum na língua espanhola.

Após o ocorrido, diz o jornal, os membros da comissão de Educação e Cultura redigiram um documento - firmado também por outros delegados do Conselho Geral da Cidadania no Exterior – exigindo desculpas públicas a Castelao Bragaño. A carta foi entregue ao diretor geral de Migrações, Aurelio Miras Portugal. Ainda segundo o “El País”, alguns membros do conselho disseram que de fato, após a carta, Castelao pediu desculpas à comissão de Educação e Cultura, mas não explicou claramente por quê.

Por telefone, Castelao Bragaño disse ao jornal que reconhece o ocorrido, mas que foi mal interpretado: “Citei a frase, reconheço, mas no sentido inverso, embora não possa imputar ao outro uma responsabilidade que é minha. Sinto muito. Lamento profundamente o ocorrido. E duplamente: por aqueles que a escutaram, quase todos mulheres, porque lhes gerei dor; e por mim, porque construí um edifício que agora desaba sobre mim”, disse.

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