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Aquarius busca um porto para 141 migrantes após recusas de Itália e Malta

Navio humanitário retomou as operações de auxílio na costa da Líbia na semana passada

Navio humanitário "Aquarius" busca um porto seguro para desembarcar 141 migrantes resgatados no Mediterrâneo (Guglielmo Mangiapane/Reuters)

Navio humanitário "Aquarius" busca um porto seguro para desembarcar 141 migrantes resgatados no Mediterrâneo (Guglielmo Mangiapane/Reuters)

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AFP

Publicado em 14 de agosto de 2018 às 10h12.

Última atualização em 14 de agosto de 2018 às 10h15.

O navio humanitário "Aquarius" busca nesta terça-feira um porto seguro para desembarcar 141 migrantes resgatados no Mediterrâneo, após as recusas de Itália e Malta, dois meses depois de ter sido recebido na Espanha com 630 migrantes a bordo.

O "Aquarius", que retomou as operações de auxílio na costa da Líbia na semana passada, resgatou na sexta-feira 141 migrantes, mais da metade deles menores de idade e um terço mulheres, procedentes em sua maioria da Somália e Eritreia.

Mas, assim como aconteceu em junho, quando o "Aquarius" passou uma semana à procura de um país que permitisse a sua entrada, Malta e Itália - os países mais próximos da embarcação de resgate - fecharam seus portos.

O governo de Portugal se ofereceu para receber parte dos migrantes.

"Portugal está disponível para receber 30 dos 244 migrantes que estão a bordo do 'Aquarius' e de outras embarcações atualmente em Malta", destacou o governo português em um comunicado.

A Espanha, que abriu o porto de Valencia em junho, desta vez afirmou que não é o mais próximo e, portanto, o mais seguro para o desembarque.

A França, cujo silêncio foi muito criticado na odisseia anterior do "Aquarius", afirmou que negocia com outros países do Mediterrâneo para encontrar rapidamente um porto de recepção ao navio fretado pelas ONGs SOS Méditerranée e Médicos Sem Fronteiras (MSF).

Como o navio está atualmente entre Itália e Malta, os portos franceses não são os mais próximos, recordou a presidência francesa, descartando implicitamente a hipótese do "Aquarius" entrar no país.

Na segunda-feira, no entanto, o diretor do porto de Sète, sudeste da França, afirmou que estava disposto areceber o "Aquarius" se "as autoridades francesas permitirem".

"Deve prevalecer a dimensão humanitária, trata-se de salvar vidas", disse o diretor do porto, o ex-ministro comunista Jean-Claude Gayssot.

As autoridades da ilha francesa da Córsega também se ofereceram para receber os 141 migrantes.

A presidente da ONG SOS Méditerranée, Sophie Beau, pediu a "todos os países europeus que assumam suas responsabilidades para encontrar um porto seguro no Mediterrâneo".

"A atual situação está em total contradição com o direito marítimo internacional", denunciou.

Para complicar ainda mais a situação do navio, o governo de Gibraltar anunciou na segunda-feira que vai retirar sua bandeira do "Aquarius" depois de ter pedido que o navio suspenda suas atividades de resgate, pelas quais não está registrado no território britânico, uma decisão que de acordo com a SOS Méditerranée "não tem nenhum fundamento técnico".

O caso do "Aquarius" provocou uma crise diplomática em junho na Europa sobre a questão migratória.

A Itália, que por vários anos solicitou a ajuda da União Europeia para atender as chegadas de migrantes, agora é governada por uma coalizão de extrema-direita que se recusa a receber os navios das ONGs que navegam no Mediterrâneo para socorrer migrantes à deriva.

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