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Após um ano, feridas do massacre em Orlando ainda não cicatrizam

Em 12 de junho de 2016, um homem entrou na boate LGBT Pulse, em Orlando, e matou 49 pessoas

Orlando: familiares prestaram homenagens aos mortos no ataque (Letitia Stein/Reuters)
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EFE

Publicado em 12 de junho de 2017 às 06h52.

Última atualização em 18 de julho de 2018 às 15h24.

Orlando - Os atos em homenagem aos 49 mortos no massacre da boate Pulse, em Orlando (EUA) em 12 de junho de 2016, ainda representa para os familiares das vítimas e sobreviventes uma grande "dor" e reabrir suas feridas, o que fez muitos optarem por deixar a cidade estes dias.

A assistente social Nancy Rosado, policial de Nova York durante 21 anos, aproveita a experiência adquirida após os atentados das Torres Gêmeas, de 11 de setembro de 2001, para estar perto das famílias e vítimas de Orlando e tentar "dar sentido ao que não tem".

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Nancy, que faz parte da comunidade LGBTQ e é porto-riquenha, como boa parte das vítimas daquela noite, explica à Agência Efe que este aniversário é um momento difícil para muitos dos afetados por este fato, que também deixou 58 feridos.

Ela explicou que os últimos dias estão sendo "muito duros" porque após um ano a dor é a mesma e, de fato, com tantas homenagens, a mãe de uma das vítimas chegou a lhe dizer: "É como se quisessem me dar o meu filho em pedacinhos".

"Recuperar-se dos traumas leva tempo, tem que ir devagar", diz Nanci, pois as vítimas veem que as pessoas, a cidade, seguem suas vidas e eles seguem ancorados no temor e na tristeza.

Um exemplo deste "conflito" pode ser Víctor Alberto Báez, que saiu ileso do massacre ocorrido na boate, que naquela noite realizava uma festa latina, mas perdeu duas amigas, Amanda Alvear e Mercedes Flores.

Ainda que ileso, as sequelas psicológicas ainda perduram e não consegue suportar a ideia de estar em Orlando durante estes dias tão emocionantes.

Sua mãe, Iris Febo, comenta que seu filho decidiu sair da cidade após ver os vídeos que a polícia local divulgou no final de maio, com as imagens captadas pelas câmeras dos agentes que intervieram na operação e até a morte do assassino, Omar Mateen.

Nesses vídeos aparece o próprio Báez, que se salvou ao se esconder durante mais de uma hora em um pequeno armazém do local, onde ficou debaixo de uma tábua de madeira e permaneceu totalmente às escuras enquanto ouvia os disparos e os gritos das vítimas.

Por isso, nestes dias toda a família viajou para "muito longe" de Orlando, querendo evitar que o jovem tivesse que reviver os trágicos momentos sofridos há um ano.

Como ele, outros sobreviventes optaram por deixar a cidade, enquanto 29 deles viajaram para Boston (Massachusetts), onde no fim de semana foi realizada a tradicional marcha do Orgulho Gay, que homenageou as vítimas.

Desde o massacre, Báez tentou seguir sua vida do modo mais normal possível e continuou trabalhando e estudando, o que, na opinião de sua mãe, ajudou a "passar este tempo" da melhor maneira possível.

"Foi muito duro. Houve momentos bons, mas outros em que houve recaídas. Se eu as tive, imagine ele?", explica Iris.

A mãe revela que a psicóloga que atende Báez está "impressionada" com memórias tão vívidas que o jovem ainda tem daquelas trágicas horas e que não quis relembrar estes dias em Orlando.

Nancy comenta que, apesar do medo gerado pelo massacre na boate, os mais jovens da comunidade LGBT saem e enchem as casas noturnas, talvez porque sejam mais "corajosos".

Enquanto isso, e após estes 12 meses, os afetados pelo incidente estão mais "tranquilos", vão perdendo o medo e paulatinamente vão deixando de se preocupar com o que está a sua volta.

Uma certa tranquilidade que compartilha a família de Eric Iván Ortiz-Rivera, uma das vítimas do tiroteio, de 36 anos.

Sua irmã Frances explica à Efe que sua mãe está "muito bem e, dentro de um todo, tranquila" e que "encarou todo o processo em paz".

Esse espírito é o que lhe permitiu viajar esta semana de Porto Rico para participar ativamente nos atos em homenagem a seu filho e às outras 48 vítimas inocentes do massacre.

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