Após protestos, Cristina Kirchner esquece autocrítica
''Nós acreditamos em nosso projeto político, (os outros) que se encarreguem de gerar um projeto com base no que a sociedade quer'', ressaltou
Da Redação
Publicado em 9 de novembro de 2012 às 18h19.
Buenos Aires - Enquanto a oposição se limitou a ''tomar nota'' dos protestos maciços contra o governo registrados ontem na Argentina, a presidente Cristina Kirchner esqueceu a autocrítica nesta sexta-feira e ressaltou a falta de um projeto político alternativo ao kirchnerismo.
''O verdadeiro problema é a falta de uma liderança política que represente um modelo alternativo. Disso ninguém pode nos acusar'', disse a governante em seu primeiro discurso após as mobilizações seguidas por centenas de milhares de pessoas em todo o país.
''Não podem nos culpar por essa falta, nós acreditamos em nosso projeto político, (os outros) que se encarreguem de gerar um projeto com base no que a sociedade quer'', ressaltou Cristina em uma declaração centrada em reivindicar as conquistas de sua gestão sem mencionar os protestos da quinta-feira.
Sua única alusão ao dia de ontem em um discurso marcado por seu tom enérgico e isento de qualquer sombra de autocrítica foi para comentar que ''ontem ocorreu algo muito importante, o congresso do Partido Comunista chinês''.
Apenas o ex-chefe de Gabinete e atual senador, Aníbal Fernández, se referiu ao tema para assegurar que os protestos não lhe tiram o sono e que não entende ''para quem vai a mensagem'' dos manifestantes.
Por outro lado, vários dirigentes opositores concordaram com a necessidade de ''tomar nota'' da indignação popular.
''A mensagem do povo foi que quer ser conduzido com uma agenda positiva, que resolva seus problemas, e não com uma agenda que confronte e divida'', disse hoje o prefeito de Buenos Aires, o conservador Mauricio Macri.
''A oposição tem que aprender da manifestação de ontem que, se pretende governar - como é meu caso, que pretendo governar em 2015 -, temos que ter uma agenda próxima, concreta, que as pessoas compreendam'', acrescentou Macri, duramente criticado esta semana por ir a um show de rock no meio de um blecaute que mergulhou em caos a capital, semeada de toneladas de lixo por conta de uma greve.
Também para o socialista Hermes Binner a manifestação teve ''uma direção principal rumo ao governo'', mas envolveu também uma ''reivindicação para a oposição'' e é necessário ''começar a construir uma oposição alternativa'' e ''uma renovação''.
Uma análise compartilhada pelo presidente da União Cívica Radical (UCR), Mario Barletta, porque ''nós que formamos os partidos da oposição temos que apresentar um projeto alternativo''.
Centenas de milhares de pessoas se mobilizaram na quinta-feira em todo o país e inclusive fora da Argentina em protesto pela insegurança, a inflação, a corrupção, as restrições cambiais e contra a possibilidade de uma reforma constitucional para que Cristina possa tentar a reeleição em 2015.
Analistas locais de distintas correntes destacaram também a necessidade de construir uma alternativa na oposição.
Como explicou à Agência Efe Patrício Giusto, da empresa de consultoria Diagnóstico Político, ''houve mensagens muito diversas contra o governo, mas também críticas à oposição por não unir-se, não gerar alternativas claras e referências para toda essa grande massa que está sedenta de lideranças e de uma alternativa''.
Giusto não descartou que o governo anuncie antes de fim de ano ''algum tipo de medida que tranquilize este clima social cuja tensão está em ascensão''.
Para o filósofo kirchnerista, Ricardo Forster, na quinta-feira ficou claro que o setor que discorda do governo ''não tem quem os represente''.
De acordo com José Nun, ex-secretário de Cultura kirchnerista, as mobilizações são muito similares aos protestos de indignados da Europa e dos Estados Unidos e confirmam que o governo ''está perdendo a rua'' e ''faria muito mal em não prestar atenção''.
O próximo desafio de Cristina Kirchner chegará em poucos dias, em 20 de novembro, com a greve geral convocada por sindicatos confrontados com o governo.
Buenos Aires - Enquanto a oposição se limitou a ''tomar nota'' dos protestos maciços contra o governo registrados ontem na Argentina, a presidente Cristina Kirchner esqueceu a autocrítica nesta sexta-feira e ressaltou a falta de um projeto político alternativo ao kirchnerismo.
''O verdadeiro problema é a falta de uma liderança política que represente um modelo alternativo. Disso ninguém pode nos acusar'', disse a governante em seu primeiro discurso após as mobilizações seguidas por centenas de milhares de pessoas em todo o país.
''Não podem nos culpar por essa falta, nós acreditamos em nosso projeto político, (os outros) que se encarreguem de gerar um projeto com base no que a sociedade quer'', ressaltou Cristina em uma declaração centrada em reivindicar as conquistas de sua gestão sem mencionar os protestos da quinta-feira.
Sua única alusão ao dia de ontem em um discurso marcado por seu tom enérgico e isento de qualquer sombra de autocrítica foi para comentar que ''ontem ocorreu algo muito importante, o congresso do Partido Comunista chinês''.
Apenas o ex-chefe de Gabinete e atual senador, Aníbal Fernández, se referiu ao tema para assegurar que os protestos não lhe tiram o sono e que não entende ''para quem vai a mensagem'' dos manifestantes.
Por outro lado, vários dirigentes opositores concordaram com a necessidade de ''tomar nota'' da indignação popular.
''A mensagem do povo foi que quer ser conduzido com uma agenda positiva, que resolva seus problemas, e não com uma agenda que confronte e divida'', disse hoje o prefeito de Buenos Aires, o conservador Mauricio Macri.
''A oposição tem que aprender da manifestação de ontem que, se pretende governar - como é meu caso, que pretendo governar em 2015 -, temos que ter uma agenda próxima, concreta, que as pessoas compreendam'', acrescentou Macri, duramente criticado esta semana por ir a um show de rock no meio de um blecaute que mergulhou em caos a capital, semeada de toneladas de lixo por conta de uma greve.
Também para o socialista Hermes Binner a manifestação teve ''uma direção principal rumo ao governo'', mas envolveu também uma ''reivindicação para a oposição'' e é necessário ''começar a construir uma oposição alternativa'' e ''uma renovação''.
Uma análise compartilhada pelo presidente da União Cívica Radical (UCR), Mario Barletta, porque ''nós que formamos os partidos da oposição temos que apresentar um projeto alternativo''.
Centenas de milhares de pessoas se mobilizaram na quinta-feira em todo o país e inclusive fora da Argentina em protesto pela insegurança, a inflação, a corrupção, as restrições cambiais e contra a possibilidade de uma reforma constitucional para que Cristina possa tentar a reeleição em 2015.
Analistas locais de distintas correntes destacaram também a necessidade de construir uma alternativa na oposição.
Como explicou à Agência Efe Patrício Giusto, da empresa de consultoria Diagnóstico Político, ''houve mensagens muito diversas contra o governo, mas também críticas à oposição por não unir-se, não gerar alternativas claras e referências para toda essa grande massa que está sedenta de lideranças e de uma alternativa''.
Giusto não descartou que o governo anuncie antes de fim de ano ''algum tipo de medida que tranquilize este clima social cuja tensão está em ascensão''.
Para o filósofo kirchnerista, Ricardo Forster, na quinta-feira ficou claro que o setor que discorda do governo ''não tem quem os represente''.
De acordo com José Nun, ex-secretário de Cultura kirchnerista, as mobilizações são muito similares aos protestos de indignados da Europa e dos Estados Unidos e confirmam que o governo ''está perdendo a rua'' e ''faria muito mal em não prestar atenção''.
O próximo desafio de Cristina Kirchner chegará em poucos dias, em 20 de novembro, com a greve geral convocada por sindicatos confrontados com o governo.