Kim, Trump e o acordo: uma nova leva de indefinições deve começar a ser respondida nesta terça-feira (Anthony Wallace/Reuters)
Da Redação
Publicado em 12 de junho de 2018 às 06h59.
Última atualização em 12 de junho de 2018 às 07h59.
O histórico encontro entre o presidente americano, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong Un, foi um sucesso, pelo menos na visão do governo americano. Os dois países se comprometeram a trabalhar para uma desnuclearização total na península coreana. Trump e Kim sentaram lado a lado, sorridentes, para apresentar o documento à imprensa depois de uma série de reuniões entre os líderes e seus representantes, durante toda a terça-feira em Singapura.
Mas o documento, por demais genérico, levantou uma série de dúvidas entre analistas internacionais sobre os próximos passos do processo de desnuclearização. Em entrevista coletiva após o encontro, o próprio presidente Donald Trump afirmou que o encontro foi o início de uma “negociação”.
“A minha vida toda fiz negócios, e meu instinto diz quando as pessoas querem, e quando não querem, fazer negócio. E a Coreia do Norte queria fazer um negócio. Mas só teremos certeza do resultado em breve, com a continuação das conversas”, afirmou. “Mas todos sabem que cientificamente leva muito tempo para uma desnuclearização completa”.
A entrevista de Trump aumentou a gama de indefinições sobre o acordo. O presidente afirmou que manterá as sanções econômicas contra a Coreia do Norte, mas que espera retirá-las “em algum momento”.
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Trump ainda se comprometeu a encerrar desde já os exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul, chamados por ele de “War Games”, duratemente criticados por Kim. Os exercícios nucleares com a Coreia do Sul custam uma enorme quantidade de dinheiro, e nós pagamos a maior parte da fatia. Eram caros e eu não gostava deles.
“Trump havia dito que não daríamos nada a Kim, mas já demos algo que é muito importante para nossa aliança com os sul-coreanos. Eles estão de acordo?”, questionou Josehp Yun, analista internacional da CNN.
Outra questão em aberto diz respeito à desnuclearização “da península”, o que incluiria a Coreia do Sul, país que já teve armas nucleares e cuja população pressionava por novas instalações como resposta às ameaças do norte.
O presidente sul-coreano, Moon Jae-In, afirmou que não havia dormido por ansiedade para a cúpula, e se emocionou vendo o encontro pela TV. Após a declaração de Trump, o governo sul-coreano divulgou um comunicado afirmando que precisa “entender o real significado e as reais intenções” do presidente americano.
Quando questionado sobre por que desta vez o acordo não será mais um pedaço de papel desrespeitado, Trump disse apenas que sua administração é diferente das anteriores.
Passada a comoção, agora é hora, como dizem os americanos, dos “specifics”.