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Após 120 dias, Argentina flexibiliza a quarentena

País que adotou um dos mais rígidos confinamentos do mundo enfrenta aumento de casos do coronavírus

Protesto na Argentina: manifestante participa de ato contra a estatização da exportadora de grãos Vicentín e contra endurecimento de medidas de isolamento contra a covid-19 Buenos Aires,, 20 de junho de 2020. (Agustin Marcarian/Reuters)
CA

Carla Aranha

Publicado em 17 de julho de 2020 às 06h27.

Última atualização em 17 de julho de 2020 às 18h05.

Às vésperas do início da flexibilização das regras da quarentena, programada para este sábado, dia 18, a Argentina registra repentino aumento no número de casos confirmados de coronavírus .

Embora esteja longe de ter um cenário parecido com o do Brasil, o número de infectados na Argentina subiu para mais de 110.000 nos últimos dias, com 4.250 novos casos registrados entre quarta, dia 15, e esta quinta-feira, 16.

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A quarentena na Argentina começou no dia 20 de março e foi renovada sete vezes, completando 120 dias de confinamento. Mesmo assim, as autoridades argentinas ainda discutem como será feita a reabertura, pressionadas por protestos da população. A expectativa é que o comércio reabra e seja permitido correr em parques e ao ar livre.

Segundo o jornal argentino El Clarín, o departamento de saúde da província de Buenos Aires, a maior do país, continua favorável à flexibilização mesmo diante do aumento de casos. Os hospitais estão dando conta de atender os doentes e as UTIs não estão lotadas, informa o jornal.

É uma situação bem diferente da do Brasil, que atingiu o número de 2 milhões de casos da doença, e sistemas de saúde de estaduais, como o do Amazonas e o do Mato Grosso do Sul, chegaram a entrar em colapso. No estado de São Paulo, mais de 400.000 pessoas foram infectadas. Até o fim do mês, o número de casos confirmados deve chegar a 600.000, segundo o governo paulista.

Na Argentina, uma série de medidas, implementadas bem no início da crise do coronavírus, foram essenciais para reduzir a circulação do vírus. Os argentinos só podiam ir à farmácia ou ao supermercado. E mesmo assim tinham permissão de se afastar apenas alguns quarteirões de suas casas.

Até profissionais de atividades essenciais, como médicos e enfermeiros, precisavam apresentar uma autorização do empregador para poder circular pela cidade. Os policiais pediam para ver o certificado. Quem não apresentasse o documento corria o risco de ser preso.

Pesadas multas também foram aplicadas a quem desrespeitasse as normas da quarentena. As penas chegavam a 100.000 pesos, equivalentes a 1.400 dólares. Hoje, o número de casos de coronavírus na Argentina é muito menor do que o de países como Peru (340.000) ou até o vizinho Chile, com população muito menor (320.000).

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