Lisel Heise: aos 100 anos, alemã quer estrear na política (Kai Pfaffenbach/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 15 de abril de 2019 às 13h15.
São Paulo - Uma indignação cotidiana foi suficiente para motivar a ex-professora de Educação Física Lisel Heise a entrar para a política na Alemanha aos cem anos de idade. Ela mora na cidade de Kirchheimboladen, no sudoeste do país. O município tem quase oito mil habitantes.
A idosa decidiu se candidatar a uma vaga no conselho municipal, após lutar pela reabertura da piscina pública. O local foi fechado em 2011. "Eu sei, por experiência própria, como ela é importante tanto para o espírito quanto para o corpo", declarou Lisel para a reportagem da Deutschwelle.
Antes da Segunda Guerra Mundial, o pai de Lisel foi integrante do conselho municipal da cidade. Ele foi preso por quatro semanas depois de criticar a destruição de sinagogas pelo regime nazista.
A alemã espera ser ouvida, depois de anos sendo ignoradas pelas autoridades. Lisel lembra que já teve o microfone tirado da mão dela em reuniões públicas sempre que mencionava o assunto da piscina fechada.
"Tenho tantos ex-alunos e eles sempre têm a mesma queixa. Por que eles estão fechando as piscinas ao ar livre? O mais importante é que as crianças permaneçam saudáveis quando são jovens. Se o corpo não for saudável e funcionar adequadamente, a mente não funciona adequadamente", analisa.
Lisel Heise também tem visões mais amplas da política nacional e mundial. Ela é a favor da União Europeia e apoia os esforços contra as mudanças climáticas.
Sobre a educação, a idosa acredita que as pessoas estão perdendo conteúdo. "Basta ligar a televisão. Durante o dia, só tem blá, blá, blá. As coisas que são realmente interessantes, politicamente interessantes, só passam à noite, quando os trabalhadores estão dormindo. Como resultado, eles não são devidamente informados", afirma a alemã.
Ela foi convidada pelo grupo popular local Wir für Kibo, ou "Nós por Kirchheinboladen", para participar das próximas eleições do conselho municipal. O diretor do movimento, Thomas Bock, espera que a popularidade de Lisel possa ajudar a conquistar mais um assento, superando os 24 lugares que o grupo já tem no conselho.