Analistas acham pouco provável uma guerra entre Arábia e Irã
Se os analistas descartam um conflito direto, os líderes do Golfo apostam em tentativas de desestabilização da parte do Irã
Da Redação
Publicado em 5 de janeiro de 2016 às 13h42.
A instabilidade no Oriente Médio está em franca ascensão, mas o risco de um confronto militar direto entre a Arábia Saudita e o Irã é limitado, afirmam diplomatas e especialistas em Golfo.
"O Irã não vai entrar em guerra com o reino saudita", prevê um diplomata ocidental.
Se os analistas descartam um conflito direto, os líderes do Golfo apostam em tentativas de desestabilização da parte do Irã, com possíveis ataques contra os interesses sauditas e árabes no Oriente Médio.
Haverá mais ataques contra mesquitas xiitas no Iraque, particularmente no Iraque, acrescentam outras fontes.
Por sua parte, o rei Salman, que subiu ao trono saudita há quase um ano e rompeu com as políticas hesitantes do passado, está disposto a "assumir o desafio e lutar, seja qual for o preço" se Teerã decidir continuar a "escalada", afirma Mustafa Alani, especialista em questões de segurança e diretor do Centro de Pesquisas do Golfo.
"Vai ser muito mais cruel" com ações "por procuração", advertiu o diplomata, que "não acredita" em uma guerra frontal entre os dois grandes rivais xiita e sunita do Oriente Médio.
"Este não é o momento para que os iranianos detonem as minas no Golfo", num momento em que espera o levantamento das sanções, na sequência do acordo nuclear de julho, para "começar a exportar seu petróleo", analisa.
A crise entre Riad e Teerã foi desencadeada pela execução no sábado de 47 "terroristas", incluindo o clérigo xiita Nimr al-Nimr, na Arábia Saudita.
Os ataques de represália contra as missões diplomáticas da Arábia Saudita no Irã fizeram com que os sauditas e outros cinco países rompessem suas relações diplomáticas com a República Islâmica, que "lamentou" os ataques.
As relações entre Riad e Teerã são tensas desde a revolução islâmica de 1979 no Irã.
Os dois países nunca entraram em guerra, mas já romperam suas relações de 1987 a 1991, depois de confrontos sangrentos entre peregrinos iranianos e as forças sauditas durante a peregrinação a Meca, em 1987.
O conflito que começou em 2011 na Síria foi um fator importante na deterioração das relações entre Teerã e Riad.
"Nenhum compromisso"
Os especialistas entrevistados concordam que a atual escalada terá impacto, pelo menos, sobre os conflitos na Síria, mas também no Iêmen, onde as duas potências têm interesses conflitantes.
A crise deve afetar os esforços feitos sob a pressão das grandes potências para que as negociações resultem em acordos políticos.
Para tentar salvar o processo, o mediador da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, chegou a Riad na segunda-feira à noite e, em seguida, viajará para Teerã e Damasco, enquanto que para o mediador para o Iêmen, Ismail Ould Cheikh Ahmed, deve visitar a Arábia Saudita na quarta-feira.
O embaixador saudita na ONU, Abdullah al-Muallimi, declarou que o rompimento de relações com o Irã não impediria os sauditas de "continuar a trabalhar duro para apoiar os esforços de paz na Síria e no Iêmen", e garantiu que seu país iria participar nas discussões de paz sobre a Síria programadas, em princípio, para 25 de janeiro, em Genebra.
Segundo o especialista Mustafa Alani, os sauditas "não pretendem alimentar a escalada" com os iranianos.
Mas haverá "nenhum compromisso" e vão "endurecer sua atitude" em relação à Síria, Iraque, Líbano e Iêmen para combater o que eles veem como uma "política agressiva" por parte do Irã.
Os líderes sauditas anteriores "adiaram por um longo tempo" a resistência ao "desafio iraniano" no mundo árabe, "fechando os olhos" para as ações de Teerã, e seus sucessores acreditam que "é hora de enfrentar o desafio em todos os lugares", afirma Alani.
Ao executar Nimr Baqer al-Nimr, o reino saudita agradou o clero conservador wahhabita, mas assumiu o risco de provocar a minoria xiita, que está concentrada na Província Oriental, rica em petróleo, dizem os especialistas.
"O apoio do Irã ao xeque Nimr será bem visto por muitos xiitas (no mundo muçulmano), mesmo aqueles que não concordam com o regime iraniano, porque eles não veem ninguém falar em seu favor", acredita Jane Kinninmont, do Chatham House, em Londres.
A instabilidade no Oriente Médio está em franca ascensão, mas o risco de um confronto militar direto entre a Arábia Saudita e o Irã é limitado, afirmam diplomatas e especialistas em Golfo.
"O Irã não vai entrar em guerra com o reino saudita", prevê um diplomata ocidental.
Se os analistas descartam um conflito direto, os líderes do Golfo apostam em tentativas de desestabilização da parte do Irã, com possíveis ataques contra os interesses sauditas e árabes no Oriente Médio.
Haverá mais ataques contra mesquitas xiitas no Iraque, particularmente no Iraque, acrescentam outras fontes.
Por sua parte, o rei Salman, que subiu ao trono saudita há quase um ano e rompeu com as políticas hesitantes do passado, está disposto a "assumir o desafio e lutar, seja qual for o preço" se Teerã decidir continuar a "escalada", afirma Mustafa Alani, especialista em questões de segurança e diretor do Centro de Pesquisas do Golfo.
"Vai ser muito mais cruel" com ações "por procuração", advertiu o diplomata, que "não acredita" em uma guerra frontal entre os dois grandes rivais xiita e sunita do Oriente Médio.
"Este não é o momento para que os iranianos detonem as minas no Golfo", num momento em que espera o levantamento das sanções, na sequência do acordo nuclear de julho, para "começar a exportar seu petróleo", analisa.
A crise entre Riad e Teerã foi desencadeada pela execução no sábado de 47 "terroristas", incluindo o clérigo xiita Nimr al-Nimr, na Arábia Saudita.
Os ataques de represália contra as missões diplomáticas da Arábia Saudita no Irã fizeram com que os sauditas e outros cinco países rompessem suas relações diplomáticas com a República Islâmica, que "lamentou" os ataques.
As relações entre Riad e Teerã são tensas desde a revolução islâmica de 1979 no Irã.
Os dois países nunca entraram em guerra, mas já romperam suas relações de 1987 a 1991, depois de confrontos sangrentos entre peregrinos iranianos e as forças sauditas durante a peregrinação a Meca, em 1987.
O conflito que começou em 2011 na Síria foi um fator importante na deterioração das relações entre Teerã e Riad.
"Nenhum compromisso"
Os especialistas entrevistados concordam que a atual escalada terá impacto, pelo menos, sobre os conflitos na Síria, mas também no Iêmen, onde as duas potências têm interesses conflitantes.
A crise deve afetar os esforços feitos sob a pressão das grandes potências para que as negociações resultem em acordos políticos.
Para tentar salvar o processo, o mediador da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, chegou a Riad na segunda-feira à noite e, em seguida, viajará para Teerã e Damasco, enquanto que para o mediador para o Iêmen, Ismail Ould Cheikh Ahmed, deve visitar a Arábia Saudita na quarta-feira.
O embaixador saudita na ONU, Abdullah al-Muallimi, declarou que o rompimento de relações com o Irã não impediria os sauditas de "continuar a trabalhar duro para apoiar os esforços de paz na Síria e no Iêmen", e garantiu que seu país iria participar nas discussões de paz sobre a Síria programadas, em princípio, para 25 de janeiro, em Genebra.
Segundo o especialista Mustafa Alani, os sauditas "não pretendem alimentar a escalada" com os iranianos.
Mas haverá "nenhum compromisso" e vão "endurecer sua atitude" em relação à Síria, Iraque, Líbano e Iêmen para combater o que eles veem como uma "política agressiva" por parte do Irã.
Os líderes sauditas anteriores "adiaram por um longo tempo" a resistência ao "desafio iraniano" no mundo árabe, "fechando os olhos" para as ações de Teerã, e seus sucessores acreditam que "é hora de enfrentar o desafio em todos os lugares", afirma Alani.
Ao executar Nimr Baqer al-Nimr, o reino saudita agradou o clero conservador wahhabita, mas assumiu o risco de provocar a minoria xiita, que está concentrada na Província Oriental, rica em petróleo, dizem os especialistas.
"O apoio do Irã ao xeque Nimr será bem visto por muitos xiitas (no mundo muçulmano), mesmo aqueles que não concordam com o regime iraniano, porque eles não veem ninguém falar em seu favor", acredita Jane Kinninmont, do Chatham House, em Londres.