AMLO assume com planos de “renovar” política do México
Com maioria no Congresso, López Obrador assume México com promessas de governar por referendos e renovar as bases políticas do país
Da Redação
Publicado em 30 de novembro de 2018 às 07h13.
Última atualização em 30 de novembro de 2018 às 07h13.
Andrés Manuel López Obrador assumirá a presidência do México neste sábado, com o compromisso de renovar a política do país. Para confirmar se essa tarefa será cumprida, será necessário analisar todo o mandato do presidente. Mas o que é possível averiguar logo neste mês de dezembro é se Obrador manterá a amenidade de seu discurso, conquistada ao longo de sucessivas tentativas de chegar ao Palácio Nacional, sede da presidência mexicana.
Conhecido como AMLO, Obrador é muitas vezes comparado ao ex-presidente Lula. Do partido de esquerda Movimento Regeneração Nacional (Morena), o candidato eleito tenta desde 2006 assumir o poder do país, e exercer um mandato de seis anos. Para conquistar o cargo, porém, Obrador teve que abrir mão de seu discurso mais radical (em que pregava reforma agrária) e conquistar os investidores.
“Não atuaremos de maneira arbitrária, não haverá confisco nem expropriação de bens”, afirmou AMLO no discurso de vitória. “As mudanças serão profundas, mas se darão com respeito à ordem legal estabelecida. Haverá liberdade empresarial, de expressão, de associação e de crença. Estarão garantidas todas as liberdades individuais e sociais, assim como os direitos consagrados na Constituição.”
O plano, no primeiro momento, deu certo, e AMLO foi eleito com pouco mais de 53% dos votos em julho deste ano. Mas a confiança está longe de ser um ponto forte de seu futuro governo. No mês passado, o cancelamento de um projeto de construir um aeroporto no país fez com que o peso caísse 3,5% e chegou ao patamar de 20 por dólar. Além disso, o mercado de ações perdeu mais de 17 bilhões de dólares em valor e o JPMorgan reduziu sua projeção de crescimento econômico para 2019, afirmando que agora o banco central provavelmente terá que elevar as taxas de juros para desacelerar a fuga de capital.
A oposição teme um governo de viés autoritário. Com a maioria nas duas casas do Congresso dominada pelo Morena, o presidente ainda terá a oportunidade de indicar dois membros para o conselho do Banco do México (o banco central do país) e a indicação de dois assentos na Suprema Corte (que ficarão vagas em fevereiro do ano que vem). Além disso, a promessa de governar por referendos gera desconfianças por esvaziar ainda mais o congresso.
Outro importante problema interno que deverá ser foco de seu governo é o combate à corrupção. Nos últimos quatro anos, 9 dos 32 governadores foram investigados, indiciados ou presos em escândalos de corrupção. Além disso, em 2017, o país sofreu o maior número de homicídios dos últimos 20 anos, resultado do tráfico de drogas e de conflitos de carteis.
AMLO também precisará de respostas duras para a imigração. Se de um lado o México tem sido palco de caravanas de imigrantes da América Central indo em direção aos Estados Unidos, do outro o governo americano tenta pressionar o país a não aceitar que eles cheguem até a fronteira. A habilidade de lidar com o vizinho do norte será crucial para o ambicioso projeto de governo de Obrador.