"Nesses tempos difíceis, devemos agir. Estou decidida a fazer o Reino Unido avançar para superar a tempestade", afirmou Truss (AFP/AFP Photo)
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Publicado em 5 de outubro de 2022 às 10h44.
A primeira-ministra britânica Liz Truss encerrou nesta quarta-feira (5) o turbulento congresso anual do Partido Conservador britânico com uma defesa firme de seu polêmico plano econômico, em uma tentativa de consolidar uma autoridade cada vez mais questionada em seu partido.
"Nesses tempos difíceis, devemos agir. Estou decidida a fazer o Reino Unido avançar para superar a tempestade", afirmou durante um discurso de mais de 30 minutos, brevemente interrompido por dois ativistas da ONG Greenpeace com uma faixa que dizia "Quem votou por isso?".
Um mês depois de suceder Boris Johnson, Truss se colocou contra os mercados financeiros, eleitores e figuras proeminentes de seu próprio partido com um programa de grandes cortes de impostos que aumentará a dívida pública já inchada do Reino Unido.
Mas no final do congresso de Birmingham, ela mais uma vez defendeu seu plano de choque ultraliberal para reviver uma economia britânica ameaçada de recessão e atolada em uma inflação descontrolada que coloca muitas famílias em dificuldades.
"A escala do desafio é imensa", afirmou. "É por isso que no Reino Unido temos que fazer as coisas de forma diferente", insistiu.
"Sempre que há uma mudança, há uma desordem. Nem todos serão a favor", reconheceu. "Mas o mundo inteiro se beneficiará do resultado: uma economia em crescimento e um futuro melhor", disse Truss.
Ilustrando a rápida perda de credibilidade de Truss, o ex-ministro Grant Shapps afirmou que ela poderia enfrentar um voto de censura de seus próprios deputados se seu discurso não começar a melhorar sua péssima posição nas pesquisas.
Elogiado como campeão eleitoral após alcançar a mais ampla maioria conservadora em 40 anos em 2019, Johnson foi pressionado a renunciar em julho, quando o acúmulo de escândalos mostrou que ele não poderia mais liderar seu partido com sucesso às próximas eleições legislativas, marcadas para janeiro de 2025 o mais tardar.
No entanto, uma pesquisa do YouGov publicada na quarta-feira antes do discurso de Truss mostrou que a primeira-ministra, que assumiu o cargo em 6 de setembro, já é mais impopular do que Johnson em seus piores momentos.
"Não acho que os parlamentares conservadores, se virem que as pesquisas permanecem desse jeito, vão ficar de braços cruzados", disse Shapps à Times Radio.
Sem o carisma ou habilidades oratórias de Johnson, Truss se concentrou nos últimos dias, em inúmeras entrevistas a veículos de comunicação grandes e pequenos, em defender a mudança dramática que foi forçada a fazer em seu plano econômico.
Seu ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, anunciou na segunda-feira que estava abandonando a altamente controversa abolição do imposto máximo de 45% para renda acima de 150.000 libras (170.000 dólares) por ano.
Incluída em um pacote tributário mais amplo, essa medida gerou duras acusações de favorecer os mais ricos, enquanto muitos britânicos afundam na pobreza pelo custo de vida.
Mesmo sendo membro de seu governo, a secretária de Estado para Relações Parlamentares, Penny Mordaunt, saiu do roteiro e apoiou publicamente a necessidade de atualizar os auxílios sociais na mesma proporção da inflação, o que Truss e Kwarteng atualmente relutam em fazer.
Truss nega ter perdido o controle do Executivo e do partido.
Mas sua ministra do Interior, muito conservadora, Suella Braverman, acusou seus detratores dentro do partido de querer realizar um "golpe de Estado" contra a primeira-ministra.
Pesquisas mostram que a principal força de oposição, o Partido Trabalhista, está até 33 pontos à frente de uma direita que está no poder há 12 anos.
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