Mundo

Alimentos orgânicos são plantados em lajes em favela do Rio

O morador fez no telhado de sua casa uma plantação de alfaces, tomates, rúcula e outras hortaliças, e as fertiliza com adubos artesanais que aprendeu a preparar em curso


	Favela no Rio de Janeiro: o projeto que será levado a outras favelas da cidade continua com um acompanhamento dos resultados nos próximos seis meses
 (Vladimir Platonow/AGÊNCIA BRASIL)

Favela no Rio de Janeiro: o projeto que será levado a outras favelas da cidade continua com um acompanhamento dos resultados nos próximos seis meses (Vladimir Platonow/AGÊNCIA BRASIL)

DR

Da Redação

Publicado em 31 de agosto de 2012 às 15h03.

Rio de Janeiro - Armados com conhecimentos sobre agricultura sustentável, os moradores do Morro da Babilônia, no Rio de Janeiro plantam hortas orgânicas nos telhados de suas casas para melhorar sua alimentação e aumentar a renda familiar.

A iniciativa partiu da associação civil Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), que ensinou durante seis meses a 16 habitantes da comunidade da Babilônia, rodeada de floresta e situada no bairro turístico do Leme, técnicas para o desenvolvimento de hortas urbanas sustentáveis nos telhados e nos quintais de suas casas.

"Agora temos uma ferramenta que nos dá a oportunidade de empreender um negócio, cuidar da nossa dieta e ensinar ao resto da comunidade", explicou à Agência Efe Luiz Alberto de Jesus, aluno de 52 anos.

O morador fez no telhado de sua casa uma plantação de alfaces, tomates, rúcula e outras hortaliças, e as fertiliza com adubos artesanais que aprendeu a preparar durante o curso.

De sua laje ampla, organizada e com todo o material para o trabalho em suas hortas, é possível ver o mar depois de uma fileira de casas coloridas e dos grandes hotéis que dominam a praia de Copacabana.

Depois de passar quase dez anos construindo sua casa com as próprias mãos, o homem agora fez uma obra que nunca sonhou fazer, um lugar onde pode cultivar sua própria comida.

Luiz Alberto contou que essas oportunidades são inéditas nas comunidades do Rio, já que "antes nem as empresas privadas nem as autoridades podiam realizar atividades no bairro devido à violência provocada pelo tráfico de drogas".

Desde 2008, quando as autoridades locais fizeram uma campanha pacificação nas favelas, várias atividades sociais passaram a ser realizadas nas comunidades.


A iniciativa, chamada Frente de Agricultura Urbana Orgânica do projeto Rio Cidade Sustentável, é patrocinada pela empresa Souza Cruz e autoridades locais.

O projeto de agricultura sustentável complementa outros cursos realizados no Morro da Babilônia, que ensinavam os moradores a manterem as casas, muitas vezes de construção precária, e promoviam turismo no bairro, engajados nos preparativos da Rio+20, realizada em junho.

Com a iniciativa, não só se planta a semente de um possível negócio, mas também de uma educação alimentar melhor, necessária à população de baixa renda, que baseia sua dieta no arroz, o feijão e a carne, deixando de lado as verduras e hortaliças.

Para o presidente da Associação de Moradores de Babilônia, Carlos Antonio Pereira, a capacitação "recupera a personalidade original das favelas", formadas por imigrantes de zonas rurais do país que chegavam a Rio em busca de emprego.

"Aumenta a convivência, a associação entre vizinhos e é uma lição de cidadania", concluiu Pereira.

Para que estes 16 moradores tenham suas hortas em funcionamento, foram necessárias duas reuniões semanais durante seis meses com o engenheiro agrônomo Suyá Presta, que lhes explicou as melhores técnicas de cultivo.

O projeto que será levado a outras favelas da cidade continua com um acompanhamento dos resultados nos próximos seis meses.

"A ideia é que seja uma plantação contínua para que se mantenha o hábito do cultivo e que a cada mês se colham os frutos da terra", disse Presta à Agência Efe.

"Isso é maravilhoso, vou ajudar a fazer outras três hortas para meus parentes. Aprendemos a nos sentirmos capazes e a mudarmos nossos hábitos alimentícios", destacou Regina Maria da Silva, de 58 anos, a veterana do grupo, durante a festa do fim do curso, em que foram entregues certificados de capacitação aos participantes. 

Acompanhe tudo sobre:AgriculturaSustentabilidadeTrigo

Mais de Mundo

Drones sobre bases militares dos EUA levantam preocupações sobre segurança nacional

Conheça os cinco empregos com as maiores taxas de acidentes fatais nos EUA

Refugiados sírios tentam voltar para casa, mas ONU alerta para retorno em larga escala

Panamá repudia ameaça de Trump de retomar o controle do Canal