Mundo

Alemanha busca ajuda turca para reduzir fluxo de migrantes

A chanceler alemã se reunirá ao meio-dia em Berlim com o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, e seus principais ministros


	Refugiados: a Turquia desempenha um papel central na estratégia da chanceler para reduzir o número de requerentes de asilo na Alemanha
 (Tobias Schwarz / AFP)

Refugiados: a Turquia desempenha um papel central na estratégia da chanceler para reduzir o número de requerentes de asilo na Alemanha (Tobias Schwarz / AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de janeiro de 2016 às 13h43.

A chanceler alemã, Angela Merkel, criticada em seu país e isolada na Europa, tentava nesta sexta-feira conquistar o apoio da Turquia para reduzir o fluxo de migrantes, enquanto novos naufrágios eram registrados no mar Egeu.

As 21 vítimas, entre elas oito crianças, morreram em dois naufrágios sucessivos em frente às ilhas gregas de Farmakonissi e Kalolimnos. Vários migrantes estão desaparecidos, segundo a polícia portuária grega, que os busca ativamente.

Neste contexto, Merkel se reúne nesta sexta-feira em Berlim com o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, e com seus principais ministros em um encontro de consultas germano-turcas, inéditas neste formato, e que a própria chanceler classifica de chave para resolver a crise dos migrantes.

Uma conferência de doadores para a Síria está prevista para 4 de fevereiro em Londres, antes de uma cúpula europeia em meados do mesmo mês. "Só depois poderemos fazer um primeiro balanço", disse Merkel.

A chanceler falou na noite de quinta-feira sobre a conferência de doadores de Londres com o presidente americano, Barack Obama, em uma conversa telefônica, segundo seu porta-voz.

Ele disse que Obama prometeu uma participação substancial de seu governo na conferência de doadores.

A Turquia, país pelo qual passam muitos dos candidatos a conseguir um asilo na Europa, desempenha um papel central na estratégia de Merkel de reduzir neste ano de maneira significativa o número de solicitantes de asilo que chegam à Alemanha, e que alcançaram em 2015 o número recorde de um milhão.

Criticada e isolada

"Temos um interesse comum de que menos refugiados se dirijam à Turquia e que a Turquia simplesmente não os deixe passar (...) é por isso que queremos determinar nossos interesses comuns para que isto termine", declarou na quinta-feira o ministro alemão do Interior, Thomas de Maizière.

Merkel, por sua vez, continua negando-se a fechar as fronteiras aos refugiados ou a impor limites aos que acolhe, e defende uma solução internacional que passa por um melhor controle dos fluxos a partir da Turquia, e uma divisão de migrantes mediante quotas europeias.

Mas esta solução, que dificilmente se concretizará, gera críticas por parte de alguns de seus próprios deputados, e a crise com o braço bávaro (CSU) de seu partido político piora a cada dia.

Se Merkel não obtiver rapidamente uma melhor cooperação de Ancara, a situação será politicamente perigosa para ela, sobretudo diante das cruciais eleições regionais de março.

A UE prometeu no fim de novembro 3 bilhões de dólares à Turquia em troca de controlar melhor suas fronteiras e lutar contra os traficantes de pessoas.

Mas por um lado os governos europeus não conseguem financiar esta promessa, e por outro acusam a Turquia de não cumprir o combinado.

O jornal conservador Die Welt constatava nesta sexta-feira o isolamento europeu da chanceler. "A União Europeia tem 28 membros. A maioria deles estão dispostos a se unir para regular o número de refugiados através de controles reforçados nas fronteiras, mas a Alemanha se opõe (...) Por acaso é antieuropeia a posição da maioria?".

Até o momento, na falta de uma solução comum, entre 2.000 e 3.000 refugiados continuam chegando todos os dias à costa grega.

Texto atualizado às 14h43.

Acompanhe tudo sobre:AlemanhaÁsiaEuropaNaufrágiosPaíses ricosRefugiadosTurquia

Mais de Mundo

Legisladores democratas aumentam pressão para que Biden desista da reeleição

Entenda como seria o processo para substituir Joe Biden como candidato democrata

Chefe de campanha admite que Biden perdeu apoio, mas que continuará na disputa eleitoral

Biden anuncia que retomará seus eventos de campanha na próxima semana

Mais na Exame