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Advogado de Trump envia corrente de e-mails pró-Confederação

Corrente foi enviada em meio à crescente polêmica pelo assassinato de uma mulher no sábado cometido por um neonazista em Charlottesville

John Dowd: advogado de Trump acusou o New York Times de "estar metendo o nariz" em seu correio eletrônico pessoal (Jin Lee/Bloomberg)
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EFE

Publicado em 17 de agosto de 2017 às 11h25.

Washington - John Dowd, um dos advogados do presidente dos Estados Unidos Donald Trump , reenviou nesta quarta-feira para várias pessoas um e-mail com argumentação favorável aos Estados Confederados em meio à crescente polêmica pelo assassinato de uma mulher no sábado cometido por um neonazista em Charlottesville.

O texto equipara a rebelião dos estados dos sul dos EUA durante a Guerra de Secessão entre 1861 e 1865 com a Revolução das 13 Colônias contra os britânicos e enaltece a figura do general confederado Robert Lee, cuja estátua em Charlottesville (Virgínia) foi o foco da presença dos grupos racistas na cidade, que protestavam contra a decisão das autoridades locais de retirá-la.

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De acordo com o jornal "New York Times", que teve acesso a uma cópia do e-mail reenviado por Dowd, a argumentação do advogado de Trump põe ênfase na comparação entre Lee e o ex-presidente George Washington, um recurso que também foi utilizado pelo próprio Trump, que ontem voltou a culpar os "dois lados" pela violência de sábado.

"Os dois tinham escravos", "os dois se rebelaram contra um governo" e "os dois salvaram os Estados Unidos", são alguns dos argumentos que aparecem no texto, que Dowd enviou para vários contatos, entre eles jornalistas de "The Wall Street Journal", "The Washington Times" e "Fox News", além de funcionários do Departamento de Segurança Nacional.

Ao ser questionado pelo "New York Times" sobre o e-mail, Dowd acusou a publicação de "estar metendo o nariz" em seu correio eletrônico pessoal e, antes de desligar o telefone, justificou que apenas reenvia "coisas" que recebe "de outras pessoas".

O autor original do texto enviado por Dowd é Jerome Almon, que gerencia vários sites nos quais divulga conspirações sobre o governo, como, por exemplo, que o FBI (polícia federal investigativa dos EUA) está infiltrado com terroristas islâmicos, de acordo com a publicação nova-iorquina.

Além da argumentação favorável a Lee, o texto de Almon também afirma que o movimento contra a violência policial "Black Lives Matter" ("as vidas dos negros importam") é comandado por terroristas.

Em uma polêmica coletiva de imprensa ontem, Trump comparou Lee com Washington, ao afirmar que ambos tinham escravos.

"Muita gente também estava ali para protestar pela retirada de uma estátua de Robert E. Lee. Esta semana é Robert E. Lee. (...) Pergunto, será a de George Washington na semana que vem? E a de Thomas Jefferson na seguinte?", disse o presidente.

Trump se referiu assim ao ocorrido em Charlottesville, onde um neonazista investiu com seu automóvel contra uma manifestação antirracista, o que resultou na morte de uma mulher e deixou cerca de 20 pessoas feridas.

O neonazista estava em Charlottesville para participar dos protestos de grupos de extrema-direita contra a retirada da estátua de Lee.

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