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Acordo de Paris não conseguirá conter aumento da temperatura

A análise levou em conta os compromissos que os países apresentaram à ONU e tentou traduzir tudo em uma unidade, para projetar as emissões entre 2020 e 2030


	Aquecimento global: a análise levou em conta os compromissos que os países apresentaram à ONU e tentou traduzir tudo em uma unidade, para projetar as emissões entre 2020 e 2030
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Aquecimento global: a análise levou em conta os compromissos que os países apresentaram à ONU e tentou traduzir tudo em uma unidade, para projetar as emissões entre 2020 e 2030 (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 30 de junho de 2016 às 17h21.

Dez especialistas de diferentes países, incluindo o Brasil, alertam, em artigo publicado hoje (30) na revista internacional Nature, que as 195 nações signatárias do Acordo de Paris, assinado em dezembro do ano passado, têm que ser mais ambiciosas e rever com rapidez suas propostas de redução das emissões de gases de efeito estufa para conter o aumento da temperatura do planeta em menos de 2 graus Celsius (°C).

Segundo o pesquisador brasileiro Roberto Schaeffer, professor do Programa de Planejamento Energético do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o estudo associa cada possível aumento da temperatura global à probabilidade de ocorrer.

A análise levou em conta os compromissos de redução de emissões que os países apresentaram voluntariamente à Organização das Nações Unidas (ONU), conhecidas como INDCs (contribuições nacionalmente determinadas pretendidas, na sigla em inglês), e tentou traduzir tudo em uma unidade comum, para projetar as emissões globais entre 2020 e 2030.

Apesar de não haver dúvida sobre a mudança climática, Schaeffer disse que ainda existe uma série de incertezas físicas sobre a dimensão do fenômeno. “Com 50% de chance de não errar, o que significa que há 50% de chance de errar, digo que [o aumento da] a temperatura do planeta no final do século, se as INDCs forem cumpridas ao pé da letra, não deve exceder os 2,9º C.”

O estudo estima, com 66% de chance de acerte, que a temperatura no final do século não deve subir mais que 3,2º C; e com 90% de chance de acerto, que o acréscimo não exceda os 3,9º C.

“Dependendo do grau de certeza ou de incerteza que se quer ter, a gente associa então o que seria a temperatura média do planeta ao final do século”.

Limite

Independente da precisão, segundo Schaeffer, o artigo mostra que em qualquer probabilidade de acertar, os países estão bastante longe do objetivo maior da Convenção de Paris de limitar o aumento da temperatura do planeta ao final do século a menos de 2º C, idealmente tentando chegar a aumento de apenas 1,5º C.

“A gente mostra que o Acordo de Paris é muito legal, que o objetivo é muito nobre, mas aquilo que neste momento os países estão propondo fazer não nos leva nem perto do bem abaixo de 2º C”.

No artigo, os pesquisadores advertem, entretanto, que ainda há tempo para tentar reverter o aumento da temperatura global. “Mas os governos têm que acelerar a ambição e a velocidade com que novas medidas são anunciadas e começam a ser de fato implementadas”.

Segundo Schaeffer, não é possível esperar o prazo previsto de cinco anos para que as metas nacionais sejam revistas pelos países. “Está na hora de acelerar isso aí”. A primeira revisão de reavaliação dos compromissos está prevista para 2020.

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