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"Achei que fosse morrer": ataque do EI espalha pânico em Paris

Do lado de fora, as vitrines das lojas de luxo continuavam acesas, mas as calçadas ficaram vazias e as ruas foram tomadas por viaturas policiais

Policiais interditam a avenida Champs Elysees em Paris após tiroteio (Christian Hartmann/Reuters)

Policiais interditam a avenida Champs Elysees em Paris após tiroteio (Christian Hartmann/Reuters)

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AFP

Publicado em 21 de abril de 2017 às 10h00.

Última atualização em 21 de abril de 2017 às 17h13.

"As pessoas corriam, se empurravam e iam derrubando as mesas": é o que conta uma mulher, de 39 anos, que jantava tranquilamente nesta quinta-feira (20) em um restaurante na Champs-Elysées, em Paris, quando um tiroteio gerou uma onda de pânico na avenida mais famosa do mundo.

"Ninguém entendia o que estava acontecendo, especialmente os turistas estrangeiros", relata, consternada, essa testemunha ouvida pela AFP, que pediu para não ser identificada.

Do lado de fora, as vitrines das lojas de luxo continuavam acesas, mas as calçadas ficaram vazias e as ruas foram tomadas por viaturas policiais, enquanto um helicóptero sobrevoava o lugar.

A três dias de uma eleição presidencial organizada sob medidas extremas de segurança em função da possibilidade de ameaças extremistas, um policial morreu, e dois ficaram gravemente feridos por disparos de um agressor, abatido pelas forças da ordem. Uma turista sofreu ferimentos leves no episódio.

A mesma testemunha estava terminando de jantar quando o terror invadiu o lugar.

"Os garçons nos pediram que saíssemos do salão para os fundos, mas não havia outra saída, então tivemos de nos esconder no pátio traseiro".

"Alguém disse: 'houve disparos, achei que fosse morrer'. Os garçons apagaram a luz", completou.

Depois, os bombeiros chegaram para ajudá-los a evacuar o local.

Antes mesmo que o ataque fosse reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI), metade da Champs-Elysées perto do Arco do Triunfo já estava deserta.

Dezenas de veículos policiais seguiram para a avenida, e forças da ordem, bombeiros e socorristas percorriam a área, nervosamente, de uma ponta à outra. Os agentes policiais revistaram as latas de lixo para analisar seu conteúdo.

Depois do pânico deflagrado com o tiroteio, que levou à fuga de turistas e de pedestres para ruas próximas, uma relativa calma voltou a reinar. Ainda assim, o ambiente continuava tenso, e as estações de metrô da região permaneciam fechadas.

Refugiados no cinema

Muitos buscaram abrigo em restaurantes, lojas e cinemas da avenida, ao largo de seus passeios arborizados.

"Tem gente que se abrigou no cinema Lincoln. Não sei quanto, mas, por precaução, não podem sair", disse a caixa na bilheteria.

Mehdi, um consultor em Comunicação, estava sentado em um restaurante próximo, quando o tiroteio começou.

"Ouvi disparos e me aproximei para ver o que estava acontecendo. Vi pessoas estiradas no chão. Pelo menos dois corpos, e gente que corria para todo lado e que gritava. Eu me assustei e fui embora, nem paguei a conta", contou.

O salão de chá Ladurée, que se debruça sobre a avenida, foi rapidamente transformado em quartel-general de crise, após a chegada do ministro do Interior, Matthias Fekl, e da prefeita de Paris, Anne Hidalgo. Ambos chegaram em um comboio protegido e escoltados por homens com armas automáticas.

Na praça Charles de Gaulle, militares da divisão Sentinela armaram um cordão de isolamento para bloquear o acesso à avenida.

Maud e Wilfried Deneau, que chegaram à capital francesa de Nantes (oeste do país) com seus filhos de 13 e 15 anos, lamentaram que Paris tenha sido mais uma vez palco de um ataque.

"Não queremos ter medo e, por isso, viemos. Para lhes mostrar o Arco do Triunfo", desabafou Maud.

 

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