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Acesso dos divorciados à comunhão é um desafio de Francisco

Bispos de todo o mundo também analisarão no Sínodo admissão aos sacramentos dos católicos divorciados que voltaram a se casar e não podem comungar

Francisco: Papa insiste na linha que a igreja mantém há anos: não se deve "condenar", mas "acompanhar" as pessoas que fracassaram em seu casamento (Max Rossi/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 11 de março de 2014 às 18h07.

De maneira "prudente, mas audaz", segundo ele, e um pouco lenta para os desejosos de mudanças rápidas, Francisco realizou em seu primeiro ano de pontificado reformas importantes, e estuda uma maior presença da mulher na igreja e analisa o espinhoso tema do acesso dos católicos divorciados à comunhão.

O papa Francisco tem seu olhar voltado para o Sínodo de Bispos que será realizado no final de ano no Vaticano. A reunião abordará os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização no mundo atual, um dos pontos mais delicados do seu pontificado.

Recentemente, o papa expressou sua preocupação pela família, que, para ele, atravessa uma crise muito séria.

"É difícil formar uma família. Os jovens casam-se pouco, há muitas famílias separadas nas quais o projeto de vida comum fracassou, os filhos sofrem muito: temos de dar uma resposta, mas para isso é preciso refletir muito profundamente", disse o pontífice no começo desse mês ao jornal "Corriere della Sera".

Os bispos de todo o mundo também analisarão no Sínodo a admissão aos sacramentos dos católicos divorciados que voltaram a se casar e não podem comungar. Até agora, de acordo com o Pontifício Conselho para os Textos Legislativos, essa proibição é "lei divina", ou seja, transcende o âmbito das leis eclesiásticas e nem mesmo a igreja pode modificar.

O cardeal alemão Walter Kasper, presidente emérito do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, é a favor de que divorciados possam comungar, embora defenda que essa abertura não seja generalizada. Para ele, ela deve ser limitada aos que "querem viver com a Igreja e admitam e lamentem ter cometido um erro em seu primeiro casamento".

No entanto, o cardeal Gerhard Ludwig Müller, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, é contrário a essa abertura.

Francisco insiste na linha que a igreja mantém há anos: que não se deve "condenar", mas "acompanhar" as pessoas que fracassaram em seu casamento. A igreja se mostra dividida, daí a importância do sínodo.

Outro desafio do pontificado é a maior presença da mulher na estrutura da igreja. Francisco já afirmou que elas têm que ter um papel maior e que é necessária a figura feminina com mais consideração nos lugares onde são tomadas "as decisões importantes". No entanto, essa maior presença não representa a abertura das portas do sacerdócio para as mulheres.

Na mesma linha que os antecessores, Francisco rejeitou que as mulheres possam chegar ao sacerdócio e de maneira definitiva disse: "a igreja falou e disse "não", essa porta está fechada".

Francisco tem que enfrentar também outro tema importante como uma maior colegialidade na Igreja, ou seja a relação entre a Cúria e os episcopados nacionais, um dos pontos que ficaram sem resolução na era de Bento XVI .

Vários bispos consideram que é preciso estimular o governo comum da Igreja e aumentar as atribuições das conferências episcopais, enquanto na cúria vaticana são muitos os que pensam que deve prevalecer o governo central da igreja.

O caminho rumo à colegialidade é longo e, segundo o teólogo heterodoxo Hans Kung, Roma continua exibindo uma Igreja forte, absolutista, que reúne em suas mãos os poderes (legislativo, executivo e judiciário), e que não leva em conta a universalidade.

São muitos os temas para tratar. Francisco deve prosseguir com o desenvolvimento do Concílio Vaticano II, estimular o ecumenismo e as relações com judeus e muçulmanos.

Outro desafio é a escassez de vocações e a diminuição de sacerdotes. Diante deste problema tornou-se importante discutir o celibato dos padres católicos. Mas parece que os tempos ainda não estão maduros para sua abolição. O secretário de Estado ("primeiro-ministro" do Vaticano), o cardeal Pietro Parolin, acredita que o celibato "não é um dogma" e que pode ser discutido.

O papa deve prosseguir também as negociações com os lefebvrianos, que suscitaram uma ruptura em 1988 ao ordenar a quatro bispos sem a permissão do pontífice e que não reconhecem o Concílio Vaticano II.

Neste ano, Francisco já deu um grande passo para a reforma das instituições financeiras da Santa Sé, ao criar uma Secretaria de Economia, que se ocupará de tramitar todas as atividades econômicas e administrativas do Vaticano.

Além disso, um mês após ser eleito papa, ele nomeou um conselho de oito cardeais para reformar a Cúria romana após o escândalo Vatileaks. Por enquanto, os cardeais seguem trabalhando e se desconhece a sua profundidade.

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De maneira "prudente, mas audaz", segundo ele, e um pouco lenta para os desejosos de mudanças rápidas, Francisco realizou em seu primeiro ano de pontificado reformas importantes, e estuda uma maior presença da mulher na igreja e analisa o espinhoso tema do acesso dos católicos divorciados à comunhão.

O papa Francisco tem seu olhar voltado para o Sínodo de Bispos que será realizado no final de ano no Vaticano. A reunião abordará os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização no mundo atual, um dos pontos mais delicados do seu pontificado.

Recentemente, o papa expressou sua preocupação pela família, que, para ele, atravessa uma crise muito séria.

"É difícil formar uma família. Os jovens casam-se pouco, há muitas famílias separadas nas quais o projeto de vida comum fracassou, os filhos sofrem muito: temos de dar uma resposta, mas para isso é preciso refletir muito profundamente", disse o pontífice no começo desse mês ao jornal "Corriere della Sera".

Os bispos de todo o mundo também analisarão no Sínodo a admissão aos sacramentos dos católicos divorciados que voltaram a se casar e não podem comungar. Até agora, de acordo com o Pontifício Conselho para os Textos Legislativos, essa proibição é "lei divina", ou seja, transcende o âmbito das leis eclesiásticas e nem mesmo a igreja pode modificar.

O cardeal alemão Walter Kasper, presidente emérito do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, é a favor de que divorciados possam comungar, embora defenda que essa abertura não seja generalizada. Para ele, ela deve ser limitada aos que "querem viver com a Igreja e admitam e lamentem ter cometido um erro em seu primeiro casamento".

No entanto, o cardeal Gerhard Ludwig Müller, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, é contrário a essa abertura.

Francisco insiste na linha que a igreja mantém há anos: que não se deve "condenar", mas "acompanhar" as pessoas que fracassaram em seu casamento. A igreja se mostra dividida, daí a importância do sínodo.

Outro desafio do pontificado é a maior presença da mulher na estrutura da igreja. Francisco já afirmou que elas têm que ter um papel maior e que é necessária a figura feminina com mais consideração nos lugares onde são tomadas "as decisões importantes". No entanto, essa maior presença não representa a abertura das portas do sacerdócio para as mulheres.

Na mesma linha que os antecessores, Francisco rejeitou que as mulheres possam chegar ao sacerdócio e de maneira definitiva disse: "a igreja falou e disse "não", essa porta está fechada".

Francisco tem que enfrentar também outro tema importante como uma maior colegialidade na Igreja, ou seja a relação entre a Cúria e os episcopados nacionais, um dos pontos que ficaram sem resolução na era de Bento XVI .

Vários bispos consideram que é preciso estimular o governo comum da Igreja e aumentar as atribuições das conferências episcopais, enquanto na cúria vaticana são muitos os que pensam que deve prevalecer o governo central da igreja.

O caminho rumo à colegialidade é longo e, segundo o teólogo heterodoxo Hans Kung, Roma continua exibindo uma Igreja forte, absolutista, que reúne em suas mãos os poderes (legislativo, executivo e judiciário), e que não leva em conta a universalidade.

São muitos os temas para tratar. Francisco deve prosseguir com o desenvolvimento do Concílio Vaticano II, estimular o ecumenismo e as relações com judeus e muçulmanos.

Outro desafio é a escassez de vocações e a diminuição de sacerdotes. Diante deste problema tornou-se importante discutir o celibato dos padres católicos. Mas parece que os tempos ainda não estão maduros para sua abolição. O secretário de Estado ("primeiro-ministro" do Vaticano), o cardeal Pietro Parolin, acredita que o celibato "não é um dogma" e que pode ser discutido.

O papa deve prosseguir também as negociações com os lefebvrianos, que suscitaram uma ruptura em 1988 ao ordenar a quatro bispos sem a permissão do pontífice e que não reconhecem o Concílio Vaticano II.

Neste ano, Francisco já deu um grande passo para a reforma das instituições financeiras da Santa Sé, ao criar uma Secretaria de Economia, que se ocupará de tramitar todas as atividades econômicas e administrativas do Vaticano.

Além disso, um mês após ser eleito papa, ele nomeou um conselho de oito cardeais para reformar a Cúria romana após o escândalo Vatileaks. Por enquanto, os cardeais seguem trabalhando e se desconhece a sua profundidade.

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