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A volta do programa espacial russo: país lança nesta sexta 1ª missão lunar desde 1976

O lançamento do módulo Luna-25 é o primeiro à Lua em 47 anos, em uma época em que a então União Soviética estava na vanguarda da conquista espacial

Rússia: sonda de 800 quilos será lançada por um foguete Soyuz da base espacial de Vostochni. (Agence France-Presse/AFP)

Rússia: sonda de 800 quilos será lançada por um foguete Soyuz da base espacial de Vostochni. (Agence France-Presse/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 11 de agosto de 2023 às 07h49.

Última atualização em 11 de agosto de 2023 às 08h09.

A Rússia lançou nesta sexta-feira, 11, sua primeira missão à Lua em quase 50 anos com o objetivo de dar um novo impulso ao seu programa espacial, que acumulou dificuldades nos últimos anos e está isolado pelo conflito na Ucrânia.

O lançamento do módulo Luna-25 é o primeiro à Lua desde 1976, uma época em que a então União Soviética estava na vanguarda da conquista espacial. Mas, desde o fim da URSS, Moscou enfrentou uma série de dificuldades, como falta de financiamento e escândalos de corrupção.

A sonda de 800 quilos foi lançada por um foguete Soyuz da base espacial de Vostochni, no extremo-leste do país, às 2h10 no horário de Moscou (20h10 em Brasília), segundo imagens transmitidas ao vivo pela agência espacial Roscosmos.

A aeronave se elevou deixando para trás uma espessa nuvem de fumaça e chamas que se destacava no céu.

O equipamento deve levar cinco dias para chegar à órbita lunar, onde estará entre três e sete dias para escolher um bom lugar para o pouso na zona do polo sul do satélite.

"Está previsto que a nave entre em órbita lunar (...) em 16 de agosto, com aterrissagem na superfície do satélite natural da Terra previsto para 21 de agosto, ao norte da cratera Boguslawsky", o polo sul lunar, acrescentou a Roscosmos em um comunicado.

"Pela primeira vez na história haverá um pouso no polo sul lunar. Até agora, todos pousaram na zona equatorial da Lua", disse Alexander Blokhin, da Roscosmos, em entrevista recente ao jornal oficial Rossíiskaya Gazeta.

De acordo com a agência espacial russa, a missão, que deve ter um ano de duração, tem o objetivo de coletar amostras e analisar o solo, além de realizar investigações científicas de longo prazo.

"Ambição dos nossos ancestrais"

O lançamento ocorre em meio a um contexto de isolamento do programa espacial do país, já que a Roscosmos está vetada pelas potências ocidentais e busca uma cooperação no setor com a China.

O analista independente russo Vitali Yegorov afirmou que esta missão é um teste para Moscou.

"A questão mais importante é: consegue aterrissar na Lua?", questionou à AFP.

O presidente russo, Vladimir Putin, prometeu dar continuidade ao programa espacial, apesar das sanções, recordando quando a URSS enviou o primeiro homem ao espaço, em 1961, em meio a tensões com o Ocidente.

"Estamos sendo guiados por nossos ancestrais para seguir adiante, apesar das dificuldades e das tentativas de nos obstaculizar", disse Putin em uma visita a Vostochni no ano passado.

Uma missão "arriscada"

O diretor da Roscosmos, Yuri Borisov, reconheceu em junho que a missão é "arriscada".

"No mundo, a possibilidade de sucesso desse tipo de missão é estimada em 70%", disse ele em um encontro com Putin.

A primeira parte do foguete Soyuz caiu a 28 km da localidade de Shakhtinski, na região de Khabarovsk, anunciou o governador regional, Mikhail Degtiariov, no Telegram.

As autoridades retiraram os moradores dessa área uma hora antes do lançamento. Eles puderam voltar para suas casas algumas horas depois.

A última missão soviética à Lua em 1976, Luna-24, trouxe amostras de solo do satélite para a Terra.

O programa espacial é motivo de orgulho na Rússia, devido ao lançamento do primeiro satélite em órbita, o Sputnik, o primeiro animal em órbita com a missão da cadela Laika, e o envio do primeiro homem ao espaço, o cosmonauta Yuri Gagarin.

Os Estados Unidos acabaram se impondo na corrida espacial, quando Neil Armstrong chegou à Lua em 1969.

No presente, as operações enfrentam dificuldades de inovação e falta de financiamento, já que Moscou prioriza os gastos militares. Além disso, o setor se viu abalado por escândalos de corrupção e fracassos de lançamentos, além da concorrência de Estados Unidos, China e empresas privadas, como a Space X, do bilionário Elon Musk.

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