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A trágica história do sumiço dos 43 estudantes no México

Desaparecido desde o dia 26 de setembro, grupo pode ter sido brutalmente executado por membros de um cartel da região de Iguala


	Pessoas seguram velas e fotografias dos estudantes desaparecidos, durante um protesto em Monterrey, no México
 (Daniel Becerril/Reuters)

Pessoas seguram velas e fotografias dos estudantes desaparecidos, durante um protesto em Monterrey, no México (Daniel Becerril/Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 11 de novembro de 2014 às 12h12.

São Paulo – O caso do desaparecimento dos 43 estudantes no México segue ganhando novos e aterrorizantes contornos. Após revelações do governo do país de que o grupo teria sido brutalmente executado, a população tomou as ruas em lugares como a Cidade do México e Acapulco em protestos contra a violência que há anos assola o país.

O que, afinal, aconteceu no dia 26 de setembro, data na qual o grupo desapareceu sem deixar vestígios, ainda é obscuro. Sabe-se que estes estudantes faziam parte de um grupo maior, estimado em 100 pessoas, que estaria a caminho da cidade de Iguala para protestar contra reformas educacionais.

No caminho, seus ônibus foram interceptados por policiais que, segundo acusações da Procuradoria Geral mexicana, foram designados pelo prefeito de Iguala, José Luis Abarca. Sua ordem teria sido a de que estes policiais enfrentassem os estudantes para impedir que chegassem até a cidade.

O prefeito tinha medo de que fosse interrompido o discurso de sua esposa, María de los Angéles Piñeda, diretora de uma organização de proteção à criança. Após confrontos com os policiais, três estudantes morreram e parte do grupo conseguiu escapar para ver os 43 jovens sendo levados do local em carros oficiais.

Execução

O que aconteceu a partir daí segue em investigação. Irmã de três traficantes, revelou a agência AFP, María e seu marido são ligados ao cartel local, o Guerreros Unidos, para quem os estudantes teriam sido entregues depois do embate.

Segundo relatos de algumas das 74 pessoas presas até agora (prefeito e esposa, inclusive), a polícia teria dito aos representantes do cartel que estes jovens eram membros de uma gangue rival.

Ainda de acordo com informações dos detidos, os estudantes foram mortos e queimados por 12 horas. Tiveram ainda seus corpos enrolados em sacos de lixo e jogados em um rio.

A 22 quilômetros de Iguala, explicou o jornal mexicano Excelsior, na cidade de Cocula, foram encontrados vários restos mortais. O desafio agora é o de identificar o que foi recolhido no local.

Para tanto, foram chamados peritos austríacos, que levarão as amostras para avaliação na cidade de Innsbruck. Contudo, não há certeza de que isso será possível por causa do grau de carbonização dos restos mortais.

As vítimas eram homens, com cerca de 20 anos e alunos de uma escola considerada como um dos principais berços da esquerda mexicana, a Escola Normal Rural Raul Izidro Burgos, que fica na pequena cidade de Ayotzinapa. Lá, estudavam e davam aulas para a população carente e comunidades indígenas. 

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