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A operação de relações públicas em torno de Malala

Malala Yousafzai se converteu em uma fabulosa porta-voz dos direitos humanos graças, em parte, à operação de relações públicas desenvolvida em torno dela

Estudante paquistanesa Malala Yousafzai: a ativista pela educação foi forte candidata ao Nobel da Paz, discursou na ONU e publicou autobiografia (Emmanuel Dunand/AFP)

Estudante paquistanesa Malala Yousafzai: a ativista pela educação foi forte candidata ao Nobel da Paz, discursou na ONU e publicou autobiografia (Emmanuel Dunand/AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de outubro de 2013 às 12h39.

Londres - A estudante paquistanesa Malala Yousafzai se converteu em uma fabulosa porta-voz dos direitos humanos desde que os talebans tentaram assassiná-la, em 2012, graças, em parte, à formidável operação de relações públicas desenvolvida em torno dela.

A ativista pela educação das meninas de 16 anos foi forte candidata ao Prêmio Nobel da Paz, pronunciou um discurso na ONU, publicou uma autobiografia e foi convidada a tomar chá com a rainha Elizabeth II da Inglaterra.

Na quinta-feira foi homenageada com o prestigiado prêmio Sakharov dos direitos humanos, concedido pela União Europeia, o que levou os talebans a renovarem suas ameaças de morte.

Malala e sua família recebem ajuda quando se trata de combinar sua recuperação do tiro que a atingiu na cabeça há um ano com sua educação e com as atividades próprias de uma jovem celebridade, como atender aos pedidos de entrevistas de meios de comunicação de todo o mundo.

Uma das principais empresas de relações públicas do mundo, a Edelman, tem uma equipe trabalhando para ela.

Seus parentes negam, como se afirma no Paquistão, que a estejam manipulando.

"Ficava preocupado com todas as expectativas depositadas nela antes de conhecê-la", declarou à AFP Jonathan Yeo, um pintor britânico cujo retrato de Malala integra a National Portrait Gallery de Londres.

"Mas minhas inquietações sobre essas coisas desapareceram", acrescentou. "Ninguém tem motivos ocultos, todo o dinheiro se destina à caridade, não há agenda política e ainda é uma pessoa religiosa e dedicada ao seu país", ressaltou.

Uma fonte que trabalha para a família declarou à AFP: "pelo que vi, embora tenha apenas 16 anos, ela dirige pessoalmente grande parte de sua vida".

A menina já chamava atenção muito tempo antes de ser baleada na cabeça por um talebans quando viajava em um ônibus escolar no dia 9 de outubro de 2012.


Foi seu pai Ziauddin, um diretor de escola e ele mesmo ativista pela educação, quem contribuiu para tornar conhecida esta jovem inteligente e precoce do Vale do Swat, no noroeste do Paquistão.

Ele a encorajou a escrever um blog para o serviço em urdu da BBC sob um pseudônimo a partir de 2009, quando tinha 11 anos, sobre como os talebans estavam lutando contra a educação das meninas no Swat. O jornal The New York Times filmou um documentário sobre ela no mesmo ano.

Mas foi o atentado, e sua milagrosa recuperação em um hospital britânico, que fizeram dela uma verdadeira figura mundial.

O ex-primeiro-ministro britânico Gordon Brown, um emissário das Nações Unidas para a educação, a visitou no hospital e apadrinhou sua causa em um pedido enviado ao governo paquistanês.

Brown conseguiu que Malala, que permaneceu na Grã-Bretanha após o atentado, discursasse nas Nações Unidas e ajuda sua família a se adaptar a sua nova vida.

"Tem uma relação muito próxima com a família, em particular com o pai de Malala", disse à AFP uma fonte próxima a Brown, acrescentando que o ex-primeiro-ministro e sua esposa Sarah ajudam a família com "coisas que se tornaram muito esmagadoras".

A pedido do pai de Malala, Brown solicitou pessoalmente à empresa consultora McKinsey que cedesse a eles a funcionária Shiza Shahid, amiga da família Yousafzai, para presidir o Fundo Malala, a organização que administra a campanha da jovem em prol da educação e que tem entre seus doadores a atriz americana Angelina Jolie.

A maquinaria Malala cresceu em novembro de 2012 quando a agência de relações públicas Edelman, que tem entre seus clientes empresas como Starbucks e Microsoft, começou a trabalhar com a família.

Um porta-voz da Edelman disse à AFP que não cobram nada a ela e que disponibilizam uma equipe de cinco pessoas para apoiá-la.

A Edelman ressaltou que seu papel "é principalmente o de atuar como gabinete de imprensa da família e de gerir todo o interesse público e dos meios de comunicação na campanha de Malala".

A empresa disse que há uma lista de espera de dois meses para entrevistar a jovem.

A atenção mundial em torno de Malala foi mal recebida por alguns no Paquistão, que a acusam de ser um fantoche do Ocidente, e os talebans voltaram a ameaçá-la.

Na Europa também há os que não aprovam tanta exibição.

"Pode ser uma carga. Impor isso a uma menina talvez não seja ético", disse Tilman Brueck, diretor do instituto de pesquisa sobre a paz SIPRI, de Estocolmo.

Malala insiste que todo o circo ao seu redor não a mudou.

"Meu mundo mudou, mas eu não", explica em sua autobiografia.

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