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À espera do novo pacote: três cenários para a economia americana em 2021

PIB do país perdeu força no último trimestre de 2020. Retomada dependerá da aprovação do plano antipandemia de Biden e do sucesso das vacinas

O presidente Joe Biden toma vacina contra a covid-19: distribuição de imunizante é um do fatores que vão determinar o ritmo de recuperação da economia do país (Tom Brenner/Reuters)

O presidente Joe Biden toma vacina contra a covid-19: distribuição de imunizante é um do fatores que vão determinar o ritmo de recuperação da economia do país (Tom Brenner/Reuters)

A Agência de Análises Econômicas (BEA, na sigla em inglês) divulga nesta quinta-feira dados do PIB dos Estados Unidos do último trimestre de 2020. Economistas ouvidos pelo diário The Wall Street Journal previram um aumento de 4,1% no PIB do quarto trimestre, em termos anualizados. Caso se confirme algo em torno disso, terá havido uma queda acentuada em relação ao terceiro trimestre, quando o PIB americano cresceu a uma taxa anualizada de 33,4%. Apesar do desempenho ainda razoável em tempos de pandemia, é certo que o ritmo de recuperação da economia do país desacelerou no final do ano passado, o que aponta para um cenário ainda nebuloso em 2021.

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Na terça-feira, em seu relatório “Panorama Econômico Mundial”, o Fundo Monetário Internacional melhorou sua projeção para a economia americana. Depois de prever que o PIB americano sofreria uma queda de 3,4% em 2020, o FMI projeta uma expansão de 5,1% para este ano, 2 pontos percentuais acima do que havia previsto em seu relatório de outubro do ano passado. Segundo o órgão, a revisão para cima reflete o forte impulso da economia ao longo do segundo semestre de 2020 e o suporte adicional dado pelo pacote fiscal aprovado em dezembro, quando o presidente Donald Trump assinou um plano de estímulo de 900 bilhões de dólares.

A economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, disse que o novo pacote de estímulo econômico proposto há duas semanas pelo presidente Joe Biden, de 1,9 trilhão de dólares, poderia impulsionar a economia americana em 1,25% neste ano e em até 5% ao longo de três anos. O “Plano de Resgate Americano” de Biden prevê, entre outras coisas, financiar um programa nacional de vacinação, criar fundos de emergência para os governos estaduais e locais, fornecer ajuda direta a empresas e famílias (incluindo um cheque de 1.400 dólares para milhões de americanos) e dobrar o salário mínimo (que subiria para 15 dólares a hora).

A promessa de mais ajuda financeira da Casa Branca fez aumentar o otimismo, mas o dinheiro do governo federal ainda pode demorar semanas até chegar às famílias e empresas necessitadas. Além disso, não está claro o tamanho da ajuda que vai passar no Congresso. Líderes republicanos, como o senador Mitt Romney, questionam a necessidade de um pacote de estímulo da magnitude proposta por Biden, menos de um mês depois de o Congresso ter aprovado uma ajuda emergencial de 900 bilhões de dólares (que Trump demorou cinco meses para conseguir aprovar). Romney defende um pacote com escopo menos ambicioso, focado em medidas de alívio contra a pandemia.

 

Três possíveis cenários

Um estudo do instituto Conference Board diz que a recuperação da economia americana em 2021 dependerá do tamanho do novo pacote de estímulo de Biden e do tempo que ele vai demorar para ser implantado. Outras variáveis importantes são o ressurgimento do coronavírus e as eventuais medidas de bloqueio da economia, a efetividade da campanha de vacinação contra a covid-19 e o grau de volatilidade da transição política. No cenário mais provável, o Conference Board prevê uma expansão de 4,1% do PIB do país em 2021. No cenário mais otimista, a previsão é que a economia cresça 6,4 %. No quadro mais pessimista, o crescimento previsto neste ano é de apenas 0,8%.

O cenário mais provável supõe que os novos casos de covid-19 atinjam o pico já no primeiro trimestre de 2021, tornando desnecessária a imposição de um amplo lockdown no país. A aplicação das vacinas se aceleraria no segundo trimestre. O pacote de estímulo de dezembro de 2020 estaria totalmente implantado no primeiro trimestre e um pacote de estímulo adicional seria colocado em prática já no segundo trimestre. Os mercados de trabalho e de consumo desacelerariam ligeiramente no primeiro trimestre, mas se recuperariam até o terceiro trimestre. A transição política não teria nenhum impacto na confiança dos consumidores ou dos empresários. Nesse cenário, a economia do país retornaria aos níveis pré-pandemia em agosto de 2021.

No cenário mais otimista, os novos casos de covid-19 diminuiriam drasticamente no final do primeiro trimestre. As vacinas seriam aplicadas rapidamente no primeiro trimestre e ficariam amplamente disponíveis no início do segundo trimestre. O pacote de estímulo de dezembro de 2020 seria totalmente implantado no primeiro trimestre e um pacote de estímulo adicional seria lançado até o início do segundo trimestre. Haveria forte recuperação do consumo e do emprego já no primeiro trimestre. A transição política não prejudicaria a confiança dos consumidores ou dos empresários. Nesse cenário, a economia americana retornaria aos níveis de antes da pandemia já em abril deste ano.

Por fim, no cenário mais pessimista, haveria grande aumento nos casos de covid-19 no primeiro trimestre, o que levaria à imposição de um lockdown generalizado no país. Seria necessário um longo período para a distribuição das vacinas ou seria constatada a sua ineficácia contra novas cepas do coronavírus. Não haveria um estímulo fiscal adicional em 2021. O desemprego e o consumo se agravariam no primeiro semestre deste ano. A volatilidade da transição política abalaria a confiança dos empresários e dos consumidores. Nesse pior cenário, a economia americana não retornaria aos níveis pré-pandemia antes de 2022.

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