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2016 pode se tornar o ano mais mortal para os refugiados

Apenas em 2016, 4.027 pessoas morreram tentando chegar à Europa. Esse número já é 26% maior que o observado em 2015 no mesmo período

Embarcação e coletes abandonados em Lesbos, Grécia: mortes de refugiados e imigrantes em 2016 já supera o registrado em 2015 (Milos Bicanski / Stringer)

Gabriela Ruic

Publicado em 2 de agosto de 2016 às 11h26.

São Paulo – O drama dos refugiados que tentam chegar até a Europa parece não ter fim. Em um relatório divulgado nesta manhã, a Organização Internacional para Migrações (OIM) revelou que foram registradas 4.027 mortes no primeiro semestre de 2016.

Esse número é 26% maior que o observado em 2015 no mesmo período. Se nada for feito e esse ritmo de fatalidades não diminuir, 2016 pode se tornar o ano mais mortal dessa crise .

E as rotas mais perigosas continuam sendo aquelas que atravessam o Mar Mediterrâneo. De acordo com os dados compilados pelo Missing Migrants Project, 3.120 dessas mortes aconteceu durante essas travessias.

Ao todo, 257.186 imigrantes e refugiados chegaram em solo europeu em 2016 depois de cruzar o Mediterrâneo. A maioria deles desembarcou na Itália ou Grécia, sendo que 24 mil realizaram essa jornada apenas em julho.

A mais mortal das rotas por mar é a central, na qual os refugiados ou imigrantes desembarcam na Itália. Esse trajeto registrou quase 95 mil desembarques e cerca de 2.700 mortes. No caso da rota que chega à Grécia , o número de mortes é significativamente menor (383), embora tenha observado mais chegadas (pouco mais de 160 mil).

Veja abaixo outros números sobre as rotas de refugiados e imigrantes via o Mediterrâneo:

Mortes em terra

Os imigrantes e refugiados que chegam à Europa por terra não deixam de estar vulneráveis. Segundo os números do relatório atual da OIM, 26 pessoas morreram só neste ano, número levemente menor que o de 2015, quando 31 mortes aconteceram.

A região que oferece o pior cenário é no norte da África, onde milhares de pessoas tornam-se alvos de traficantes violentos e arriscam suas vidas em embarcações precárias. Lá, foram registradas 342 mortes, três mais que no ano anterior.

Crise

Com o aumento na incidência de ataques terroristas na Europa, cresce a pressão nos governos para que controlem ainda mais a entrada de refugiados e imigrantes, numa tentativa de conter o extremismo. A situação é ainda mais delicada na Alemanha , que já recebeu um milhão de pessoas só em 2015.

Contudo, Angela Merkel deixou claro que não mudará as regras para concessão de asilo no país por conta dos episódios recentes de violência registrados no país, mas prometeu desenvolver um programa de alerta que possa ajudar na detenção de pessoas radicalizadas e que acelere o processo de deportação daquelas que tiverem o pedido de asilo negado.

São Paulo – O Prêmio Pulitzer, maior honraria do jornalismo internacional, anunciou seus vencedores no início desta semana e trouxe a crise dos refugiados para o centro das atenções de uma de suas mais consagradas categorias, a “Fotojornalismo”. A situação dessas pessoas parece não melhorar. Se antes conseguiam entrar com relativa tranquilidade nos países europeus, agora os refugiados enfrentam a política de deportação firmada entre União Europeia e Turquia. Entre as crianças refugiadas, o cenário é ainda pior. Nesta semana, a Alemanha revelou que quase 8 mil menores desacompanhados foram registrados como desaparecidos. Teme-se que tenham sido forçados a entrar numa vida de prostituição e exploração. A maioria dessas pessoas vêm de países como Síria e Iraque, devastados por guerras e pelo problema da atividade terrorista do grupo extremista Estado Islâmico . Para tentar sobreviver, deixam tudo para trás em busca de uma nova vida em solo europeu. Arriscam-se por fronteiras terrestres ou embarcações precárias via Mar Mediterrâneo. Só em 2016, 179 mil pessoas atravessaram o mar em direção à Europa e 737 mortes foram registradas, revelaram números atualizados da Organização Mundial para Migração (IOM). Em 2015, o total de refugiados que realizaram essa jornada entre janeiro e abril foi de 23 mil.  Prêmio Pulitzer Neste ano, esse prêmio na categoria “ Fotojornalismo ” foi dividido pelas equipes da agência de notícias Reuters e do jornal americano The New York Times. A equipe da Reuters acompanhou grupos de refugiados pelas fronteiras europeias e o trabalho foi elogiado pela força e identidade de cada imagem registrada. Já a equipe do NYT recebeu o prêmio por ter retratado com fidelidade a determinação dos refugiados e os perigos das suas jornadas. No site do Prêmio Pulitzer, é possível conferir todas as fotografias premiadas na edição 2016 da honraria. Nesta galeria, EXAME.com apresenta algumas delas. E fica o alerta: as imagens são fortes.
  • 2. Pulitzer 2016

    2 /17(REUTERS/Yannis Behrakis)

  • Veja também

    Foto de Yannis Behrakis, da Reuters, registrada entre a Turquia e a Grécia em agosto de 2015.
  • 3. Pulitzer 2016

    3 /17(REUTERS/Yannis Behrakis)

  • Foto de Yannis Behrakis registrada em Lesbos, Grécia, em setembro do ano passado.
  • 4. Pulitzer 2016

    4 /17(REUTERS/Alkis Konstantinidis)

    O corpo de um refugiado não identificado é fotografado na costa de Lesbos, na Grécia, depois de ter sido levado à praia pela maré do Mar Mediterrâneo. Foto de Alkis Konstantinidis
  • 5. Pulitzer 2016

    5 /17(REUTERS/Alkis Konstantinidis)

    Imagem de Alkis Konstantinidis mostra um refugiado sírio tentando nadar em direção à costa de Lesbos, na Grécia, depois de seu bote ter naufragado a 100 metros da praia.
  • 6. Pulitzer 2016

    6 /17(REUTERS/ Srdjan Zivulovic)

    Na Eslovênia, refugiados caminham nos arredores de Brezice, Foto registrada por Srdjan Zivulovic, da Reuters.
  • 7. Pulitzer 2016

    7 /17(REUTERS/Yannis Behrakis)

    De acordo com a Reuters, o homem que se vê dentro do ônibus chegou à capital grega Atenas em uma embarcação que transportava 2.500 refugiados que desembarcaram na ilha de Lesbos em outubro do ano passado. Foto de Yannis Behrakis.
  • 8. Pulitzer 2016

    8 /17(REUTERS/Yannis Behrakis)

    Senhora palestina de 70 anos que vivia em Aleppo, Síria, é fotografada na ilha de Kos, na Grécia depois de atravessar do Mar Egeu, na Turquia. Foto registrada por Yannis Behrakis em agosto do ano passado.
  • 9. Pulitzer 2016

    9 /17(REUTERS/Yannis Behrakis)

    Homem salta de embarcação lotada para a praia na ilha de Lesbos, na Grécia, em outubro do ano passado. A foto é de Yannis Behrakis.
  • 10. Pulitzer 2016

    10 /17(REUTERS/Alexandros Avramidis)

    Policial da Macedônia levanta o cassetete em direção aos refugiados para impedir que ultrapassem a fronteira com a Grécia. Foto de Alexandros Avramidis registrada em agosto do ano passado.
  • 11. Pulitzer 2016

    11 /17(REUTERS/Bernadett Szabo)

    Refugiados sírios entram na Hungria via Sérvia e se arriscam embaixo de arames farpados que delimitam as fronteiras entre os países. Foto registrada por Bernadett Szabo em agosto do ano passado.
  • 12. Pulitzer 2016

    12 /17(REUTERS/Alkis Konstantinidis)

    Refugiado sírio tenta respirar no meio da multidão enquanto aguarda para ser registrado em Kos, na Grécia. Foto de Alkis Konstantinidis capturada no ano passado.
  • 13. Pulitzer 2016

    13 /17(REUTERS/Yannis Behrakis)

    Refugiados caminham pela lama na fronteira entre a Grécia e a Macedônia. Foto de Yannis Behrakis registrada em setembro de 2015.
  • 14. Pulitzer 2016

    14 /17(REUTERS/Stoyan Nenov)

    Policial tenta impedir que homem entre em um trem pela janela na Macedônia. Foto de Stoyan Nenov registrada em agosto de 2015.
  • 15. Pulitzer 2016

    15 /17(REUTERS/Yannis Behrakis)

    Refugiados imploram a policial da Macedônia que os deixem atravessar a fronteira da Grécia durante uma tempestade. A imagem é de Yannis Behrakis e foi registrada em setembro do ano passado.
  • 16. Pulitzer 2016

    16 /17(REUTERS/Michael Dalder)

    Refugiados são guiados por policiais alemães para um centro de registros na cidade de Passau. Esse grupo, revela a Reuters, teria chegado em solo alemão pela fronteira com a Áustria. A imagem é de Michael Dalder e foi capturada em outubro do ano passado.
  • 17. Agora veja a gravidade da guerra da Síria

    17 /17(Getty Images)

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