10 mil fugiram da violência contra minoria muçulmana em Mianmar
Milhares de rohingyas denunciam ser alvo de assassinatos, estupros coletivos e torturas cometidos por soldados birmaneses
AFP
Publicado em 30 de novembro de 2016 às 13h47.
Mais de 10.000 muçulmanos rohingyas que fogem da violência no oeste de Mianmar ingressaram em Bangladesh desde o mês passado, informou a ONU.
"De acordo com os dados de diferentes agências humanitárias, calculamos que o número de pessoas foragidas é de 10.000 nas últimas semanas", declarou Vivian Tan, porta-voz regional do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
"Mas o número real pode ser muito mais elevado", acrescentou.
Na segunda-feira, vários barcos foram rejeitados por Bangladesh, que ignora os apelos para receber esta minoria apátrida muçulmana em seu território.
Milhares de rohingyas denunciam ser alvo de assassinatos, estupros coletivos e torturas cometidos por soldados birmaneses.
Ignorando os apelos de dentro e fora do país para abrigar os rohingyas, Bangladesh preferiu exigir que Mianmar adote "medidas urgentes" para conter o fluxo de refugiados.
Durante as duas últimas semanas, mais de mil de rohingyas, incluindo mulheres e crianças, tiveram a entrada negada no país.
Também de acordo com a ONU, 30.000 pessoas foram deslocadas pela violência que deixou dezenas de mortos desde o início da operação do exército birmanês após ataques a delegacias em outubro.
Um representante local da ONU afirmou na semana passada que as ações do exército contra os rohingyas se assemelhavam a uma "limpeza étnica".
Os rohingyas são considerados estrangeiros em Mianmar, apesar da presença de algumas famílias no país há várias gerações.
O pais não reconhece sua cidadania e eles vivem marginalizados da sociedade, em condições de miséria.
O avanço do nacionalismo budista em Mianmar nos últimos anos aumentou a hostilidade contra os rohingyas.