10 emocionantes histórias dos sobreviventes de Auschwitz
Conheça as histórias de ex-prisioneiros de Auschwitz que ainda estão vivos para contar ao mundo os horrores que testemunharam durante a 2ª Guerra Mundial
Gabriela Ruic
Publicado em 27 de janeiro de 2015 às 12h01.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h52.
São Paulo – O mundo comemora nesta terça-feira os 70 anos da chegada das tropas soviéticas ao complexo de campos de concentração e extermínio Auschwitz-Birkenau e a consequente libertação dos últimos prisioneiros do local no dia 27 de janeiro de 1945. Ao todo, estima a fundação Auschwitz Museum, 50 mil pessoas foram levadas para outros campos dias antes da tomada do complexo pelo exército vermelho, que conseguiu resgatar sete mil com vida. Segundo a entidade, 1,5 milhão de prisioneiros (homens, mulheres, crianças e idosos) foram executados ao longo dos cinco anos de funcionamento de Auschwitz-Birkenau. Atualmente, apenas 300 sobreviventes que testemunharam os horrores daquele local estão vivos e a judia Miriam Ziegler, 79 anos, faz parte deste grupo. Em 1940, ela fugiu da cidade de Radom ( Polônia ) com sua família, que acabou separada por um tempo. Escondida na fazenda de um conhecido, contou ela ao canal canadense CTV News, assumiu o papel de sobrinha daquele homem, pois tinha medo que os oficiais alemães descobrissem a sua verdadeira identidade. Reencontrou a família logo depois e, aos 8 anos, foi enviada com eles para Auschwitz. A partir daquele momento, sua memória passou a falhar, ou talvez tenha ficado mais seletiva. Recorda-se de que foi levada para um local cheio de crianças, onde encontrou primos e fez amigos. Era nestas pessoas que os oficiais do complexo realizavam experimentos médicos. “Algumas voltavam, outras não”, relatou ela. “Uma vez estive entre as escolhidas e lembro apenas de ter sido levada de volta ao dormitório com dores nas pernas e no quadril.” Miriam foi uma das pessoas libertadas pelos soviéticos e viveu em orfanatos até ir para o Canadá, onde se estabeleceu. Reencontrou sua mãe anos depois e se casou com outro judeu que, como ela, viveu a dor do holocausto. “Tive a sorte de sobreviver”, finalizou. Nas imagens, conheça outros ex-prisioneiros de Auschwitz que ainda estão vivos para contar as suas histórias.
Pivinik nasceu na Polônia em 1º de setembro de 1926 e, em 1939, na época de seu aniversário, as tropas nazistas atacaram o país. “Nunca celebrei meu aniversário”, contou ele ao jornalista Adrian Weale, que produziu um documentário sobre sua história. “O que deveria fazer com a data? Nada. Então deixei pra lá”, lamentou. Sua família desembarcou no complexo em agosto de 1943 e logo seus pais e irmãos foram mortos. Pivinik passou seis meses preso até ser levado para trabalhar no descarregamento dos trens que chegavam ao complexo. Ele conta que todos os prisioneiros andavam sempre com a cabeça baixa, encarando o chão. “Esperávamos o momento em que eles (os aliados) viriam nos resgatar e questionávamos onde estava Deus e o porquê de ele não ter tempo para nos salvar.”
Rose passou quatro meses em Auschwitz-Birkenau quando tinha apenas 14 anos de idade. Segundo relatado por ela ao jornal americano UT San Diego, era uma forte candidata a ser enviada para câmara de gás, pois era considerada “magra demais” para a rotina de trabalho forçado no campo. Um dia, conseguiu se infiltrar em um caminhão que levava outros prisioneiros até uma fábrica no qual eram feitas máscaras de gás e uniformes das tropas nazistas. Ficou no local até o fim da 2ª Guerra Mundial e vive nos Estados Unidos desde 1951.
Pekats chegou ao complexo em 1943. Estava acompanhado de seus irmãos e de sua mãe, que carregava ainda sua irmã caçula nos braços. Os oficiais tentaram separar as duas sem sucesso, até que as levaram embora, marcando a última vez que ele as viu. O jornal Washignton Post acompanhou a chegada de Pekats, que vive nos EUA, ao complexo nesta terça-feira e esta foi a primeira vez que ele retornou ao local. “Meu Deus, meu Deus!”, disse ao adentrar os portões ainda tentando controlar as lágrimas, “foi aqui que elas morreram, foi aqui que eles as tiraram de nós. Eu consigo ver tudo”, exclamou.
A húngara Susan hoje tem 84 anos de idade e vive em Londres. Segundo ela, quando chegaram ao complexo, sua mãe foi imediatamente direcionada para as câmaras de gás, enquanto que ela foi submetida ao trabalho forçado. Um dia, ela e um grupo de prisioneiros foram levadas da Polônia para a Alemanha por guardas. Caminharam dia e noite em pleno inverno até chegarem a outro campo de concentração chamado Belsen. Susan foi libertada por tropas britânicas em 15 de abril de 1945.
Rosenthal nasceu na Hungria e hoje vive nos Estados Unidos. Uma de suas memórias mais vivas do tempo que passou em Auschwitz-Birkenau é do momento em que chegou ao local: “se você passar deste ponto, será morto”, dizia uma frase pintada próxima ao portão de entrada, na contramão do fluxo de pessoas. “Em seguida, alguém se virou para mim e disse que ninguém sairia de lá com vida”, contou à rede de notícias americana NBC. “Considero um verdadeiro feito o fato de eu ter conseguido”, lembrou.
Edith nasceu em 1926 na então Tchecoslováquia e passou três dias em um trem até chegar ao complexo Auschwitz-Birkenau. Estava em um vagão com dezenas de pessoas e apenas um balde para as necessidades fisiológicas. Segundo ela, em relato ao jornal britânico The Daily Mai l, ninguém sabia o que iria acontecer. Contudo, no momento em que desembarcaram, ao ouvir os gritos dos guardas e ao ver o que descreveu como sendo “uma montanha de cadáveres”, ela soube exatamente onde estava. Edith viveu em outros sete campos até ser libertada em Belsen, na Alemanha, por tropas britânicas em 1945. Hoje ela vive em Londres.
Na primavera de 1940, no meio da noite, oficiais alemães e húngaros invadiram a casa da família de Pearl. Todos foram levados até a estação de trem e eram pressionados a entrar o mais rápido possível. Aqueles que tinham dificuldades para se locomover eram espancados ou alvejados. A viagem até Auschwitz-Birkenau durou dois dias. “Quando as portas finalmente se abriram, mortos e vivos caíram para fora do trem. Os sobreviventes foram levados para uma tenda, enquanto os que morreram eram pisoteados”, relatou Pearl.
Susan foi levada ao complexo em 1944 com sua mãe Helen e a irmã Lilian. Logo na chegada, foram separadas: ela foi levada aos campos de trabalho forçado, enquanto que sua mãe e irmã foram executadas nas câmaras de gás. “Quando você passa pelo inferno e sobrevive, nada mais importa que ser feliz”, contou ela ao jornal britânico The Daily Mail.
Nascido na Polônia em 1926, Riseman esteve em dois diferentes campos de concentração até chegar em Auschwitz com sua família. Ficou no local até ser finalmente libertado em 1945 pelas tropas soviéticas. Segundo ele, durante todo o tempo em que passou preso, não conseguiu rezar sequer um dia. Hoje ele vive em Londres.
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