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Goldman aponta 10 razões para ações subirem mais. Mas vê risco de correção

Estrategista-chefe do banco americano vê novo ciclo de investimentos pela frente e continuidade do processo de transformação digital

 (Brendan McDermid/Reuters)

(Brendan McDermid/Reuters)

MS

Marcelo Sakate

Publicado em 8 de setembro de 2020 às 14h44.

Última atualização em 8 de setembro de 2020 às 16h06.

A forte queda nas ações nos Estados Unidos nos últimos dias acendeu o sinal amarelo entre investidores sobre uma possível correção nas cotações. Para o estrategista-chefe global de ações do Goldman Sachs, Peter Oppenheimer, no entanto, ainda há motivos para que as bolsas americanas continuem a subir. Mais precisamente, dez motivos, que elencou no relatório "10 reasons why this bull market has further to run" ("10 razões pelas quais ainda há espaço para o bull market"), distribuído a clientes no início desta semana.

Oppenheimer ressalta que esta é uma recessão incomum não apenas por causa da profundidade da queda da atividade e do alcance global mas também porque não foi provocada por fatores econômicos ou de mercado, muitas vezes com causas estruturais.  Nesse sentido, a crise atual traz muitos dos fatores que caracterizam o bear market provocado por eventos específicos (caso da pandemia), com duração mais curta.

O bear market é a expressão que define fases prolongadas de baixa nas ações, em contraste com o bull market, que define períodos de valorização.

"Certamente, os mercados estão vulneráveis a uma correção no curto prazo, particularmente se a forte recuperação econômica que os mercados já precificaram perder força", afirma o estrategista-chefe global do Goldman Sachs. Ele pondera também que o ciclo atual provavelmente vai oferecer retornos mais baixos do que o anterior (que durou de 2009 a 2020, até a pandemia), dado o fato de que as taxas de juros já estão baixas.

"Mas nenhuma dessas restrições deve ser suficiente para tirar o bull market sob uma perspectiva estrutural ou para fazer as ações renderem menos do que os títulos", diz.

Veja abaixo as dez razões:

  1. A economia americana está ainda na primeira fase do que ele chama de novo ciclo de investimentos que acontece depois de profundas recessões;
  2. A recuperação economia parece mais duradoura à medida que uma vacina para o novo coronavírus se torna mais factível;
  3. As projeções para a economia foram revisadas para melhor e é provável que os analistas façam o mesmo com relação às empresas;
  4. O indicador de bear market do banco aponta para risco baixo de o mercado entrar nessa fase de baixa, a despeito dos valuations elevados;
  5. A política econômica -- monetária e fiscal -- continua a ser propícia para ativos de risco;
  6. O prêmio de risco das ações ainda tem espaço para cair;
  7. A volta da política de juros nominais em zero, junto com os guidances dos bancos centrais, abre espaço para juros reais negativos ainda maiores. Ponto para ativos de risco.
  8. As ações podem servir como proteção para expectativas mais altas de inflação.
  9. As ações parecem baratas comparativamente ao tamanho da dívida das companhias, especialmente para aquelas com balanços fortes;
  10. A revolução digital continua a ganhar força, e as companhias do setor de tecnologia devem puxar o valuation e os retornos do mercado para cima.

Mas existem riscos

Apesar das perspectivas favoráveis para que o mercado de ações continue a se valorizar, existem riscos que não devem ser desconsiderados, diz Oppenheimer.

No curto prazo, o maior risco é que a rápida recuperação da atividade comece a perder tração. "Nesse caso, nós vemos espaço para uma correção de até 10%", afirma o estrategista-chefe global de ações do Goldman. Outro risco relacionado é que uma desaceleração da economia possivelmente reduziria novamente as expectativas de inflação e os retornos dos títulos. Como as taxas de juros nominais já estão no piso, isso levaria a um aumento dos juros reais, com reflexos sobre os preços das ações.

 

 

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