ESG

Cury estreia com IPO e marca 150 empresas no Novo Mercado da B3

Construtura da Cyrela começa a ser negociada com ação a R$ 9,35 e reforça padrão de governança mais elevado para companhias na B3

Cresce a adesão de empresas ao segmento Novo Mercado da bolsa brasileira (Patricia Monteiro/Bloomberg/Getty Images)

Cresce a adesão de empresas ao segmento Novo Mercado da bolsa brasileira (Patricia Monteiro/Bloomberg/Getty Images)

MS

Marcelo Sakate

Publicado em 21 de setembro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 21 de setembro de 2020 às 13h20.

A fila de IPOs na bolsa brasileira continua a andar com a estreia na construtora Cury na B3 nesta segunda-feira, 21. É a 14ª companhia a fazer a sua estreia neste ano.

A ação da Cury será negociada no Novo Mercado, segmento com os padrões mais elevados de governança na B3 e que completa 20 anos de existência em 2020. Será por alguns dias a 150ª companhia da bolsa brasileira nesse segmento, até o próximo IPO ou migração de companhia entre os níveis existentes.

Todas as 14 ofertas iniciais de ações neste ano aconteceram no Novo Mercado, em linha com a valorização de padrões de governança por investidores -- é um dos componentes que integram os princípios ESG (environment, social and governance, em inglês).

Uma exceção teria sido a oferta inicial da mineradora canadense Aura, que decidiu negociar Brazilian Depositary Receipts, os BDRs, patrocinados apenas para fundos de investimento. Mas, por se tratar de BDRs, pode não entrar na contagem dos IPOs.

Para entrar no Novo Mercado, empresas precisam estruturar o capital de modo que seja formado apenas por ações ordinárias com direito a voto, manter 15% das ações em negociação (o free float) em caso volume diário de negociação acima de 25 milhões de reais e atender a uma série de padrões de transparência -- como manter conselheiros independentes -- e de respeito aos direitos dos acionistas minoritários.

"O Novo Mercado se tornou um conjunto de regras que ajuda as empresas no processo de busca e aperfeiçoamento da governança, algo que é cada vez mais uma preocupação dos investidores", afirma Flávia Mouta, diretora de Emissores da B3. Ela ressalta, no entanto, que o segmento não pode ser encarado como solução para tudo, em referência ao papel desempenhado por outras instituições do mercado de capitais.

Preço aquém da faixa

A estreia da Cury, uma construtora especializada em imóveis para baixa renda em São Paulo e no Rio de Janeiro, acontece com a ação a 9,35 reais. O preço foi fixado na última quinta-feira, 17, abaixo da faixa indicativa de 11 reais a 14,30 reais, em ajuste realizado diante dos valores que investidores institucionais, como gestoras, estavam dispostas a pagar.

A Cury conseguiu captar 850 milhões de reais com oferta primária de 170 milhões de reais (em que os recursos vão para o caixa da companhia) e secundária de 680 milhões de reais (recursos para os acionistas que colocam ações à venda). Havia uma expectativa de que esse montante poderia chegar a 1,150 bilhão de reais caso a oferta tivesse saído com o preço da ação no meio da faixa indicativa.

Ainda assim, o valor captado deve subir para 977,5 millhões de reais com a venda de lote suplementar. Nesse cenário, a Cyrela vai continuar como principal acionista, com 30,97% das ações ordinárias (tinha 48,25% antes do IPO), enquanto Fabio Elias Cury ficará com 18,30% (tinha 34,74%). Outros 35,82% das ações ficarão em circulação no mercado.

A fixação de preços de estreia abaixo da faixa indicativa já havia acontecido com outras ofertas iniciais recentes, casos de Pague Menos, Lavvi, Plano&Plano. Por outro lado, Grupo Soma, Quero-Quero e Petz conseguiram concluir seu IPO com preços de ações no meio da faixa indicativa, um sinal de receptividade de grandes investidores.

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