Macri: “Minha única prioridade é cuidar dos argentinos e lhes levar alívio”, afirmou o presidente (Mario De Fina/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 16 de agosto de 2019 às 06h58.
Última atualização em 16 de agosto de 2019 às 10h04.
Um dos temas que dominaram a agenda política e financeira internacional no início da semana deve ser também fonte de atenção nesta sexta-feira. Investidores e analistas estarão de olho na reação de eleitores, políticos e investidores a uma nova investida populista do presidente argentino, Mauricio Macri.
Na noite desta quinta-feira Macri anunciou uma nova leva de medidas em um pacotão para aliviar a crise econômica e aumentar o poder de compra da população. O governo anunciou a eliminação do IVA, o impostos sobre valor agregado, de produtos básicos como pães, arroz, leite, mate e azeite. Na quarta-feira, Macri já havia anunciado medidas como aumento do salário mínimo e congelamento do preço dos combustíveis.
As medidas começam a valer imediatamente, e terão vigência até 31 de dezembro. “Minha única prioridade é cuidar dos argentinos e lhes levar alívio”, afirmou o presidente, em vídeo.
Até o obelisco da capital argentina sabe que a prioridade de Macri é evitar uma derrota nas eleições agendadas para o dia 27 de outubro. No último domingo, uma prévia eleitoral colocou o candidato de oposição, Alberto Fernández, que tem a ex-presidente Cristina Kirchner como vice, 16 pontos à frente de Macri.
A nova leva de medidas populistas de certa forma antecipa os temores de investidores de que um governo menos preocupado com as contas públicas e as reformas pode estar à frente da Casa Rosada em 2020. E só é possível pelo sistema político sui generis do país, que tem em seu comando um político desesperado por tirar uma desvantagem eleitoral escancarada nas urnas.
As medidas visam também conter a inflação e a fuga de dólares do país, mas vão contra a agenda reformista de Macri e contra declarações recentes de integrantes do governo. Em abril de 2018, o então ministro da Produção, Franciso Cabrerar, afirmou que o governo não implementaria um controle de preços porque ele “falhou nos últimos 4.000 anos”. Agora, o atual ministro da Produção, Dante Sica, insiste que o controle é temporário e visa dar uma resposta à instabilidade trazida pelo resultado das urnas.
Mais do que saber se Macri sobrevive após outubro, a grande pergunta entre analistas, agora, é se a Argentina sobrevive até outubro.