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Medidas mostram Macri "desesperado e populista" após fiasco nas urnas

Presidente argentino lança novo pacote após derrota avassaladora e em meio a derretimento financeiro, mas economistas são céticos sobre o impacto

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Mauricio Macri: Segundo o presidente argentino, medidas representam um "alívio" para 17 milhões de pessoas (Mario De Fina/Getty Images)

Mauricio Macri: Segundo o presidente argentino, medidas representam um "alívio" para 17 milhões de pessoas (Mario De Fina/Getty Images)

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Ligia Tuon

Publicado em 14 de agosto de 2019 às, 14h01.

Última atualização em 14 de agosto de 2019 às, 20h24.

São Paulo - Populismo e desespero: as duas palavras foram usadas para classificar o pacote de medidas econômicas anunciados nesta quarta-feira (14) por Mauricio Macri, presidente da Argentina, dias após uma derrota avassaladora nas prévias eleitorais.

As medidas incluem o segundo aumento de salário mínimo do ano, bônus salariais para funcionários da iniciativa privada e públicos, alívio da carga tributária para a classe média, uma moratória para pequenas e médias empresas e o congelamento dos preços dos combustíveis por 90 dias.

Macri disse que as medidas representam um "alívio" para 17 milhões de pessoas e que apesar de ter privilegiado reformas estruturais em seu mandato, ouviu o recado das urnas.

O pacote é avaliado por economistas como uma tentativa desesperada de aumentar sua popularidade, mas que deve ser ineficaz para estimular a economia.

"O interessante é o timing. Imediatamente após as primárias, nas quais Macri teve uma performance muito ruim", diz Alberto Ramos, diretor de pesquisa para a América Latina do Goldman Sachs.

A previsão dos institutos de pesquisa era que o presidente argentino perderia por uma pequena margem para a chapa peronista de Alberto Fernandéz com a ex-presidente Cristina Kirchner de vice.

No entanto, Macri teve 32% dos votos contra 47% dos adversários, hoje posicionados para vencer a eleição já no primeiro turno em 27 de outubro.

"A pior coisa que pode acontecer agora, tanto para a popularidade de Macri, quanto para a Argentina, é o presidente virar populista", acrescenta Ramos.

Ele calcula que a expansão do gasto fiscal é da ordem de 0,1% a 0,2% do PIB do país, com pouco efeito sobre o Orçamento ou a atividade.

"As medidas podem trazer problemas para inflação, mas de forma limitada, porque, por outro lado, ele congelou os preços dos combustíveis", pondera Ramos.

Para Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, as medidas de Macri vão acelerar ainda mais a desvalorização do peso argentino.

"Isso só mostra ao mercado como Macri é um candidato desesperado e populista. Agora, vai ser uma corrida contra o peso", diz.

O mercado financeiro viveu dia de pânico na segunda-feira, quando principal índice da bolsa argentina, o Merval, desabou 38%, um dos maiores recuos da história dos mercados emergentes.

No pregão de ontem, recuperou parte das perdas, com alta de 10,22%. Hoje, abriu em alta de 1,28% já em reação ao anúncio das medidas.

Já o peso argentino registrou uma mínima histórica na segunda-feira atingindo 65 por dólar, recuperada parcialmente desde então. Pela manhã, caía 12,3% indo a 61 por dólar.

Para tentar conter o dólar, o Banco Central da Argentina subiu os juros, de 63,7% ao ano na sexta-feira para 74% ao ano ontem. 

Investidores temem o retorno de medidas da era Kirchner como controles do câmbio e de preços, restrições comerciais, aumento do déficit, novos subsídios, intervenções setoriais e restrições à divulgação de estatísticas.

A gestão Macri implementou uma série de medidas para liberalizar a economia e atrair investimentos, mas ele está próximo de encerrar o mandato com números de pobreza, desemprego, inflação e crescimento piores do que quando assumiu.

É a segunda vez desde o começo do ano que Macri lança mão de medidas consideradas heterodoxas para tentar reanimar a economia. Em abril, o líder argentino anunciou o congelamento de preços de 60 produtos básicos por seis meses.

A medida também foi chamada de eleitoreira, por ter sido anunciada dias depois de pesquisa eleitoral indicando o presidente atrás de sua antecessora, Cristina Kirchner, por oito pontos. Na época, ela ainda era cotada como candidata a presidente e não vice.

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