Outdoor Social: publicidade na periferia e geração de renda para famílias (Outdoor Social/Divulgação)
Marina Filippe
Publicado em 14 de setembro de 2020 às 15h24.
Última atualização em 14 de setembro de 2020 às 15h35.
Quando Emília Rabello fundou a Outdoor Social, em 2012, pouco se falava de negócios de impacto se compararmos com o efeito do tema na pauta das empresas durante a pandemia de covid-19. Mas inspirada no modelo de negócios sociais do economista Muhammad Yunus ela resolveu unir o mercado publicitário com a periferia brasileira.
Assim, a Outdoor Social mapeia locais dentro das periferias que podem receber anúncios publicitários, sendo geralmente muros residenciais, e os oferece para as empresas. Quando uma companhia anuncia naquele ponto, o dono da residência recebe uma parte do valor acordado. Na prática, é como se a empresa alugasse o muro mensalmente, e depois do período o anúncio é renovado ou o material retirado e levado para a reciclagem.
“Os moradores não imaginavam que o muro geraria renda e um impacto positivo enquanto as empresas ficam mais próximas de uma parte importante da população”, diz Rabello. Segundo ela, a empresa já imprimiu 68.941 painéis em 6.200 comunidades, auxiliando mais de 30.000 familias. Entre os clientes há marcas como Coca-Cola, Itaú, Bradesco, P&G, Basf, Tim, Oi, Claro, Enel e Havaianas. Além disso, o morador se associa a marcas que ele realmente acredita e usa. “Alguns deles não gostam de, por exemplo, se associar a bebidas alcoólicas devido à religião”, diz.
A pandemia não prejudicou os negócios, pelo contrário. Até agosto o faturamento foi de 80% quando comparado ao total de 2019. Segundo a executiva, todos os anos a empresa cresce em torno de 10%, mas neste ano a previsão de crescimento é de 22%. “A pandemia ampliou o olhar das empresas para uma comunicação efetiva com diferentes classes sociais. No Brasil, a população periférica tem potencial de consumo de 159 bilhões de reais, e isso não pode ser ignorado”, afirma.
Neste cenário, a Outdoor Social aproveitou para lançar novos serviços, como uma rede de Wi-Fi que o morador acessa gratuitamente após assistir à publicidade. Iniciado em maio em Heliópolis, em São Paulo, nos primeiros 90 dias o projeto atingiu 80.000 pessoas, provendo 1.500 acessos de 33 minutos em média.
"Mais do que levar a marca para o muro e para a tela do morador, começamos a dar mais acesso e oportunidades", afirma. Para o futuro, a empresa espera continuar crescendo e oferecendo novos serviços.