Após falsificação, Nike reduz preço de camisa oficial em 35%
A promoção foi feita antes da semifinal porque muitos torcedores estão comprando versões falsificadas em vez das originais
Da Redação
Publicado em 8 de julho de 2014 às 15h33.
Belo Horizonte - A Nike Inc. está vendendo a camisa da seleção brasileira com 35 por cento de desconto em algumas lojas no país antes da semifinal da Copa do Mundo porque muitos torcedores estão comprando versões falsificadas em vez das originais.
A Centauro, unidade do Grupo SBF e maior rede varejista de materiais esportivos do Brasil, com 150 lojas, reduziu o preço de sua réplica principal em 35 por cento, para R$ 149 (US$ 67) no fim do mês passado, segundo funcionários entrevistados no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Belo Horizonte.
Hoje o Brasil joga contra a Alemanha, que é vestida pela concorrente da Nike , a Adidas AG, em busca de um lugar na final, no dia 13 de julho.
O preço inicial da camisa, de R$ 229 -- quase um terço do salário mínimo mensal -- é proibitivo para a maior parte dos 200 milhões de brasileiros e muitos deles estão comprando em um “gigantesco” mercado negro de camisas da seleção nacional, disse Amir Somoggi, consultor de marketing esportivo de São Paulo.
A Nike paga cerca de US$ 60 milhões à Confederação Brasileira de Futebol pelo patrocínio, segundo Somoggi.
“O retorno da camisa para a Nike é muito maior sob o ponto de vista de marca do que financeiramente”, disse Somoggi, acrescentando que isso permite à Nike associar-se com estrelas como o atacante Neymar. “A maioria das pessoas não ganha o suficiente para poder pagar pela camisa”.
O porta-voz da Nike, Charlie Brooks, preferiu não comentar sobre os termos do acordo com a CBF, nem forneceu os números sobre as vendas. José Neto, porta-voz do Grupo SBF, que tem sede em São Paulo, não retornou imediatamente um e-mail em busca de comentário sobre por que a empresa reduziu o preço da camisa em 35 por cento.
Camisas sem marca
Em uma rua de Salvador, no mês passado, a Bloomberg News contou 20 lojas ou barracas que vendiam versões da camisa amarela que não haviam sido fabricadas pela Nike.
Josélia Braz, que estava comercializando camisas amarelas a R$ 30 e sem marca, porém com o símbolo da CBF, disse que saíam entre 200 e 300 camisas por dia.
“As pessoas realmente não se importam de não ser a camisa oficial, elas ligam mais para o preço”, disse Braz, 32, em uma manhã recente.
“Quando virmos produtos falsificados, nós sempre trabalharemos com as autoridades competentes”, para tentar parar isso, disse Brooks.
É improvável que a polícia brasileira vá atrás dos vendedores de camisas falsificadas do Brasil de forma tão proativa quanto persegue outros produtos falsos, segundo Joaquim Falcão, professor e diretor da FGV Direito Rio, faculdade de direito do Rio de Janeiro.
“Imaginem hoje se a polícia federal vai promover a queima pública das camisas da seleção brasileira, com televisão ao vivo, como promovia, há alguns anos, queimas públicas de CDs e DVDs piratas”, escreveu Falcão, em um blog, no mês passado. “Isso prejudicaria a imagem da polícia”.
Desafiando a Adidas
Embora “não haja forma” de o acordo da Nike com a seleção brasileira gerar dinheiro no Brasil, isso tem ajudado a companhia com sede em Beaverton, Oregon, EUA, a desafiar o domínio global da Adidas no mercado global de produtos sobre o futebol, que movimenta US$ 17 bilhões, segundo Paul Swinand, analista da Morningstar Inc. em Chicago, que monitora marcas de materiais esportivos.
“Sem o Brasil, a Nike não seria nem de perto tão grande no futebol”, disse Swinand.
Brooks, da Nike, disse que a camisa do Brasil é “de longe nosso produto mais vendido” em todo o mundo por causa do romance e da história da seleção nacional cinco vezes campeã do mundo, que tem entre seus ex-jogadores nomes como Pelé, Romário e Ronaldo.
“O Brasil sempre foi o segundo time favorito de todo mundo e isso será reavivado com a Copa do Mundo deste ano”, disse Brooks.