Mercado aquecido obriga shoppings a se expandirem
Grupos planejam inaugurar empreendimentos e ampliar a área dos atuais
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.
Rio de Janeiro - Impulsionados pelo crescimento do varejo, os shopping centers vivem um bom momento no Brasil. Com expectativa de crescimento de 15% nas vendas este ano, o setor já registrou um aumento de 13,75% nos primeiros oito meses de 2010. Em 2009, o mercado faturou R$ 71 bilhões. De olho no bom desempenho, grupos como BR Malls, Aliansce, Ancar e Iguatemi investem em expansão e em novos empreendimentos.
Segundo dados da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), mais de 20 shoppings serão inaugurados no Brasil até 2012. O conforto, a praticidade e a segurança dos centros comerciais atraem os consumidores e levam as empresas a investirem em serviços para concentrar o máximo de possibilidades num só lugar e atrair o consumidor.
É o caso do Shopping Nova América, do Grupo Ancar. Localizado na zona norte do Rio de Janeiro, o empreendimento receberá R$ 250 milhões dos R$ 640 milhões que a companhia destinará para expansão até novembro de 2012. Ao lado do Nova América, outros dois shoppings serão ampliados e um quarto será construído em Campinas, São Paulo.
Nova América deve dobrar de tamanho
Com um crescimento de 18% nas vendas de seus 16 shoppings em 2010, o Ancar garantiu um faturamento de R$ 3,5 bilhões até agosto e espera fechar o ano em R$ 7 bilhões. Em seu portfólio, o grupo conta com empreendimentos como Rio Design Barra e Leblon, no Rio de Janeiro, e os shoppings Eldorado e Metro Itaquera, em São Paulo.
O plano de expansão do Nova América prevê que o shopping dobre de tamanho, com mais três torres comerciais com 914 salas e 12 lojas corporativas, para empresas maiores. O shopping, que já conta uma uma unidade da Universidade Estácio de Sá e a área comercial da White Martins, receberá ainda duas torres de estacionamento e uma academia, para proporcionar a tão valorizada comodidade ao cliente.
O espaço de lojas também crescerá, com três novas âncoras: Renner, Riachuelo e uma terceira em negociação. Os outros dois shoppings que serão ampliados pelo grupo são o Rio Design Barra, na zona oeste da capital fluminense, e o Center Vale Shopping, em São José dos Campos, São Paulo. Cada expansão custará cerca de R$ 50 milhões.
Iguatemi inaugura seis shoppins até 2011
O Rio Design Barra, voltado para o público AB, ganhará novos restaurantes e terá seu cinema reformado, com salas vips e cadeiras mais amplas. Já o centro comercial de São José dos Campos contará com 100 novas lojas. O Grupo Iguatemi também acredita na expansão para aquecer o setor. A companhia, que conta com 14 empreendimentos, espera chegar a 20 até 2013.
Somente no segundo semestre de 2010, o lucro líquido cresceu 57,6%, chegando a R$ 34,7 milhões e as vendas aumentaram 16,4% em relação ao mesmo período de 2009. Para crescer ainda mais, a empresa investiu R$ 654 milhões na inauguração e no desenvolvimento dos shoppings Iguatemi Brasília, Iguatemi Jundiaí, Iguatemi Ribeirão Preto, Iguatemi Alphaville e JK Iguatemi.
A estratégia inclui ainda a expansão do Praia de Belas, em Porto Alegre. A primeira fase do projeto foi inaugurada em julho e ampliou a área do shopping em 1240m². Já o Iguatemi São Paulo, primeiro shopping inaugurado no Brasil, em 1966, pode se orgulhar de ser o 11º metro quadrado mais caro entre as principais áreas de comércio do mundo, segundo o ranking da agência imobiliária internacional Cushman & Wakefield.
Iguatemi SP é o 11º metro quadrado mais caro do mundo
Custando US$ 360,00 (cerca de R$ 630,00), o espaço do centro de compras paulista é mais caro que qualquer outra locação comercial entre os mercados emergentes. Ao longo dos quase 44 anos, o Iguatemi São Paulo também conseguiu construir uma marca forte. O empreendimento é o único shopping a aparecer na lista das 50 marcas mais valiosas, da consultoria BrandAnalytcs, garantindo a 42ª posição na última edição do ranking.
"Esse é o reconhecimento de um trabalho de muitos anos. O Iguatemi é o primeiro shopping brasileiro e conseguiu se manter com pioneirismo e vanguarda. Tudo o que fazemos é para proporcionar uma experiência única, o que é nossa premissa", diz Fábio Kow, Gerente Geral do Iguatemi São Paulo, em entrevista.
O shopping aposta em serviços diferenciados como personal shopper, fraldário e concierge, que dá dicas de restaurantes, hotéis e lazer em geral aos clientes. Outro diferencial do Iguatemi é o conjunto de marcas de peso que ele abriga. Nos corredores, os consumidores encontram lojas de grifes como Tiffany & Co., Salvatore Ferragamo, Louis Vuitton, Gucci e Christian Louboutin. A partir do fim de outubro, será também a vez da Chanel.
Fashion Mall inicia reposicionamento
Na mesma linha que o Iguatemi SP aparece o carioca Fashion Mall (foto), com foco nos consumidores AB. O shopping de 28 anos passa por um reposicionamento para revitalizar tanto o espaço físico quanto a marca. A mudança começa pelo slogan. O empreendimento deixa de usar o "Shopping & Charme e você" para adotar apenas "Fashion Mall - Rio de Janeiro".
A iniciativa pretende aproximar a imagem da marca Fashion Mall ao lifestyle carioca e inclui também uma reforma na arquitetura, com a inserção de elementos que lembram a cidade. "A partir do momento em que o Fashion Mall vira destino nacional para marcas internacionais é importante trazer o conceito do Rio. Queremos implantar bastante da natureza carioca, a partir do paisagismo, das cores e da decoração", conta Carlos Frederico Youssef, Superintendente do Fashion Mall, em entrevista.
Pertencente ao BR Malls, o Fashion Mall é um dos 35 empreendimentos operados pelo grupo, que viu sua receita bruta crescer 340,7% desde 2006, atingindo R$ 429,1 milhões em 2009, a partir, principalmente, das aquisições que expandiram a base de aluguel.
Shoppings saem do eixo Rio-SP
O aquecimento do setor, que conta hoje com 397 shoppings no país, segundo dados da Abrasce, também indica um crescimento do número de shoppings fora do eixo Rio-São Paulo. Pensando nisso, a Aliansce se prepara para inaugurar empreendimentos em Belo Horizonte, Maceió e Belém, e ainda desenvolve projetos de expansão para o Carioca Shopping, o Boulevard Shopping Campina Grande, o Iguatemi Salvador e o Bangu Shopping.
As vendas dos shoppings da companhia tiveramum crescimento de 24,2% no segundo trimestre deste ano, enquanto o lucro líquido expandiu 134,4% comparado ao mesmo período de 2009, alcançando R$ 16,3 milhões. Explorar novos mercados é praticamente uma necessidade para o setor no Brasil.
"Há crescimento fora das capitais, vemos cidades médias tendo o segundo e até o terceiro shopping. Na medida em que as cidades menores tiverem densidade econômica, terão estrutura para abrir um shopping, podendo inclusive atender aos consumidores de cidades próximas", explica Antônio Carlos Ruótolo, diretor de geonegócios do Ibope Inteligência, em entrevista.
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