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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 09h54.
O Itaú e o Bradesco, as duas maiores instituições financeiras privadas do Brasil, travam uma disputa à parte na qual quem ganha é a cultura. Os dois bancos concorrem ao posto de maior mecenas do setor privado no país. Encabeçam também o ranking das empresas com sede na Grande São Paulo que mais investem no setor cultural. De 1996 a 2001, o Itaú aplicou 87,6 milhões de reais no setor por meio das leis federais de incentivo à cultura. No mesmo período, o Bradesco destinou 58,7 milhões de reais. Os números, baseados nos dados do Ministério da Cultura, foram consolidados pela revista Marketing Cultural Online, especializada no mercado da cultura.
De acordo com o levantamento, os 20 maiores investidores da Grande São Paulo foram responsáveis por cerca de 25% do total de 1,6 bilhão de reais aplicados na área cultural no Brasil de 1996 a 2001 por meio dos mecanismos de benefício fiscal. "Antes, as empresas só pensavam em abater o valor do imposto de renda", diz Eduardo Martins Neto, diretor da Marketing Cultural Online, que é publicada desde 1997. "Agora, estão mais criteriosas. Investem em projetos que valorizem sua imagem e que dêem um retorno institucional."
Autonomia para investir
As ações do Banco Itaú na área são centralizadas no Itaú Cultural. Criado em 1987, o instituto privilegia as manifestações que exploram as relações entre a arte e a tecnologia. Sua sede, na avenida Paulista, foi reinaugurada em maio deste ano e oferece uma programação regular em artes visuais, cinema e vídeo, música, artes cênicas, design, literatura e mídias interativas. Os eventos atraem 2 000 visitantes por dia. Neste ano, o Itaú está investindo 21 milhões de reais em cultura. "Temos total autonomia para definir os projetos", diz Eduardo Saron, superintendente de atividades culturais do Itaú Cultural. "Nossas ações ajudam a imagem do grupo, mas o maior retorno é com a própria difusão da cultura." Os produtos do Itaú Cultural, como CDs, livros e vídeos, são distribuídos gratuitamente a instituições educacionais e culturais.
No Bradesco, os projetos culturais a ser incentivados passam pelo escrutínio do departamento de marketing. "Apoiamos os projetos que contribuam para o exercício da cidadania", afirma José Carlos Perri, diretor de marketing do Bradesco. "Os projetos devem atingir o maior número possível de pessoas e trazer resultados perceptíveis." Entre os eventos recentes que receberam o apoio do Bradesco estão a Bienal de Arte, a Bienal Internacional do Livro e a exposição Renoir -- O Pintor da Vida, no Museu de Artes de São Paulo. No total, o Bradesco está investindo neste ano 12 milhões de reais por meio das leis de incentivo à cultura.