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Alpino acaba tendo gosto amargo para Nestlé

Abordagem publicitária e fórmula do Alpino Fast são investigadas pelo Conar e pelo Ministério Público

Alpino Fast, recentemente lançada pela Nestlé, tem ou não o mesmo gosto que o bombom Alpino? (.)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

São Paulo - A bebida láctea Alpino Fast, recentemente lançada pela Nestlé, tem ou não o mesmo gosto que o bombom Alpino? Foi essa a dúvida que colocou a empresa sob investigação do Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), do Ministério Público e de órgãos de defesa do consumidor.

A polêmica começou depois que o blog Coma com os Olhos publicou um post afirmando que, ao contrário do que a embalagem e as peças publicitárias do produto sugerem, a bebida não é uma versão líquida do famoso chocolate da marca. O post alcançou mais de 300 comentários, grande parte deles de consumidores concordando com o questionamento do blog.

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A embalagem dourada, com a imagem do chocolate Alpino e com o nome do chocolate, tem o mesmo conceito visual do bombom. Nos anúncios publicitários, lançados há três meses, e no site da empresa, o texto "Alpino para beber? Isso mesmo. Alpino Fast tem aquele mesmo sabor único e irresistível que você já conhece, só que vem pronto para beber" apresenta o produto ao consumidor.

A Promotoria de Defesa do Consumidor do Rio de Janeiro analisa o caso para entrar na Justiça contra a Nestlé ou acordar com a empresa um termo de ajustamento de conduta. Nesse caso, a Nestlé precisaria modificar a fórmula ou a embalagem do produto para corrigir as irregularidades encontradas. A Nestlé defende-se afirmando que a embalagem do produto traz, em letras miúdas, o aviso: "Não contém chocolate Alpino".

Segundo o promotor de defesa do consumidor Júlio Machado, o caso está sob investigação desde o dia 10 de março para avaliar a semelhança entre os gostos do bombom e da bebida. "O objetivo do Ministério Público é concluir sobre a semelhança ou não de gostos". O Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, órgão ligado ao Ministério da Justiça, também abriu um estudo do caso.


O Conar igualmente abriu uma representação para investigar o possível erro na publicidade do produto. "A embalagem do produto é parte de sua comunicação publicitária", disse o porta-voz do Conar, Eduardo Correia. "O que se está verificando nesse processo é a veracidade da comunicação". Ainda não há data para o julgamento. Se o erro for comprovado, a Nestlé será aconselhada a modificar a embalagem.

Em nota de esclarecimento à imprensa, a Nestlé afirma: "O Alpino Fast tem, sim, em sua composição, além de outros ingredientes, a mesma massa do Chocolate Alpino." A empresa diz ainda que para evitar que os consumidores pudessem imaginar que encontrariam o mesmo chocolate Alpino derretido, ou pedaços do chocolate no produto, decidiu incluir as frases "este produto não contém Chocolate Alpino" e "imagem meramente ilustrativa para referência de sabor", mas que tendo em vista que as frases, em vez de esclarecer, acabaram gerando dúvidas, decidiu retirá-las da embalagem.

Para o Ministério Público, o esclarecimento da empresa, na verdade, reforça os indícios de irregularidade. Primeiro, porque a sustentação de que o Alpino Fast  tem "a mesma massa do chocolate Alpino" contrariaria alegações anteriores da empresa sobre a impossibilidade cientificamente comprovada de adoção da fórmula idêntica (mesmos componentes de aroma e sabor) do produto chocolate nos estados físicos líquido e sólido. "Para tornar o aroma e sabor de um chocolate sólido semelhante aos de um chocolate líquido, é preciso que sejam desenvolvidos novos aromas e sabores, ou seja, exatamente os mesmos aromas e sabores do chocolate Alpino (sólido) jamais poderiam ser empregados no Fast Alpino (líquido)", teria afirmado a Nestlé, em nota divulgada pelo Ministério Público.

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