BTG Pactual segue otimista com as ações da Petrobras (PETR4) (SOPA Images/Getty Images)
Repórter de Invest
Publicado em 26 de janeiro de 2024 às 14h41.
Última atualização em 26 de janeiro de 2024 às 15h10.
Desde o ano passado, investir na Petrobras (PETR4) se tornou algo incerto para uma parcela do mercado. Afinal, o novo governo, ainda durante a campanha eleitoral, deixou claro que faria mudanças na estatal, sobretudo no que se refere aos dividendos extraordinários. Ainda assim, neste início do segundo ano do governo Lula-3, o BTG Pactual (mesmo grupo controlador da EXAME) segue otimista com a estatal — e a sua remuneração aos acionistas.
Os analistas Pedro Soares, Thiago Duarte e Bruno Lima, em relatório, lembram que, do ano passado para cá, a Petrobras aprovou medidas que fizeram o mercado torcer o nariz. Sendo eles, a criação da reserva de capital para potencial retenção de lucros, a revisão do estatuto social — permitindo indicações políticas à administração — e um novo plano estratégico que aumentou o investimento e criou um “bolsão” para fusões e aquisições.
Ainda assim, a estatal continuou aumentando os preços dos combustíveis quando necessário e tem pagado dividendos conforme a sua política. “Acreditamos que o pragmatismo prevalecerá, permitindo que a Petrobras gere resultados sólidos e pague dividendos substanciais”, dizem os analistas.
Os preços do diesel praticados pela Petrobras ao longo de 2023 ficaram em linha com a paridade internacional, embora a gasolina tenha ficado 14% abaixo — fato que o banco atribui à menor dependência do Brasil das importações deste último. E essa tendência deve continuar, permitindo que os analistas projetem dividendos de US$ 3,6 bilhões e US$ 12,2 bilhões para o quarto trimestre de 2023 e o ano de 2024, respectivamente.
Além disso, eles estimam que a estatal poderia pagar US$ 7,1 bilhões em dividendos extraordinários, com base nos resultados do ano fiscal de 2023, e US$ 4,3 bilhões adicionais com base no ano fiscal de 2024. Isso totaliza US$ 11,4 bilhões em pagamentos extraordinários nos próximos cinco resultados trimestrais, ou dividend yield de 11%.
A conta dos analistas ainda vai além: combinada com a distribuição orgânica acima mencionada, a distribuição total poderia chegar a US$ 27,2 bilhões (ou R$ 133,75 bilhões), resultando em um dividend yield de 27%. No entanto, os analistas reconhecem que não é óbvio que a Petrobras distribuirá todo esse potencial, e que não ficariam surpresos se a empresa adquirisse novos ativos. “Contudo, continuamos confiantes de que existe bastante espaço para acomodar uma remuneração aos acionistas que exceda a sua política de distribuição.”
Além das projeções sobre dividendos, o BTG Pactual ainda atualizou as estimativas para a companhia, incorporando uma postura mais cautelosa nos preços do petróleo no curto prazo (US$ 75 por barril vs. anterior de US$ 80) e também considerando novas curvas de capex e de produção de petróleo. Com isso, o Ebitda de 2024 foi reduzido em 5%, “à medida que os menores preços do petróleo mais do que compensaram a maior produção”.
Apesar dessa redução, os analistas acreditam em uma geração sólida de fluxo de caixa neste ano. Uma vez que é esperado que os investimentos totais atinjam US$ 16,7 bilhões, valor que é 10% abaixo da projeção oficial da empresa e 8% menor em relação à estimativa anterior do banco.
Diante desse otimismo com a Petrobras, o BTG aumentou o preço-alvo para R$ 47 por ação e para US$ 19 por ADR. “Desta forma, reiteramos a nossa recomendação de compra e prevemos um retorno para o acionista de 51% nos próximos 12 meses para as ações PETR4 e de 47% para as PETR3.”