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Xerife do mercado quer fechar cerco contra golpe financeiro

CVM, órgão regulador do mercado financeiro, quer solução semelhante às imagens sobre os riscos do cigarro para alertar investidores sobre aplicações furadas


	Estrela de xerife: Objetivo do órgão é conhecer o perfil das vítimas de golpes financeiros
 (Stock.xchng/Bill Davenport)

Estrela de xerife: Objetivo do órgão é conhecer o perfil das vítimas de golpes financeiros (Stock.xchng/Bill Davenport)

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Da Redação

Publicado em 12 de setembro de 2014 às 12h31.

São Paulo - A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) quer conhecer os investidores que são vítimas de golpes financeiros. 

Para isso, o órgão regulador do mercado de capitais irá realizar estudos comportamentais e pesquisas com investidores que já tenham pedido informações ou feito denúncias e reclamações à autarquia. Os dados serão públicos e compartilhados em um blog

O objetivo é investigar quais fatores psicológicos influenciam a opção por um investimento arriscado ou frágil, que gere prejuízos para os aplicadores e até crimes contra a poupança popular.

A análise da entidade irá incluir conceitos de finanças comportamentais, vertente da psicologia econômica que estuda as emoções que influenciam as decisões financeiras.

De acordo com José Alexandre Vasco, superintendente de Proteção e Orientação aos Investidores da CVM, as vítimas de golpes financeiros não têm classe social.

São tanto investidores pertencentes às classes A e B, que possuem mais recursos para investir, até trabalhadores das classes C e D, que colocam todo seu patrimônio em uma pirâmide financeira sem perceber o perigo.

A CVM pretende informar sobre os riscos destes investimentos de forma mais efetiva, a partir de intervenções e orientações públicas que devem ser levadas a cabo a partir do ano que vem.

O intuito é evitar que os investidores caiam em armadilhas ao tomar uma decisão. “As pirâmides financeiras, por exemplo, utilizam muitos recursos psicológicos para atrair aplicadores”, diz Vasco.

Para atingir o objetivo, o órgão regulador não desconsidera chegar ao extremo de utilizar alertas semelhantes às imagens chocantes que mostram os malefícios dos cigarros, gravadas nos versos dos maços. 

"No mercado financeiro isso é um desafio, por conta da dificuldade em mostrar investimentos abstratos de maneira gráfica”, diz Vasco.

O superintendente da CVM ressalta que as ações não visam diminuir a liberdade de escolha dos investidores, apenas têm o objetivo de incentivar uma escolha mais consciente do investimento.  

Dificuldades para interpretar informações

Um órgão regulador do mercado de capitais tem como missão munir os investidores de informações e educá-los financeiramente, inclusive para que eles aprendam a formar poupança antes de começar a investir.

Mas, principalmente após a crise financeira de 2008, órgãos de diversos países verificaram que, em alguns casos, nem mesmo a divulgação mais ostensiva de informações e a educação financeira são suficientes para proteger quem investe. 

Na análise de Vasco, feita a partir de estudos de órgãos reguladores no exterior, esse fenômeno se deve a erros sistemáticos cometidos pelos investidores e também à influência de fatores emocionais, que levam investidores a tomarem decisões equivocadas diante de promessas de ganho irreais e propagandas que disfarçam o real conteúdo do investimento. 

No caso das pirâmides financeiras, sobre as quais a CVM vem recebendo diversas denúncias, são utilizadas técnicas de venda, como oportunidades com tempo limitado e destaque excessivo sobre benefícios, sem nenhum alerta a riscos.

Essas técnicas levam o investidor a não refletir sobre a decisão e a realizar cálculos errados e apressados. “Caso o investimento fosse investigado mais a fundo pelo investidor, ele poderia verificar esta fragilidade”, diz Vasco.

O superintendente diz que a CVM tem limitações para fiscalizar as pirâmides financeiras e outros golpes. “Examinamos todos. Alguns são irregulares, outros apenas anunciados de forma fraudulenta e há ainda os que se disfarçam de marketing multinível. O problema é que não temos competência para fiscalizar empresas de venda direta, por exemplo”.

Mas todas essas aplicações irregulares são oferecidas como investimentos e acabam abalando a confiança dos aplicadores no mercado financeiro. “Há uma poupança potencial que é tomada por esses esquemas e pode ser utilizada para ampliar o mercado”, conclui Vasco. 

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