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Vale a pena comprar um carro que acabou de ser lançado?

Preço de lançamento e valor do seguro são uma das coisas que mais devem pesar na hora da decisão. Veja como avaliar

Novo ou usado? Três pontos são relevantes na hora de decidir entre um e outro (NIK/Quatro Rodas)

Novo ou usado? Três pontos são relevantes na hora de decidir entre um e outro (NIK/Quatro Rodas)

Anderson Figo

Anderson Figo

Publicado em 21 de junho de 2017 às 05h00.

Última atualização em 21 de junho de 2017 às 12h03.

São Paulo - Toda estreia de um novo modelo levanta uma antiga questão para quem deseja adquirir uma novidade: é melhor comprar o carro logo após a chegada ou aguardar algum tempo?

Essa indagação é provocada pela suspeita de que um projeto novo está sujeito a problemas logo após seu lançamento e que, portanto, é melhor esperar. Vitor Klizas, presidente da Jato Dynamics, consultoria de análise do mercado automotivo, discorda. “O uso cada vez maior de plataformas e de processos globais pelas montadoras reduziu o risco de problemas nos carros novos, já que esses componentes são testados em todo o mundo.”

Mas se os processos modernos tornam os defeitos no primeiro ano mais difícil de ocorrer, não significa que desapareceram. Basta lembrar de casos como o do 1.0 VHT que equipava o Gol em 2008 e gerou um recall de 400.000 veículos (em alguns casos até com a troca dos motores). Ou das seguidas falhas de acabamento dos Ford EcoSport em 2012 e do Fiesta (além do câmbio PowerShift, que provocou a extensão da garantia).

Há ainda a estratégia da fábrica ao definir pacotes ou equipamentos que podem sofrer logo uma mudança de rota. O Mobi, por exemplo, estreou com motor 1.0 de quatro cilindros e oito meses depois ganhou versões com o moderno Firefly de três cilindros – quem comprou as primeiras fornadas acabou ficando com um motor mais antigo e menos eficiente.

O mesmo se deu com o Renegade 1.8 flex. Criticado pelo desempenho inadequado para o porte do carro, a Jeep recalibrou o motor, agora capaz de entregar 139 cv em vez dos 132 cv dos modelos antigos.

Não se pode esquecer que, embora raro, também pode ocorrer o inverso. Foi o caso de Audi A3 Sedan e VW Golf, que, quando passaram a ser produzidos no país, deixaram de oferecer recursos modernos (câmbio robotizado de dupla embreagem DSG e suspensão traseira multilink) em favor de outros, menos sofisticados.

Outro item que pode gerar dúvida na hora do lançamento é o seguro, que tanto pode ficar mais barato quanto mais caro no segundo ano. Por ser um carro totalmente novo, a seguradora não sabe qual é seu risco médio de ser roubado.

Por falta de seu histórico, as companhias se baseiam no de veículos similares. Por isso, é comum surgirem diferenças na hora de renovar o seguro desse tipo de automóvel – para mais ou para menos -, se bem que, na prática, são raros os casos de segurados que tiveram o valor do prêmio reduzido em função dessa correção.

Outra dificuldade de precificar o seguro de um novato é o perfil típico do usuário. Se após o primeiro ano a maioria dos proprietários for do tipo que se envolve mais em acidentes, o valor do seguro vai subir. Se for o contrário, tenderá a cair.

Preço de lançamento

Já a terceira variável que está ligada ao risco de adquirir um projeto novo é o preço. E aqui vem a boa notícia: em geral, o valor na estreia costuma ser mais camarada. Isso porque várias marcas adotam a estratégia de reajustar a tabela alguns meses após o lançamento.

O Jeep Compass, por exemplo, mal havia completado seis meses de mercado no início de abril quando teve o preço reajustado pela segunda vez. Com isso, o SUV que estreou a R$ 99.990 estava tabelado no início de maio em R$ 103.490 na versão básica.

A Jeep, aliás, é recorrente nessa prática, já que fez o mesmo com o Renegade. Em abril passado, o modelo – lançado em março de 2016 por R$ 69.900 – registrou o seu quinto aumento e agora sai por R$ 80.990, na versão Sport 1.8 flex.

Já a Fiat (que é do grupo FCA, assim como a Jeep) promoveu o primeiro reajuste do Mobi seis meses após sua chegada. E três meses depois aumentou o preço novamente, aproveitando a estreia da versão três cilindros. Ou seja, dois reajustes em menos de um ano: foi de R$ 31.900 para R$ 33.700.

Infelizmente essa prática é comum. O Toyota Etios, cuja gama foi reestilizada no início do ano, teve a tabela reajustada em abril. O mesmo ocorreu com o Chevrolet Tracker, que chegou no fim de 2016 a R$ 79.990 e teve o seu primeiro aumento de preço em abril, por R$ 81.990, mesma estratégia adotada no Cruze. O Nissan Kicks é outro novato cujo preço foi reajustado antes de um ano de mercado (de R$ 84.900 para R$ 86.490).

Valor de memória

A justificativa utilizada pela maioria das fabricantes é a adequação dos custos de produção (no caso de modelos feitos no país) e da variação cambial, no caso de importados. Mas segundo o executivo de uma montadora que não quis se identificar, essa é uma estratégia antiga.

“O preço divulgado no lançamento permanece por mais tempo na cabeça do consumidor”, explica. “Assim, mesmo que haja um reajuste seis meses depois, isso chamará menos a atenção do público.”

Resumindo, se você está interessado em um automóvel que acabou de ser lançado, lembre-se: no primeiro ano alguns problemas podem surgir, mas provavelmente o preço deve subir logo. Qual é o melhor? A decisão é sua.

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