Tesouro Direto: Fim das quedas dos juros já fazem títulos terem variações negativas no mês (kwanchaichaiudom/Thinkstock)
Juliana Elias
Publicado em 30 de dezembro de 2019 às 05h02.
Última atualização em 30 de dezembro de 2019 às 06h02.
São Paulo - Quem possui títulos públicos deve ter visto uma valorização bastante robusta da carteira neste ano: eles chegam ao fim de 2019 com uma valorização de até 56%, de acordo com dados do Tesouro Direto.
As variações dizem respeito à chamada marcação a mercado dos preços dos títulos, quer dizer, o valor deles para quem comprar ou vender naquele momento. São marcações que variam diariamente e valem apenas para quem se desfizer dos títulos que possui naquela hora, antes da data de vencimento.
Esse preço de mercado pode ser tanto maior quanto menor do que o valor originalmente investido, e o investidor que não se planejar e precisar fazer um resgate antes da data programada pode sair no prejuízo. Quem carrega o título até a data de vencimento, entretanto, receberá exatamente os juros e as remunerações que contratou, independentemente dessas oscilações ao longo do período.
A marcação a mercado dos preços dos títulos varia várias vezes ao dia de acordo com expectativas do mercado para os juros e a economia do país. A valorização acontece por uma matemática bem simples: se os juros pagos por aquele título caem, o preço dele sobe; se, por outro lado, os juros sobem, o preço cai.
Na prática, títulos que foram comprados há dois ou três anos, quando os juros estavam superiores a 14%, valem bem mais no mercado hoje, quando comprar as versões novas dos mesmos títulos dá rendimentos entre 5% e 6% ao ano.
As valorizações vistas em 2019 foram especialmente fortes devido à rápida e acentuada queda por que passaram os juros do país ao longo do ano: a Selic, a taxa de referência da economia, começou o ano remunerando 6,5% anuais e encerra a 4,5%, o menos nível de sua história. A grande maioria dos títulos sempre remunera um pouco mais do que a Selic - quanto mais longo o prazo, maiores as remunerações.
No momento de maiores valorizações, em setembro, alguns títulos chegaram a valor 96% mais que um ano antes, caso do Tesouro IPCA+ com vencimento em 2045. Dali para frente, as altas perderiam força, e os juros oferecidos pelos títulos subiriam levemente, conforme o mercado começava a entender que o ciclo de redução da Selic estava chegando perto do fim. Por esse motivmo, nos últimos 30 dias vários desses títulos já estão com o valor em queda, se comparados com o mês anterior.
Veja a lista dos títulos que mais e menos se valorizaram em 2019, de acordo com o Tesouro Direto. Os dados dizem respeito aos valores verificados até a última sexta-feira do ano, em 27 de dezembro:
Títulos | Vencimento | No ano | Últ. 30 dias |
---|---|---|---|
Tesouro IPCA+ | 2045 | 56,73 | -3,95 |
Tesouro IPCA+ | 2035 | 35,79 | -1,99 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 2050 | 32,26 | -0,34 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 2045 | 30,4 | -0,2 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 2035 | 26,12 | -1,02 |
Tesouro IGPM+ com Juros Semestrais | 2031 | 23,35 | 1,06 |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais | 2029 | 23,18 | 0,44 |
Tesouro Prefixado | 2025 | 22,2 | 0,2 |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais | 2027 | 21,11 | 0,26 |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais | 2025 | 18,63 | 0,3 |
Tesouro IPCA+ | 2024 | 18,46 | 0,49 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 2026 | 18,34 | 0,24 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 2024 | 16,61 | 0,5 |
Tesouro Prefixado | 2023 | 16,49 | 0,4 |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais | 2023 | 14,97 | 0,4 |
Tesouro IGPM+ com Juros Semestrais | 2021 | 12,99 | 1,98 |
Tesouro Prefixado | 2021 | 10,06 | 0,38 |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais | 2021 | 9,75 | 0,36 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 2020 | 8,74 | 0,69 |
Tesouro Prefixado | 2020 | 6,53 | 0,38 |
Tesouro Selic | 2021 | 5,91 | 0,37 |
Tesouro Selic | 2023 | 5,9 | 0,35 |
Tesouro Prefixado | 2022 | - | 0,36 |
Tesouro Selic | 2025 | - | 0,33 |