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Qual dívida pagar primeiro? Veja as punições em cada caso

Enrolado com o pagamento das contas? Veja qual deve ser a ordem de prioridade das dívidas e proteja o seu patrimônio

Enrolado com o pagamento das contas? Veja qual deve ser a ordem de prioridade das dívidas e proteja o seu patrimônio (Wavebreakmedia Ltd/Thinkstock)
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Da Redação

Publicado em 18 de novembro de 2015 às 04h00.

São Paulo - Diante do aumento do desemprego e da inflação, cresce o número de brasileiros que encontram dificuldades para pagar contas, como o aluguel , a prestação da casa e a fatura do cartão de crédito .

Segundo pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 29% dos consumidores tiveram problemas para pagar o aluguel ou as prestações da casa nos últimos 12 meses encerrados em junho deste ano. Em setembro de 2012, o porcentual era bem menor, de 19%. Já 60% tiveram dificuldades para pagar contas ou compras a crédito em junho. Em setembro de 2012, esse porcentual era de 45%.

Para quem não consegue pagar os compromissos financeiros em dia, é necessário saber qual dívida pagar primeiro para diminuir prejuízos. Cada tipo de empréstimo prevê sanções específicas em caso de atraso no pagamento, que podem ter maior ou menor impacto sobre o patrimônio.

Ronaldo Gotlib, advogado especialista em direito do devedor, recomenda priorizar o pagamento das dívidas mais agressivas. “Considero como débitos mais agressivos os que atingem diretamente o patrimônio ao facilitar a tomada de bens, como o imóvel ou carro ”.

Mais ou menos prioritários, o importante é que os débitos sejam quitados o quanto antes, ressalta Gotlib. Isso porque, mesmo que o processo de retomada do bem seja longo, a dívida pode crescer rapidamente devido aos encargos e juros cobrados pelo atraso.

Veja abaixo quais tipos de dívidas costumam ser mais prejudiciais e, portanto, devem ser quitadas o quanto antes pelo devedor.

1) Contas essenciais

Contas básicas, como de água e luz, devem ser prioridade à medida em que são serviços que podem ser suspensos por falta de pagamento, diz o educador financeiro André Massaro. "As consequências dessas dívidas podem ter um impacto muito forte sobre a qualidade de vida do devedor".

Geralmente, concessionárias de serviços básicos só podem suspender o fornecimento do serviço após 90 dias de atraso do pagamento. A empresa deve notificar o cliente sobre a interrupção do serviço 15 dias antes da suspensão.

2) Financiamento do imóvel

O financiamento imobiliário envolve um grande risco de perda do bem, que tem alto valor. Por isso, deve ser uma das primeiras dívidas a ser paga pelo consumidor.

Atualmente, a maioria dos financiamentos imobiliários é feita por alienação fiduciária. Ou seja, o imóvel é dado como garantia do empréstimo e fica em nome do banco até que a dívida seja totalmente quitada. Dessa forma, em caso de atraso de pagamento, o banco consegue retomar o imóvel facilmente.

Caso o comprador não pague as prestações do financiamento por três meses consecutivos, o banco pode intimá-lo a pagar o valor total das parcelas atrasadas, com correção de juros e aplicação de multa.

A partir dessa notificação, o cliente tem 15 dias para quitar o valor pendente. Caso não faça o pagamento, o banco solicita ao cartório a propriedade definitiva do imóvel, que é concedida automaticamente. Em seguida, a instituição financeira retira do comprador o direito à posse do bem.

3) Financiamento do carro

Assim como o financiamento de imóvel, o financiamento do carro geralmente é feito por alienação fiduciária. O processo de cobrança e o risco de retomada do bem é o mesmo, mas o que faz com que o financiamento imobiliário deva ser priorizado pelo devedor é o valor do bem e a sua importância, sobretudo se o imóvel for usado como moradia.

De todo modo, por ser um bem de alto valor, o pagamento das parcelas do carro também devem estar no topo da escala de prioridade.

4) Cota do condomínio

Não pagar a taxa de condomínio também pode levar à perda do imóvel e de outros bens. No entanto, o débito permite maior espaço para acordos e negociações, inclusive judicialmente, do que os financiamentos bancários.

Em caso de atraso do pagamento da taxa, o condomínio pode incluir o morador nos cadastros de inadimplência, o que torna seu nome sujo , e pode ainda entrar com uma ação judicial de cobrança a partir do atraso de uma única parcela da taxa, diz Gotlib.

No entanto, é mais comum que o condomínio entre com a ação judicial somente se o devedor atrasar o pagamento do condomínio em mais de três meses. "Valores mais baixos não compensam o custo e a demora da ação judicial", diz Marcelo Tapai, advogado especialista em direito imobiliário.

Até que haja uma ação de cobrança, o devedor fica sujeito a multas, que podem variar conforme a convenção do condomínio e a frequência do atraso, mas que geralmente correspondem a 2% do valor da cota.

Mesmo se o condomínio ganhar a ação de cobrança, o devedor ainda pode recorrer da decisão, diz Tapai. Caso perca definitivamente a ação e não haja acordo para o pagamento da dívida, os bens em nome do devedor, incluindo o seu único imóvel, são tomados e leiloados para que a dívida seja quitada.

5) IPTU

O processo de cobrança da dívida relacionada ao pagamento do IPTU é bastante semelhante ao das taxas de condomínio atrasadas.

Assim como no caso da taxa condominial, não pagar o IPTU pode gerar uma ação de cobrança da prefeitura que pode causar a perda do bem, se ele for levado a leilão para que o valor do débito seja reposto.

Em ambas as dívidas por mais que o imóvel seja o único bem da família, ele pode vir a ser penhorado. Nesse caso, o imóvel é dado como garantia de que a dívida será paga e, caso o débito não seja quitado, ele é tomado pelo credor e vai à leilão. Até que o leilão aconteça, o devedor ainda tem a chance de pagar a dívida e ficar com o imóvel. Assim, a propriedade só é perdida definitivamente depois de finalizado o leilão.

A única diferença é que a cobrança do IPTU atrasado, feita pelas prefeituras, geralmente é mais lenta, diz Gotlib. “Há muita burocracia nesse processo. Portanto, é mais recomendável priorizar o pagamento da dívida do condomínio.”

6) Aluguel

Para receber o pagamento do aluguel , o proprietário do imóvel também precisa entrar com uma ação de cobrança contra o devedor, processo semelhante ao do pagamento da cota condominial e do IPTU.

Mas, nesse caso, o inquilino não terá bens penhorados. Será despejado do imóvel e continuará a ter de resolver a pendência financeira. Como não há um impacto direto sobre o patrimônio do inquilino, esse tipo de dívida fica na quinta posição na escala de prioridade.

O maior prejudicado em caso de atraso do pagamento do aluguel é, na verdade, o fiador do negócio, que pode ter o único bem registrado em seu nome penhorado por conta da dívida, sofrendo as mesmas sanções previstas na dívida de condomínio e do imposto sobre o imóvel.

7) Cartão de crédito e cheque especial

Apesar dos juros exorbitantes cobrados pelos bancos nessas modalidades de empréstimos, as consequências e possíveis danos ao patrimônio são menores do que os verificados em outros tipos de dívidas.

Isso porque, nesses casos, a instituição financeira não pode penhorar e levar à leilão o único bem em nome do devedor. Além disso, geralmente é possível pedir uma revisão dos valores cobrados pelo banco e reduzir o valor da dívida, diz Gotlib. “Em geral, os juros desses empréstimos são considerados abusivos pela Justiça”.

Gotlib aponta que, na ausência de bens, outros tipos de recursos podem ser utilizados para o pagamento da dívida. A poupança , por exemplo, pode ser penhorável, contanto que o valor depositado na aplicação seja superior a 40 salários mínimos. Apesar de o salário não poder ser bloqueado para o pagamento da dívida, se a conta corrente do devedor tiver recursos que sejam considerados relevantes, os valores poderão ser utilizados para pagar o débito.

Além de pagar juros altos, o devedor pode ficar com o nome sujo por conta da dívida no cartão ou no cheque especial . A inscrição do nome do devedor nos cadastros de inadimplência o impede de obter empréstimos, por exemplo.

8) Contas não essenciais

Dívidas com contas não essenciais, como telefone, internet e TV por assinatura, são consideradas menos prioritárias porque o principal impacto que provocam é a suspensão dos serviços, que não têm o mesmo efeito negativo sobre a qualidade de vida como a suspensão de serviços essenciais.

Além disso, tal como nas dívidas do cartão de crédito e do cheque especial, a empresa fornecedora dos serviços não pode penhorar o único bem em nome do devedor. A diferença é que os encargos cobrados por conta do atraso do pagamento são menores do que os previstos no cartão.

As contas de serviços não essenciais podem ser cortadas temporariamente após 30 dias de atraso do pagamento. Nesse caso, o consumidor também deve ser notificado 15 dias antes da suspensão do serviço. Após 90 dias, a empresa pode rescindir o contrato com o cliente.

São Paulo - Não consegue economizar ou vive no cheque especial , mas nunca encontra tempo para colocar as finanças em ordem? A pedido de EXAME.com, Gustavo Cerbasi, especialista em educação financeira e autor do livro "Casais Inteligentes Enriquecem Juntos", criou um plano de 14 dias para quem deseja melhorar o orçamento .É necessário realizar apenas uma tarefa por dia durante duas semanas para mapear a situação financeira. O objetivo é controlar gastos e poupar para atingir metas pessoais, como a compra da casa própria , por exemplo.As dicas foram baseadas nas orientações compiladas por Cerbasi no livro "Como Organizar sua Vida Financeira", que será relançado em setembro desse ano.  Conheça a seguir o plano de 14 dias para quem deseja se preparar contra eventuais imprevistos que tenham impacto no orçamento:
  • 2. 1º dia: organize comprovantes de renda e despesas

    2 /16(David Sacks/Thinkstock)

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    Calcule sua renda líquida mensal (já livre de eventuais descontos, como impostos) e os gastos realizados no último mês. Separe-os em grupos, como alimentação, saúde, moradia e lazer. Caso não tenha o registro de todas as despesas realizadas nesse período, inicie um monitoramento de entradas e saídas de dinheiro durante os próximos 30 dias, arquivando diariamente os comprovantes em uma pasta. O plano de ação para melhorar o orçamento deverá ser iniciado após essa análise.
  • 3. 2º dia: analise os gastos

    3 /16(ThinkStock/Nastco)

  • Se souber lidar com planilhas eletrônicas, como o Excel, ou aplicativos que ajudam a gerenciar gastos, use essas ferramentas para se organizar. Caso não tenha o costume de utilizar esses recursos, relacione todos os seus gastos em um caderno e identifique onde você está gastando mais do que imaginava.
  • 4. 3º dia: planeje sua rotina para monitorar o orçamento

    4 /16(pressureUA/Thinkstock)

    O ideal é que você não perca muito tempo com essa atividade. Prefira estratégias simples, como arquivar comprovantes por tipo de gasto e dedicar uma hora por mês para atualizar o seu orçamento.
  • 5. 4º dia: faça uma relação de todas as suas dívidas

    5 /16(George Doyle/Thinkstock)

    Crie uma lista na qual você relacione todas as suas dívidas. Em cada uma, é necessário apontar o valor total do saldo devedor, o valor da prestação mensal (quando houver), nome do credor e o Custo Efetivo Total (CET) de cada linha de crédito. O CET mostra todos os encargos incluídos na dívida e é a melhor forma de analisar as taxas cobradas. Organize essa lista a partir da dívida mais cara para a mais barata, usando o CET como critério para esse ranking.
  • 6. 5º dia: defina seus objetivos financeiros

    6 /16(RomoloTavani/Thinkstock)

    Crie uma lista de sonhos e objetivos pessoais que você pretende alcançar nos próximos seis meses, em um ano e após cinco anos. Faça as contas de quanto precisará poupar para alcançá-los.
  • 7. 6º dia: faça uma lista de corte de gastos

    7 /16(Tramvaen/Thinkstock)

    Relacione todas as economias que você se propõe a fazer, com base na análise de seu orçamento, identificação do total de parcelas mensais de suas dívidas e o quanto gostaria de poupar. Trocar o carro atual ou até o próprio imóvel por outro mais em conta é uma estratégia eficaz. As metas devem ser relacionadas por escrito.
  • 8. 7º dia: se comprometa a aumentar sua renda

    8 /16(Tijana87/Thinkstock)

    Defina, por escrito, valores que você pretende levantar no curto prazo, seja vendendo bens que não usa e, se possível, realizando horas extras ou bicos. Defina um prazo para esse período, para que não se torne uma rotina. O ideal é executar esse objetivo durante três a quatro meses, no máximo.
  • 9. 8º dia: negocie dívidas

    9 /16(Thinkstock/Creatas Images)

    Com base no seu plano de corte de gastos e aumento de ganhos, calcule quanto poderá gerar nas próximas semanas ou meses e entre em contato com seus credores para quitar as dívidas com CET acima de 2% ao mês e/ou substituir as dívidas mais caras por outras de CET mais baixo, com o objetivo de reduzir seu gasto com juros. Assuma prestações que você consiga pagar com tranquilidade, para não correr o risco de cair em dívidas não planejadas ( veja 10 passos para negociar sua dívida com o banco ). Uma boa estratégia é vender bens de alto valor, como o carro.
  • 10. 9º dia: estude investimentos

    10 /16(ThinkStock/sjenner13)

    Analise investimentos oferecidos pelo banco no qual você tem conta e por outras instituições financeiras. Dedique uma ou duas horas para entender como funciona cada aplicação financeira ( veja 10 livros essenciais para quem quer começar a investir ). Preencha um questionário para identificar seu perfil de investidor.
  • 11. 10 º dia: defina metas de poupança

    11 /16(James Thew/Thinkstock)

    Faça planos de quanto começará a poupar por mês assim que liquidar suas dívidas, caso tenha débitos que não foram planejados. Passe a poupar somente quando suas dívidas se limitarem a financiamentos planejados, com prestações que caibam confortavelmente no orçamento.
  • 12. 11º dia: escolha uma aplicação para a aposentadoria

    12 /16(ChickiBam/Thinkstock)

    Marque uma reunião com um corretor de seguros para discutir o melhor plano de previdência para seu perfil ou busque uma aplicação financeira que seja mais adequada para objetivos de longo prazo ( veja 8 verdades que você deve encarar sobre a aposentadoria ). Comprometa-se a iniciar as contribuições somente depois de quitar suas dívidas.
  • 13. 12º dia: automatize seus investimentos

    13 /16(Anatoliy Babiy/Thinkstock)

    Ao iniciar aplicações e começar a guardar dinheiro, prefira que os depósitos mensais sejam feitos por débito automático. A ferramenta reforça a necessidade de ter disciplina, essencial para o sucesso de seu plano.
  • 14. 13º dia: organize documentos e senhas

    14 /16(gpointstudio/Thinkstock)

    Com o planejamento definido, tire um tempo para organizar documentos do banco e guardar senhas de cartões, por exemplo. Defina também uma data a cada seis meses para que você estude as aplicações que seu banco oferece e possa compará-las com as de outras instituições financeiras.
  • 15. 14º dia: planeje o orçamento futuro

    15 /16(Thinkstock)

    Para ter disciplina, você precisa saber o resultado de cada passo. Planilhas são recomendadas porque permitem projetar gastos futuros, incluindo consumo em datas festivas, para que você veja quanto dinheiro irá acumular e quando irá conseguir atingir seus objetivos financeiros. Tenha como hábito pensar no futuro e ajustar o orçamento atual quando ocorrer algum desequilíbrio.
  • 16. Agora veja 15 formas de controlar o seu orçamento

    16 /16(Raul Júnior/VOCÊ SA)

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