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Profissionais autônomos buscam saída para crise do coronavírus

Quarentena imposta a milhões de brasileiros mudou a rotina das cidades e afetou diretamente os trabalhadores

Entregador na Avenida Paulista: grupo de trabalhadores cresce desde a recessão de 2015 e 2016 (Germano Lüders/Exame)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de março de 2020 às 11h25.

Quando a professora de ioga Valéria Serafim, de 35 anos, começou a dar aulas em seu estúdio e na casa dos alunos, há 12 anos, jamais imaginou que enfrentaria um confinamento como agora, por conta da pandemia do novo coronavírus . Dona de um espaço na zona sul da capital paulista, ela disse ter se preocupado quando alguns alunos avisaram que não poderiam manter as aulas durante a quarentena.

“É uma mudança que mexe com todo o nosso planejamento, mas é preciso ser flexível. Ofereci um desconto para o mês em que o aluno quiser voltar a ter aulas presenciais, quando toda essa confusão passar.” Até lá, ela decidiu que não ficaria parada: montou aulas pela internet para os alunos que quisessem continuar com os exercícios. “O que não dá para fazer é esperar as contas começarem a se acumular.”

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A quarentena imposta a milhões de brasileiros na última semana mudou a rotina das cidades e afetou diretamente os trabalhadores autônomos e informais, um grupo que só cresceu desde a recessão de 2015 e 2016 e que geralmente está ligado a serviços que não são considerados de primeira necessidade - que são deixados de lado pelo consumidor ou até impedidos de continuar funcionando.

O professor de educação física Renato Costa, de 31 anos, também precisou se adaptar. Quando a academia em que é sócio na Grande São Paulo teve de interromper as atividades, ele aproveitou o grupo de alunos no WhatsApp para montar aulas de zumba por Skype. “As pessoas têm de ficar em casa agora, isso não se discute, mas a demanda existe e minha família conta com esse dinheiro.”

Dados de emprego, detalhados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostram que o fluxo de trabalhadores que migraram da informalidade para a formalidade, que havia caído de 17% para 13,1% entre 2014 e 2018 (antes e depois da recessão), voltou a subir no ano passado, para 13,7%.

O crescimento no número de trabalhadores por conta própria, no entanto, foi de 2% ao ano nos últimos quatro anos.

Para o sociólogo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, a tendência é que os trabalhadores autônomos e informais sejam profundamente afetados pela paralisação da economia. Na última semana, a Câmara aprovou um auxílio de R$ 600 para os informais - valor maior que os R$ 200 propostos inicialmente pelo governo.

“O momento é grave e é preciso pensar em mecanismos de proteção universal, para os formais, com extensão do seguro-desemprego, e renda universal para todos os informais e para quem está no Bolsa Família.”

Mudança. No caso das empresas, algumas também precisaram mudar para enfrentar os efeitos da pandemia. O aplicativo de mobilidade Garupa é um exemplo. Vendo o número de passageiros cair drasticamente desde o início da quarentena, a empresa resolveu adiantar o lançamento do serviço de entrega de produtos que só começaria a funcionar em seis meses.

Agora, eles entregam de carro e moto a compras de supermercados. Os motoristas, que antes levavam passageiros, passaram a receber os pedidos de compras e vão buscar os produtos nos supermercados.

“Com muita gente trabalhando de casa, tivemos uma queda de quase 80% no número de corridas de passageiros”, diz Marcondes Trindade, do Garupa. “Tivemos de acelerar o lançamento do serviço de delivery e o investimento em outras áreas, de cerca de R$ 300 mil, acabou transferido para esse projeto.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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